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sexta-feira, dezembro 15, 2006
REENCONTRO
Nove meses depois, eis-me na LAC - Luanda Antena Comercial- onde dei nove anos de sangue, para tratar de negócios da nova Empresa e aproveitar manter um dedo de conversa com colegas e amigos de caminhada. "Escribas".
Da esquerda para a direita:
Raul Bias Van-Dúnem (LAC e colega de faculdade)
Paulo Fuete Duda ( LAC, proveniente da Rádio Comercial de Cabinda)
Norberto Abias ( LAC, proveniente da Rádio 2000 do Lubango)
Manuel Vieira ( Eclésia, proveniente da Rádio 2000 do Lubango)
Luciano António Canhanga (Ex-editor da LAC)
Como doi a saudade dos dias de Rádio, apesar do bolso furado...
Soberano Canhanga
terça-feira, dezembro 12, 2006
OUTROS TEMPOS IV
terça-feira, dezembro 05, 2006
PERGUNTA DE DEZEMBRO
Anúncios como estes noutras igrejas e denominações religiosas são frequentes e comuns, parecendo-se algumas delas mais vocacionadas para o dinheiro do que para a propagação da fé.
Tendo em conta o carácter voluntário que deve(via) nortear as ofertas religiosas,
_É cómodo (lícito) que igrejas e ou confissões religiosas estabeleçam valores mínimos para as oferendas?
_ Tais tectos mínimos Criam ou não constrangimentos aos que gostariam de dar, porém impossibilitados pela renda?
Dê a sua opinião.
quarta-feira, novembro 29, 2006
OUTROS TEMPOS III
Naqueles tempos (até decada de noventa) era comum escrever-se em paredes de edifícios públicos e ou privados (?) expressões que caracterizavam o estado anímico, psicológico e político.
E dizia Neto que : "É preciso organizar uma economia que apoie a guerra e fazer a guerra para a defesa da economia".
Soberano Canhanga
quinta-feira, novembro 23, 2006
OUTROS TEMPOS II
-"... É preciso partir os dentes à pequena burguesia..."
Soberano Canhanga
segunda-feira, novembro 20, 2006
OUTROS TEMPOS
E comecemos com este.
- "Nós somos milhões e contra milhões ninguém combate. Quem tentar será vencido" A. Neto.
quinta-feira, novembro 16, 2006
O "CULPADO"
Era Sábado e estava sem repórter. Eu era editor de fim-de-semana. Liguei ao José Rodrigues que era na altura o Editor-Chefe para fazer a confirmação da informação recebida de uma fonte. Às 12H30 tinha o noticiário feito e com um directo a partir da Vila Espa, só que não tinha Locutor, por sinal o Horácio Pedro.
Na época não tínhamos telefones móveis e por isso, difícil era encontrá-lo. Às 12H 33 já com o indicativo no ar liguei ao Editor-Chefe informando-o que não tinha locutor. Este pergunta-me se eu era mudo: aí comecei a fazer locução. Li os títulos e chamei o José Rodrigues. Quando o Horácio chegou estava eu ao meio do noticiário. Passei-lhe a bola e ele “marcou o golo”. Tínhamos ganho o dia. Na segunda-feira, foram os mais críticos, entre eles Maria Luísa (Directora-Geral), a baterem-me no ombro.
De lá em diante o Horácio sentiu a necessidade de me formar no que ele mais sabia: Ler noticiários. Apostou em mim e eu aderi.
Por isso, sou hoje “a voz” que sou por culpa dele. A minha homenagem (in vita).
Luciano Canhanga
sexta-feira, novembro 03, 2006
PERGUNTA DE NOVEMBRO
Na foto: José Eduardo dos Santos, chefe de Estado angolano
SC
sexta-feira, outubro 27, 2006
A VOX POPULI e as EXONERAÇÕES
Tendo herdado um consulado que muito o desagradava, devido por um lado, a pouca idade em relação aos seus subordinados e a excessiva má interpretação do marxismo leninismo, aliado também ao facto de grande parte dos governantes de então e fazedores de política terem estudado muito pouco, JES não teve outra alternativa senão ir aos poucos limpando a casa.
E astuto como é, foi trocando as posições das peças, separando-as, até se desfazer dos analfabetos, alguns incompetentes e "políticos de Viva e Abaixo". Certo que alguns sobreviveram, mas muito poucos.
Esta “limpeza” não só afectou "o cérebro", mas também a cor (Apud. Sem. Angolense). Daí que passamos a ver um governo que enegreceu ao contrário daquele deixado pelo saudoso Presidente e que se vai tornando cada vez mais tecnocrata (verdade seja dita).
Analisada esta fase boa da “nguvulação”* de JES uma inquietação assalta a VOX POPULI. Está relacionada às constantes exonerações e troca de posições entre o séquito governativo. Na semana que corre JES trocou Sanjar por Furtado no Estado-Maior General das FAA, exonerou Pedro Neto da FANA e Ekuikui (na foto) de Comandante Geral da Polícia, entre outras peças do seu xadrez. Ele (JES) enquanto Chefe Supremo terá as suas motivações, quer objectivas quer subjectivas. Mas, nós a Populi, devemos ou não saber por que razão têm sido os nossos governantes nomeados, exonerados e ou renomeados para novas tarefas? É que os longos Comunicados lidos na RNA e TPA já nem dizem se foi por comissão de serviço, conveniência ou inconveniência de serviço, Competência ou incompetência, Compatibilidade ou incompatibilidade de funções ou coabitação, nada disso. E ficamos a ver Homens a sair e outros a entrar como se de casa da mãe Joana se tratasse.
Voltando ao Caso Ekuikui, dizeres dos próprios polícias atestam que "o Cda. deu conta do recado no que diz respeito à organização e apetrechamento da corporação, algo que até mesmo Nandó não fez enquanto acumulou o ministério e o Comando". Aqui na Lunda-Sul, de onde rabisco essa reflexão, não se fala doutra coisa senão da “má exoneração do Kota Ekuikui”. Compreendo que o sentimento regionalista e tribal abunda muito por cá, dado que Ekuikui é um Moxiquense. Porém, não é de perder de vista quando o assunto passa de boca em boca e de província em província.
E já agora: Com que equipa irá o Cda. Presidente às próximas eleições?
*Governação
terça-feira, outubro 17, 2006
OS RUMOS DOS NOSSOS COLÉGIOS UNIVERSITÁRIOS
A resposta, porém, a esses desideratos parece cada vez mais distante. Perante o agrado dos caçadores de canudos, os que se entregam na busca do saber têm visto dia após dia Gatos a serem vendidos em plena luz do dia, fazendo-os passar por lebres.
Já é de há anos o questionamento à qualidade do nosso ensino superior público, contaminado pela corrupção motivada pelos baixos salários e inexistência de condições de trabalho. É também sabido que a pesquisa que devia ser a condição “sine qua no” para que os docentes universitários preparassem as suas lições há muito deixou de ser feita.
Perante tal quadro, a aparição de instituições de ensino privado como: a Universidade Lusíadas, ISPRA, JEAN PIAGET, UCA, UNIA e outros colégios universitários afigurava-se, numa primeira fase, como a ponta de salvação do decadente ensino superior no país, já que ofereciam boas propostas em termos de cursos, salários à dimensão da labuta, pagos pelos alunos, e mais ainda; Aulas correntes sem interrupções motivadas pelas sucessivas greves na pública.
Alimentadas as expectativas, o tempo vem mostrando, porem, que foi puro engano ou sol de pouca dura. As pseudo “galinhas de ovos de ouro” têm se mostrado mais desorganizadas do que a “velhinha” Agostinho Neto. Uma administração que entende penas de cobranças de propinas e multas aos estudantes devedores, falta e ausência gritante de professores, e pior: Um quadro docente inexperiente e muitas vezes sem noção do que dizem ensinar. Qualquer pesquisa por mais leviana que seja mostrará que grande parte deles não possui uma carreira universitária que tenha passado pela monitoria, assistência, professor associado, titular, etc., como regem as regras da cátedra.
Se na universidade pública o uso de monitores no asseguramento de aulas em substituição de docentes que até existem, mas muito ocupados em outras tarefas de assessoria política e técnica, foi tema de debate em campanha eleitoral para decano da Faculdade de Direito que opôs Zé Octávio VD a Alberto Neto e Elisa Rangel, que dizer do uso de monitores que nem os seus cursos concluíram e que (des) instruem outros finalistas?
Deixo aqui apenas um exemplo, o do ISPRA, onde estudantes finalistas de determinadas licenciaturas já são usados como professores titulares de outros finalistas do mesmo curso *.
-É ou não caso para reflexão?
segunda-feira, outubro 02, 2006
MISS AFRICA
STIVIANDRA ENTRE AS SEIS MAIS "OUSADAS DO MUNDO"
Soberano Canhanga
sexta-feira, setembro 29, 2006
SER CORAJOSO
É ser o último a saber que tem medo.
_Quantas vezes morremos de medo, mas como somos os lideres temos que dar exemplo e ser o último a desistir?
segunda-feira, setembro 25, 2006
É VERDADE, MOCIANO?
Já é secular que "Os filhos constituem a maior alegria dos pais". Esta alegria torna-se maior quando o pai ou a mãe encarna em si a dualidade de papeis.
O Mociano Canhanga e eu somos exemplo disso. Eu a fazer dele um rapaz e ele a fazer-me homem. Devemo-nos tanto um como outro. Se ele diz orgulhar-se do pai que tem, o meu júbilo é trancendental na medida em que até agora tem saído e feito aquilo que sempre quis fazer dele. Inteligente, embora demasiadamente tímido e bastante respeitoso.
Há dois meses fui a Luanda e assisti a uma reunião de pais e encarregados de educação. Disse-me a professora que tinha um comportamento exemplar e notas razoáveis para a idade dele e ensino que temos. Promessas foram feitas e até a professora foi convidada para um almoço. Estava eu seguro de que o meu filho aprovaria com mérito e, por isso, convidar a professora não macularia nem o trabalho dela nem o meu orgulho de fazê-lo passar apenas com notas verdadeiras.
Hoje, a coisa parece ter mudado. Recebi informações da madrasta que cuida dele, e bem, que o Mociano tornou-se indisciplinado e irriquieto em pouco tempo, faltando mesmo às aulas. São os dizeres da professora numa altura em que o ano lectivo está prestes a findar.
-Conhecendo o rapaz que tenho, devo apenas perguntar-me. Mudaram os interesses da professora ou é verdade, menino Mociano?
domingo, setembro 24, 2006
NZILA ZOLA
Em três postagens o Freddy explica-nos o porquê do nome, o porquê do blog e fala também sobre a construção da Nação fundada no amor. Os escritos de Freddy prometem agradáveis temas para reflexão nos proximos números.
Por isso, o convite para uma visita e juntar-mos o http://nzilazola.blogspot.com à nossa lista de favoritos.
Bem haja!
Soberano Canhanga
domingo, setembro 17, 2006
A PALESTRA QUE FICOU POR SE DAR
Segue na íntegra o texto:
Sras. e Srs.,
A missão que me foi incumbida hoje não é fácil. Tratando-se de Neto uma figura de grande relevo. Quero antes referir-me à figura de um heroi... Qualquer dicionário dir-nos-á que o herói difere-se de indivíduos comuns pela sua capacidade de realizar proezas que exigem a abundância de alguma virtude crucial aos seus objectivos - fé, coragem, vaidade, orgulho, força de vontade, determinação, paciência, etc. O herói será tipicamente guiado por ideais nobres e altruístas - liberdade, fraternidade, sacrifício, coragem, justiça, moral, paz. Eventualmente buscará objectivos supostamente egoístas (vingança, por exemplo); no entanto, suas motivações serão sempre moralmente justas ou eticamente aprováveis, mesmo que ilícitas.
O heroísmo é um fato profundamente arraigado no imaginário e na moralidade popular. Feitos de coragem e superação inspiram modelos e exemplos em diversos povos e diferentes culturas, constituindo assim figuras arquetípicas. Situações de guerra, de conflito e de competição são ideais para se realizarem feitos considerados heróicos.
A título de exemplo, a França dominada pela Inglaterra surgir uma Joana d'Arc. No nosso caso, Agostinho Neto, a figura de que vos estou a falar.
Agostinho Neto, nacionalista, Percursor da luta de libertação nacional, primeiro Presidente da República de Angola, médico e poeta é Uma figura de larga dimensão social, política e cultural, por isso mesmo difícil de caracterizar.
Primeiro, dizer que esta será a vigésima quinta vez que se assinala no país o dia do herói nacional em homenagem ao fundador da nação.
A.Neto, Nasceu a 17 de Setembro de 1922, na aldeia de Kaxicane, município de Icolo e Bengo, próximo de Catete. O pai era pastor e professor da igreja protestante e sua mãe igualmente professora. Após ter concluído o curso liceal em Luanda, Neto trabalhou nos serviços de saúde, tornando-se rapidamente uma figura proeminente do movimento cultural nacionalista que ao longo dos anos quarentas conheceu uma fase de expansão.
Decidido a formar-se em Medicina, Neto fez poupança durante vários anos e foi com essas economias que embarcou para Portugal em 1947, tendo se matriculado na Faculdade de Medicina de Coimbra. Portanto, Neto Estudou primeiro em Coimbra e depois em Lisboa, depois de ter ganho uma bolsa de estudos dos Metodistas Americanos dois anos depois da sua chegada a Portugal.
Politicamente, Muito Cedo iniciou as actividades clandestinas e experimentou a prisão pela primeira vez em 1951, ao ser preso quando reunia assinaturas para a Conferência Mundial da Paz em Estocolmo.
Retomando as actividades políticas após a sua libertação, Neto tornou-se representante da Juventude das colónias portuguesas junto de um movimento da juventude portuguesa, o MUD juvenil. E foi no decurso de um comício de estudantes a que assistiam operários e camponeses que a PIDE o prendeu pela segunda vez em Fevereiro de 1955, sendo posto em liberdade dois anos depois.
Por altura da sua prisão em 1955 foi lançado um livreto com os seus poemas e o caso da prisão do poeta angolano desencadeou uma vaga de protestos em grande escala. Realizaram-se encontros; escreveram-se cartas e enviaram-se petições assinadas por intelectuais franceses de primeiro plano, como Jean-Paul Sart, André Mauriac, Aragon e Simone de Beauvoir, pelo poeta cubano Nicolás Gullén e pelo pintor mexicano Diogo Rivera. Em 1957 foi eleito Prisioneiro Político do Ano pela Amnistia Internacional.
Em 10 de Dezembro de 1956 fundaram-se em Angola vários movimentos patrióticos para formar o MPLA, Movimento Popular para Libertação de Angola que lançaria a luta armada contra Portugal fascista.
Em 1958, Agostinho Neto doutorou-se em Medicina e casou no próprio dia em que concluiu o curso com a cidadã portuguesa maria Eugênia Neto. Nesse mesmo ano, foi um dos fundadores do clandestino Movimento Anticolonial (MAC), que reunia patriotas oriundos das diversas colónias portuguesas.
Neto voltou a Angola com a mulher e o filho de tenra idade (Mário Jorge) a 30 de Dezembro de 1959. Ocupou, então, a chefia do MPLA a exercer a medicinanbuma altura em que muitos integrantes do movimento tinham sido forçados ao exílio nos anos que antecederam o seu regresso ao poaís.
Em 8 de Junho de 1960, o director da PIDE veio pessoalmente prender Neto no seu Consultório em Luanda. Uma manifestação pacífica realizada na aldeia natal de Neto em protesto contra a sua prisão foi recebida pelas balas da polícia. Trinta mortos e duzentos feridos foi o balanço do que passou a designar-se pelo Massacre de Icolo e Bengo.
Receando as consequências que podiam advir da sua presença em Angola, mesmo encontrando-se preso, os colonialistas transferiram Neto para uma prisão de Lisboa e, mais tarde enviaram-no para Cabo Verde, para Santo Antão e, depois para Santiago, onde continuou a exercer a medicina sob constante vigilância política. Foi, durante este período, eleito Presidente Honorário do MPLA.
O MPLA lançou uma implacável campanha em prol da sua libertação, apelando para a solidariedade mundial para com Neto e todos os prisioneiros políticos angolanos.
Sob esta forte pressão, as autoridades fascistas viram-se obrigadas a libertar Neto em 1962, fixando residência em Portugal. Todavia, pouco tempo depois da saída da prisão, a eficaz organização do MPLA pôs em prática um plano de evasão e Neto saiu clandestinamente de Portugal com a mulher e os filhos pequenos, chegando a Léopoldville (Kinshasa), onde o MPLA tinha a sua sede exterior, em Julho de 1962. Em Dezembro desse ano, foi eleito presidente do MPLA durante a Conferência Nacional do Movimento.
Em 1963, Já eleito presidente do MPLA, Neto lança-se a uma intensa actividade quer no interior, quer no exterior do País. Dirigiu pessoalmente as relações diplomáticas do Movimento, podendo assim visitar numerosos países e contactar grandes dirigentes revolucionários que nele reconheceram o papel dirigente de um povo heróico que travava uma guerra justa pela independência nacional, pela Democracia e pelo Progresso Social.
Com a "Revolução dos Cravos" em Portugal e a derrocada do regime fascista de Salazar, continuado por Marcelo Caetano, em 25 de Abril de 1974, o MPLA ( a FNLA e a UNITA) assinaram um acordo de cessar-fogo com o Governo Português.
Agostinho Neto regressou à Luanda no dia 4 de Fevereiro de 1975, sendo alvo da mais grandiosa manifestação popular de que há memória em no país. Dirige, pessoalmente, a partir desse momento toda a acção contra as múltiplas tentativas de impedir a independência de Angola, proclamando a Resistência Popular Generalizada.
E a 11 de Novembro de 1975, após 14 anos de dura luta contra o colonialismo e o imperialismo, o Povo Angolano proclamou pela voz do Presidente Neto a independência Nacional.
A figura de Neto, como militante total, corajoso revolucionário e estadista eminente não se limita às fronteiras de Angola. Ela projecta-se no contexto africano e mundial, onde a sua prática e o seu exemplo servem de impulso à luta dos Povos que, no Mundo, estão ainda submetidos à humilhação, ao obscurantismo e à exploração.
Assim é que, nas tribunas internacionais a voz de Neto nunca deixou de denunciar as situações de dominação colonial, neocolonial e imperialista, pela Libertação Nacional, a favor da independência total dos Povos, pelo estabelecimento de relações justas entre os países e pela manutenção da paz como elemento indispensável ao desenvolvimento das nações.
Pelo seu empenho na libertação dos povos, Agostinho Neto na África de expressão portuguesa é comparável à Léopold Senghor na África francesa.
Agostinho Neto foi também um esclarecido homem de cultura para quem as manifestações culturais tinham de ser, antes de mais, a expressão viva das aspirações dos oprimidos, para denunciar situações injustas.
A atribuição do Prémio Lótus, em 1970, pela Conferência dos Escritores Afro-Asiáticos e outras distinções atribuídas a algumas das suas obras de poesia, são mais um reconhecimento internacional dos seus méritos neste domínio cultural.
Também na República Popular de Angola, a eleição de Neto como Presidente da União dos Escritores Angolanos cuja proclamação assinou, traduz a justa admiração dos homens de letra do jovem País, pelo seu mais destacado membro, que tão magistralmente encarou a "SAGRADA ESPERANÇA" de todo o povo
Agostinho Neto Morreu a 10 de Setembro de 1979 em Moscovo, e foi sepultado aos 17 de Setembro.
A carreira política de Neto foi acompanhada de uma intensa vida porofissional como médico e poética retratado o homem negro, a escravidão a exploração e o desejo de repor o que nos foi tirado pela presença colonial.
Assim é que tanto a medicina quanto a poesia foram instrumentos de uma luta que se forjou, sobretudo, pelo direito à vida.
Sua obra literária pertence a uma forma especial de poesia, cujas principais preocupações foram instigar, pelo verso, a prática revolucionária capaz de gerar transformações e afirmar uma identidade cultural nacional, necessária para a revolução política que fervilhava em Angola.
Assim, encontramos nos escritos do Maior poeta nacionalista uma interrogação e uma negação da condição do homem colonizado e explorado. Expressões que marcam "O Choro de África" de que sempre se assumiu como libertador seguindo passos de seus antecedentes e contemporâneos. (Senghor, Keniata, Lumumba, Nierere, entre outros).
Sempre o choro mesmo na vossa alegria imortal/ meu irmão Nguxi e amigo Mussunda/ no círculo das violências/ mesmo na magia poderosa da terra/ e da vida jorrante das fontes e de toda a parte/ e de todas as almas/ e das hemorragias dos ritmos das feridas de África
Não creio em mim/ Não existo/ Não quero eu não quero ser/ ... Não contem comigo/ para vos servir as refeições/ nem para cavar os diamantes/ que vossas mulheres irão ostentar em salões/ nem para cuidar das vossas plantações/ de algodão e café/ não contem com amas/ para amamentar os vossos filhos sifilíticos/ não contem com operários/ de segunda categoria/ para fazer o trabalho de que vos orgulhais/ nem com soldados inconscientes/ para gritar com o estômago vazio/ vivas ao vosso trabalho de civilização/ nem com lacaios/ para vos tirarem os sapatos/ de madrugada/ quando regressardes de orgias nocturnas/ nem com pretos medrosos/ para vos oferecer vacas/ e vender milho a tostão/ nem com corpos de mulheres/ para vos alimentar de prazeres/ nos ócios da vossa abundância imoral/
Não contem comigo/...
Ainda em Sagrada Esperança, livro lançado na década de setenta, porém escrito inicialmente ao longo dos anos quarenta, nota-se a esperança de uma Angola livre em detrimento à existência de cânticos simples de saudades.
Depois da partida para o exilo de muitos patriotas que se tornaram os heróis dos nossos dias, onde se preparou a luta para a libertação do país, Agostinho Neto profetizava:
Às casas, às nossas lavras/às praias, aos nossos campos/havemos de voltar//Às nossas terras/vermelhas do café/brancas de algodão/verdes dos milharais/havemos de voltar//Às nossas minas de diamantes/ouro, cobre, de petróleo/havemos de voltar//Aos nossos rios, nossos lagos/às montanhas, às florestas/havemos de voltar/À frescura da mulemba/às nossas tradições/aos ritmos e às fogueiras/havemos de voltar//À marimba e ao quissange/ao nosso Carnaval/havemos de voltar//À bela pátria angolana/nossa terra, nossa mãe/havemos de voltar//Havemos de voltar/À Angola libertada/Angola independente.
“ (…) E o que é mais importante:Salvei o mundo"! Assim, constrói-se a literatura do poeta, como um ponto nascedouro, próprio de uma pátria a ser fundada. Ricos em oralidade, seus poemas constituíram-se como cânticos capazes de organizar seus compatriotas para um conflito armado que durou de 1961 até 1975.
Uma vez começada a guerra pela independência Neto apela à resistência e à confiança para que não se traíssem os ideais. O poeta argumenta ainda o porquê da atitude contra o opressor:
Não direi nada/ nunca fiz nada contra a vossa pátria/ mas vós apunhalastes a nossa/ nunca conspirei nunca falei com amigos/ nem com as estrelas nem com os deuses/ nunca sonhei/ durmo como pedra lanzada ao poço/ e sou estúpido como as carnificinas vingativas/ nunca penséi estou inocente/ não diréi nada não sei nada/ mesmo que me espanquem/ não diréi nada/ mesmo que me oferejam riquezas/ não diréi nada/ mesmo que a palmatória me esborrache os dedos/ não diréi nada/ mesmo que me ofereçam a liberdade/ não diréi nada mesmo que me apertem a mão/ não diréi nada mesmo que me ameacem de morte/…
Conseguida a independência, Neto lança-se à conquista da liberdade de outros povos oprimidos. E encontramos slogans do seu tempo como:
“Na Namíbia, na Rodésia e na Africa do Sul está a continuidade da nossa luta”.
Ou ainda
“Angola é e será por vontade própria, trincheira firme da Revolução em Africa”, slogans que foram seguidos de uma práis, tal foi o nosso envolvimento na luta pelas independências do Zimbabué ( antiga Rodésia do Sul) da Namibia e eliminação do Apartheid na Africa do Sul e constituiçãos da organização "Países da linha da frente" precursora da SADCC, actual SADC… Como podem ver São inúmeros os ângulos de abordagem sobre Agostinho Neto, pelo que prefiro, por hoje, ficar por aqui e continuarmos a conversa já num sentido mais horizontal.
Muito obrigado.
Luciano Canhanga “Soberano”
segunda-feira, setembro 11, 2006
A CULTURA QUE TEMOS
Geograficamente, sou um ocidental em relação ao país. Nasci numa região onde o sol tarda chegar, embora a luz europeia tenha chegado primeiro. Portanto, duma cultura influenciada ao longo de 5 séculos de presença portuguesa.
Noto também, por outro lado, a desarticulação daquilo que é ancestral aparecendo outras formas socio-culturais, ou seja, a miscigenação cultural fruto de influências recebidas via TV, sobretudo, e via contactos inter-pessoais (destaque para o Brasil, EUA, Portugal e RDC). Encontro na sua realeza o Soberano local vestido de peles, empunhando no pulso o mais sofisticado Quartz ou Omega. Comendo com as mãos para depois sentar-se num sofá de couro ou vestindo panos para fazer-se passear num X5 top de gama.
Andando pelas aldeias encontro casas de adobe e cobertas de capim enfeitadas com antenas parabólicas importando culturas alheias, sempre mal digeridas, fazendo com que o pano, principal vestimenta feminina ceda às calcinhas e sainhas curtas de verão brasileiro.
Encontro igualmente velhos que apenas falam Cokwe, crianças que não falam língua nenhuma e jovens que se arriscam nas duas ( Cokwe e português).
No ocidente angolano, mais à moda europeia do que à africana, encontro expressões aglutinadoras de povos e culturas como “zairenses, bailundos, sulinos, nortenhos, kacokwes” e outras para caracterizar o outro diferente do Eu luandense e pergunto-me:
_Que cultura temos e que cultura teremos amanhã?
Dizem-me também que o amanhã será a fusão, ou no mínimo, a conciliação entre o ontem e o hoje, do eu e do outro, quando o outro for meu semelhante com suas formas peculiares de ser e estar e pensar. Quando os empréstimos não mais constituírem motivos para censura, tão pouco a diferença motivo de exclusão.
E concluo que a compreensão e a inclusão em vez da imposição farão a cultura do amanhã. Quanto ao hoje vale pensar em alteridade como desafio. Aconselha Gusmão.
Soberano Canhanga
quarta-feira, setembro 06, 2006
REDACÇÃO SOBRE OS PAIS
sexta-feira, setembro 01, 2006
AS PERGUNTAS DE SETEMBRO
terça-feira, agosto 29, 2006
SAURIMO
quinta-feira, agosto 17, 2006
FLEC's, FLECHAS e PAZ
Que as flechas deixaram de incomodar, isso parece ser verdade. Acabaram as mortes “matadas” nas matas do Maiombe. Todos estão pelo menos de acordo que a via militar não conduz nem à paz nem à (in) dependência (in) desejada.
Porém, há que se ter em conta quem politicamente representa o povo ibinda. As FLEC’s ou o FCD? e Com quem "havemos" de sentar?
Comecemos pelas destrinças.
De Flec's anda Cabinda cheia. Flec-Fac, Flec-Nova visão, Flec-Renovada, Flec-Original, Flec-etc., etc.
Há agora o FCD que tem duas direcções. A que é interlocutor válido encontrado pelo governo, liderada por Bento Bembe e a nova direcção nomeada por Nzita Tiago, o pai das FLEC's.
Ora, nem sei qual será o passo seguinte. Os que negociaram a paz já foram demitidos. O governo angolano vai fazer outra negociação com Chicaya e companheiros ou continuará a lidar com aqueles (Bento Bembe e turma) que já não representam, no dizer da FLEC, o povo de Cabinda?
-Quem é afinal Bento Bembe, quem é Chicaya e quem é o FDC perante as Flec’s?
-Quem é quem perante o governo angolano e perante ao povo de Cabinda?
Soberano Canhanga,
quarta-feira, agosto 16, 2006
REINADO FEMININO
Saboreio as iguarias visuais multicores
Num Brassamba comunicador
Onde o tabu há muito pereceu
Soberano Canhanga
segunda-feira, agosto 14, 2006
UM TRIBUTO À KYALANDA
Soberano Canhanga
quinta-feira, agosto 10, 2006
A NOSSA PAZ PARA CABINDA
A constituição diz porém que o âmbito dos partidos políticos tem de ser nacional e com instalação em não menos de quinze das dezoito províncias do país.
-Defendendo os Cabindas apenas os interesses do enclave, estarão interessados em transforma-se em partido politico obedecendo as actuais exigências?
Por outra, -Não serão os homens que assinaram a paz em Brazaville e Namibe mais uma espécie de Unita Renovada (engolida pelos feitores da Guerra, mesmo sem o líder)? Vejamos: O fim-de-semana deu-nos a conhecer o
utros nomeados de Nzita Tiago, o líder histórico da FLEC. Bento Bembe foi expulso da FLEC e do FCD tendo sido substituido por um novo colégio presidencial no FDC composto por Agostinho Chicaia, Crisóstomo Macanda, Martinho Lubalo, Francisco Builo e o padre Raul Taty.Pelo que se disse e ainda se dirá, era de esperar uma resposta ou pelo menos uma reflexão profunda do executivo de João Baptista Kussúmua (Substiui Nandó), da Presidência de Roberto de Almeida (substitui JES) bem como da “parlamentação” de João Lourenço (substitui R.Almeida). É que até agora os cães ladram e a caravana vai fingindo que passa. Será que passará por muito mais tempo?
A ver vamos.
PERGUNTA DE AGOSTO (filosofia é vida)
sábado, julho 29, 2006
PRÉ-MATRIMONIAL
Por: Soberaqno Canhanga
A FORÇA DA DIPLOMACIA E A DIPLOMACIA DA FORÇA
A vida ensina que só há duas formas para vencer. Pela acção violenta, a guerra, ou por acção diplomática, negociando, ainda que alguém esteja em posição privilegiada. Negocear leva a evitar grandes perdas e torna-se cada vez mais vantajoso, mesmo que perdendo.
Diplomacia da força é, para mim, aquela que se baseia na força para levar o adversário a sentar-se à mesa das negociações. Por seu turno, a força da diplomacia é aquela usada, pura e simplesmente, para se resolverem os litígios de forma pacifica, ainda que alguém leve vantagens relativas.
Este esforço intelectual(?) serve apenas para narrar uma caminhada. SEMPRE USEI A FORÇA PARA A SOLUÇÃO DOS MEUS DIFERENDOS. Meus amigos sempre me chamaram de “bruto, buldozer, Caterpilar”, entre outros nomes. Porém, sou apenas o “Soberano”, isso porque descendo duma família real, e portanto, um herdeiro. Por isso, um Soberano no Kuteka e na minha forma de agir, desde que, e como sempre, assuma os resultados.
Em tempos, tive um diferendo por resolver. Complicado à partida. Meus diplomatas eleitos fracassaram e o caso tornava-se cada vez mais complicado. O reenvio de diplomatas seria um sinal de fracasso e aí, seria eu chamado a negocear em posição de desvantagem. Recorri então aos legados da política externa americana e deparei-me com as três forças da united states foreign affairs: A lei do dólar, a da boa vizinhança (associada à chantagem ou demonstração de força) e a lei da força, também conhecida por Big stick.
Comecei pela boa vizinhança simples. Bom comportamento e vi que não resultava, pois a desconfiança levava a não poder tomar uma posição privilegiada. A lei do dólar há muito estava fora de questão. A última, Big stick, podia levar a situação à insustentabiliadde, portanto, ao caos.
Não me restava outra saída senão a da força ligada à diplomacia. É o que chamo ( se é que alguém ainda não chamou) de transição entre a diplomacia, propriamente dita, e a guerra. É a chantagem por meio da demonstraçào de força. Aqui, o intimidado se vê forçado a ceder para evitar danos maiores.
Antes, olhei para o cenário político internacional e deparei-me com um Oriente médio em que prevalesce a co-relacção de forças entre a América ( cristã) ameaçadora e o Irão ( Muçulmano) resistente. Cada um deles tentando levar outro à desistência. Progredi no mapa geográfico para o longiquo Oriente, e uma vez na R.D.P. Coreia, assisti outra demonstração de força. Ensaios de misseis balísticos com capacidde para atingir o Japão e o Alaska, contra uma presença, mais uma vez americana, na Coreia do Sul, calculada em mais de 50 mil homens.
Cai no real para enfrentar a minha tormenta e pensei: por que não usar a chantagem para conseguir enfraquecer o adversário? Não foi essa a táctica usada pelos antigos beligerantes, negocearem apenas em situação de vantagem para apanharem o adversário em contra-mão, ou negocearem em desvantagem para evitar perdas maiores ou ainda para se reorganizarem, como o fez inúmeras vezes Jonas Malheiro?
_Esta é a forma que muitos usam para nos usar.
E a propósito, o actual andamento do Caso Cabinda (negociação com Bento Bembe e outros de fora) é prenúncio de nascimento de mais uma renovada ou de um atendimento à reclamações autonomistas que já ganham eco pelo país Leste?
Notemos que foi quase assim com a ala de Manuvakola que acabou na rua da amargura e com as calças nas mãos, com a FNLA de Ngonda ( também com dias contados), de kuanganismos e Muatxicunguismos, Benguismos e Nzuzismos, Tetembuísmos e Alexandrsismos, enfim. Não será o Fórum inter-cabindês para o diálogo, interlocutor válido encontrado pelo Governo da Cidade alta, um gato?
_Note-se que dele não fazem parte os pesos mais pesados da public opinion de Cabinda como Nzita Tiago, Ranque Franque, os Padres Casimiro Congo e Raúl Taty, nem a Chicayada e Dandada da “olha a Banda”.
Conta-se que um dia depois da assinatura do entendimento, em Brazaville, o Yema “pegou fogo” posto por residuais ao serviço dos mesmos diplomatas que se fizeram presentes no país de Nguesso.
A ser verdade, que ainda ninguém desmentiu, que se dirá da paz que teremos oficialmente depois de amanhã ( 01 de Agosto)?
Por cá, Lunda Sul, os desenvolvimentos do “Caso Cabinda” e possível autonomia administrativa, ainda que indefinida, começam a realimentar um desejo antigo: a Autonomia na gestão dos recursos diamantíferos que é a principal riqueza. É que o povo, ou pelo menos os que o dizem representar, até se esquecem de que um dia os diamantes acabarão e o país continuará.
São cada vez mais inúmeros os gritos de “queremos administrar a nossa kamanga” já que “o centralismo só deixou rastos de miséria e depauperação do nível de vida”. São Cânticoa anónimos ainda.
O que é certo, e quase me convenço, é que as pessoas do m eu tempo precisam de estabelecer um espaço Físico/Geográfico onde se possam rever. Por iso, “A autonomia não é hoje um capricho, é uma necessidade que as pessoas têm de se sentirem representadas em alguma coisa. Autonomia é sinónimo de desenvolvimento local, já que o geral é abstrato. A história diz que numa configuração geográfica as pessoas juntam-se quando têm necessiades para tal e separam-se quando acham que fora do todo se sentirão melhor. Aconteceu há pouco com o Monte Negro que se separou da Séria. E nem é o que pedem as populações daqui. Porém, é importante notar que qualquer autonomia tem de ser conseguida num plano negocial, de paz, e não num ambiente de conflito”. Fim de citação, parágrafo, final.
Por: Soberano Canhanga
terça-feira, julho 25, 2006
A FORÇA DA RAZÃO EM VEZ DA RAZÃO DA FORÇA
Está comprovado que por mais que as armas gritem, é sempre o grito dos homens que prevalece.
A razão era única, apanhar o arrastão da propalada independência de Cabinda. Eram homens que diziam determinadas coisas nos seus partidos e nos gabinetes ou ministérios angolanos e faziam/diziam outras nas conversas em língua ibinda com seus conterrâneos nas densas matas do Maiombe. Homens que “obrigavam”o governo a fazer a paz, enquanto nos discursos camuflados, em casa, encorajavam as FLEC’s ao apertar do gatilho.
Como a força da razão sempre se sobrepôs à razão da força, eis ai o entendimento. O cessar-fogo com as forças armadas no enclave, representadas pelo Fórum intercabindês para o diálogo, já está em vigor e no próximo dia 1 de Agosto o Namibe vai testemunhar a assinatura formal do entendimento.
Haja perdas ou ganhos em termos de interesses de posições defendidas pelas partes, saimos todos a ganhar. Mpalabandas, Guerrilheiros, bufos, padres, todos. Só é pena que alguns aprendizes de política cá das bandas dos Cokwes, nao sei se por quem mal ensinados, comecem a pedir na escuridão coisas de que nunca se falou antes. -Oportunismo?
segunda-feira, julho 10, 2006
O CEU E O INFERNO
Não foi porém uma ausência total, na medida em que o corre-corre, próprio de cidades congestionadas como Luanda e com vários cenários e cenas, fertiliza vei inspiradora.
Carregados os "neurônios" aqui estou para gritar a saudade que tenho das kinguilas de Kuanzas nas mãos abanando ao vento e disputando ainda a eficiência dos bancos.
_Quem disse que desapareceriam tão cedo enganou-se.
Quero também gritar a gasosa dos polícias de transito e da BET que por tudo e por nada mandam parar os automobilistas para fabricarem um defeito que produza gasosa.
_ Quem disse que só com a formação de novos polícias a corrupção teria pernas curtas nos bangões da cidade desacertou.
E que tal das estradas que viraram sepulturas! Das pontes estreitas que se constroem e das estradas largas que se projectam sem se poder fazer uma ultrapassagem segura.
_Alguém ousou, em tempos, em chamar a estrada que liga Kamama a Viana de auto-estrada ou no mínimo de via espresso.
E o cheiro do kimbombo e do Kaporroto que desafiam o vento e a bravura do Atlântico em noites frias no mar faminto de peixe na Corimba?...
É só para citar alguns encantos de Luanda, mesmo porca e mal cheirosa.
Por: Soberano Canhanga
quinta-feira, junho 22, 2006
PALANCAS NEGRAS: DE VOLTA MAS HONRADOS
quarta-feira, junho 14, 2006
AS MÃOS DO MOÇAMBICANO POTA
No mesmo curso destinado a jornalistas dos PALOP conheci Ouri Pota, jornalista moçambicano com quem partilhei bons momentos em cerca de 40 dias.
terça-feira, junho 06, 2006
VITÓRIA DOS PALANCAS ENTRE A DEFESA E O ATAQUE
Melhor ainda porque o povo sempre acreditou, mesmo nos momentos em que tal se mostrava dificílimo e porque coroa o desempenho do país que apenas há 4 anos conseguiu uma tranquilidade efectiva. É também a vitória da nossa diplomacia que consegue ir onde os políticos às vezes batem portas sem sucesso.
Dizer, porém, que só a presença entre as 32 melhores selecções da actualidade na Alemanha é tudo, seria voar baixinho demais. Há desafios e imagem a preservar.
–Não somos os melhores da região austral do continente, a contar com os resultados saidos do CAN do Egipto? Então, é preciso jogar e ganhar, não apenas o juizo, como muitos incrédulos já atestam.
Ganhar, o que se pretende, acredito que não será tarefa fácil. Sobretudo porque temos à nossa frente equipas como o Irão que não é pera doce e que tem um campeonato mais disputado que o nosso Girabola; O México que é simplesmente uma das melhores equipas da sua zona, a América do Norte; Portugal que é somente a sétima melhor equipa de acordo a classificação da FIFA. Ultrapassar tamanhos latagões só será possível se o Mister Oliveira Gonçalves deixar de ter uma equipa pre-concebida.
Queixar-se, por exemplo, que a equipa decresce de rendimento sem Akuá em campo quando se tem Man-Torras e Tity Buengo a aquecer o banco, é dúvida permanente que não se entende.
Faltando cinco dias para o baptismo frente a Portugal e quando já não há ensaio pelo meio, resta-me olhar para os resultados conseguidos nos jogos de preparação: 5-3 frente ao misto de Celle; 0-2 diante da Argentina, 2-3 com a Turquia e 0-1 diante dos Estados Unidos. Um saldo negativo em termos de golos sofridos que me leva a dizer que entre a defesa permissiva e o ataque arejado está a nossa vitória.
Mesmo assim, e como a bola é redonda, ligo o rádio e recito o trecho musical que dita: “Angola tú és capaz”.
Por:Soberano Canhanga
segunda-feira, junho 05, 2006
FOI-SE O DUO OURO NEGRO
Raul e Milo conheciam-se desde a infância, em Benguela e quando se reencontraram, na juventude, iniciam um projecto centrado no folclore angolano de várias etnias e línguas. O nome Ouro Negro foi escolhido porque era normal naltura designar-se “ouro negro” tudo o que se mostrasse extraordinário.
A entrada na metropóle dá-se no cinema Roma, em Lisboa. No espaço de um ano, actuam na Suíça, em França, na Finlândia, na Suécia, na Dinamarca e, naturalmente, em Espanha e Portugal. Em Lisboa, ao êxito quase instantâneo dos primeiros discos, sucedem-se actuações em programas televisivos e radiofónicos, a par de inúmeras prestações em casas de espectáculos. O Duo Ouro Negro conhece, em 1966, um dos pontos mais altos da sua ainda recente carreira, ao actuar no Olympia e no Alhambra, em Paris. E no ano seguinte, naquela que pode ser considerada uma das mais elevadas distinções do grupo, actuam na Sala Garnier da Ópera de Monte Carlo para os Príncipes do Mónaco, por ocasião das comemorações do IV Centenário do principado. Ainda nesse mesmo ano, são galardoados em Portugal com o Trofeu da Imprensa.
Ao conquistarem o Canadá e, depois, os Estados Unidos, internacionalizam as suas músicas a uma escala mais larga. Em Chicago assinam um contrato com a Columbia Artists Management e, depois de um breve regresso a Portugal e a África, brilham no Waldorf Astoría, em Nova Iorque. Também a América Latina foi palco de dois espectáculos do Duo Ouro Negro, no teatro Maipu, de Buenos Aires, a par de quatro espectáculos televisivos e do lançamento do LP Ouro Negro Latino. O cosmopolitismo do grupo não pára e uma longa digressão ao Japão consolida o seu prestígio em terras do Oriente.
Milo morreu no final dos anos 80, terminando assim a carreira do Duo Ouro Negro. Raúl, morreu ontem em Portugal juntando-se aos famosos que partiram este ano e que fragilizam a nossa cultura.
domingo, junho 04, 2006
MEU 10GOSTO PELOS NÚMEROS
Meus debates académicos sobre a importância da aprendizagem dos números nunca colheram consensos. Muitos dizem que a matemática é boa mas chata e complicada. Outros atestam que tal ciência não é bicho de sete cabeças. Nossas cabeças é que têm bichos. -Será?
E por que a chamam de má temática em vez de boa temática?
Por: Soberano Canhanga
sexta-feira, junho 02, 2006
O FUTURO DE NOSSOS FILHOS
O Nosso Sonho foi (é): ver terminada a guerra, a corrupção estancada, ter pão, educação, e saúde para nós e nossos rebentos, e muito mais.
Com o andar da carruagem, qual se espera ser O FUTURO DE NOSSOS FILHOS?
Deixe a sua opinião ou comentário.
Na foto Mohamed Mociano Canhanga
domingo, maio 21, 2006
A ÁFRICA DOS NOSSOS DIAS
De guerra em guerra, de fome em fome, de golpe em golpe, de catástrofe em catástrofe, assim vai o continente cuja organização de países independentes assinala a 25 deste mês 43 anos de existência. Pior ainda porque o continente se foi endividando ao mesmo tempo em que as suas riquezas foram sendo saqueadas. Primeiro pelos colonialistas, depois pelos mentores da guerra fria, depois ainda por interesses inconfessos de determinadas potências e por fim, por africanos corruptos que se endinheiram com bens públicos enquanto o povo vai minguando dia após dia.
A OUA agora transformada em União Africana que tem a NEPAD (Nova parceria ecónomica para o Desenvolvimento D’África) como escudo de combate à fome e miséria precisa ainda de um empenho maior dos líderes políticos do continente e das sociedades civis organizadas. Graçam-nos ainda a impunidade a corrupção e a ausência de transparência. Muitas são ainda as liberdades cerceadas e grande é o fosso entre os géneros. São ainda desafios da União Africana a pacificação da região dos grandes lagos, do Sudão (Darfur), da Somália e Casamance (Senegal). Permanece ainda o conflito fronteiriço entre a Etiópia e a Eritreia e está ainda por acontecer a autodeterminação do Sahara Ocidental (RASD) ocupado pelo Marrocos.
Faltando dias para o meu aniversário que é também o de África (25 de Maio) abro os livros de História e releio o que diziam W. Du Bois (pioneiro do Panafricanismo), Senghor, Kaúnda, Lumumba, Keniata, Touré, A. Neto, A. Cabral, entre outros africanistas que proclamavam uma África multinacional e multi-etnica que fizesse frente aos estragos causados pela Conferência de Berlim (1884/5) que a dividiu com esquadro e régua para alimentar apetites meramente doministas, expansionistas e exploratórios, dividindo povos, culturas e famílias. Ao continente foi imposto um tráfico negreiro durante séculos que resultou na punção demográfica que se verifica ainda hoje.
Se formos mais profundos e reconhecermos que países houve que propunham nas suas constituições renunciar o próprio Estado-Nação a favor de Uma Grande Nação Africana saída de Adis-a-Beba (Etiópia 1963), então estamos em presença de “Uma união por acontecer(?)”. O que me parece termos, no momento, é a África profetizada por A. Neto que é “um corpo inerte onde cada abutre debica o seu pedaço”.
- Estudar, estudar e transformar os bocados que restam em boa sopa que alimente bocas famintas, em mantas que agasalhem milhares e em habitações que protejam milhares da chuva, do frio e doutras intempéries.
Essa é a minha luta, a sua luta, a nossa luta enquanto jovens.
domingo, abril 30, 2006
O POVO É QUEM MAIS ORDENA!
Fazendo jus ao ditado dos genitores do 25 de Abril, ou seja, da Revolçução dos Cravos, os homens da Cultura da Nova Empresa em que labuto, organizaram um concurso de poesia com um juri popular.
Queriam fazer brincadeira e não ter a chatice de ouvirem as habituais acusações de batotas e muito mais, por parte dos perdedores. Beneficiados sairiam apenas aqueles que tivessem já claques constituídas.
Entre brincar e ganhar sete “poetas” se increveram para recitar poemas alheios ou de sua criação. As claques foram batendo palmas, e doutro lado o apresentador que é homem há decadas ligado a eventos culturais ia puxando a brasa para o que achava estéticamente belo e original.
Não foi que na hora do “quem ganha” houve empates? Dois segundos lugares e dois quintos. Feitas as contas, todos saíram a ganhar. O juri popular nunca é batoteiro e o povo é quem mais ordena.
Valeu um quinto lugar para o neófito Soberano que conseguiu fazer claque para os próximos jogos!
sábado, abril 29, 2006
O QUE ACHA DOS 365 DIAS DO OLHO ATENTO?
Viu e contou assuntos como “Se a Ilha falasse...”, “Incontinências”, “10encantos”, “Cânticos anónimos”, publicou provérbios, etc., e criou links como:
http://10encantos.blogspot.com
Foi citado pelo Jornal digital http://angoladesporto.com e pelo blog http://desabafosangolanos.blogspot.com, etc.
Você que é leitor do Olho Atento, faça a sua apreciação sobre este ano de existência. Deixe-a no post a comment.
Por: Soberano Canhanga
quarta-feira, abril 26, 2006
RETORNARÁ NANDÓ AOS TEMPOS DA CCPM?
Siceramente, o Primeiro Ministro terá ouvido, para a defesa de tese que fez no dia 25 de Abril, o grito do Isamel Mateus lançado no Cruzeiro do Sul que reclamava "um Primeiro Ministro mais comunicativo". E está aí. Catorze anos depois, Fenando da Piedade Nandó, já nas vestes de “sub-chefe” do governo fez recordar o Nandó amado que era o Vice-Ministro do Interior, aquele da CPPM. Comunicativo, de poucos verbos e sarcástico. Um Nandó Sábio e sabedor do que dizia. Por isso colhia aplausos em vez de vaias.
O Nandó que vi ontem mostrou-se isso mesmo. Falou curto e foi objectivo. Mostrou que tinha a lição bem estudada e respondeu, uma a uma, as questões e questiúnculas dos deputados da oposição.
O Primeiro Ministro que me parece não gostar muito de matemática, pecou apenas nos %s (por centos). Até do calão se serviu, não para baixar de nível, mas para se fazer entender. Disse que “dos dois biliões da China um bilião e oito centos já foram torrados”. Pareceu-me que tomou nota das perguntas como numa prova oral e respondeu-as de seguida sem titubear.
Se os políticos estão condenados a receber mais vaias do que aplausos, desta vez o Primeiro dos Ministros recebeu aplausos. Ninguém ou poucos se sentiram entrujados.
Soberano Canhanga
sexta-feira, abril 21, 2006
OLHO está ATENTO
Por ele se fica a conhecer a realidade angolana, quiçá muito diferente das versões oficiais que nos chegam. Em suma, dificuldades do dia a dia dos angolanos (que eu conheço com mais de trinta anos de distância). Basta ler este bocado da sua escrita: "Parece-me que vivem duas categorias de pessoas em Angola. Os Homens (governantes e clientes) e os Selvagens (nós os simples mortais)".
Creio valer a pena espreitar o seu blogue. Repito sempre isto: foi uma enorme alegria eu ensinar ao Luciano os rudimentos de ligação à blogosfera. Longa e feliz vida para ele.
http://industrias-culturais.blogspot.com
segunda-feira, abril 10, 2006
EU, Soberano, DIGO...
Parti sempre da refutação, para me submeter a uma introspecção. Exercício que recomendo a muitos.
Lembro, agora, que mesmo os mais incrédulos e amigos da "vida" concluem que a Igreja (religião) é um contrapeso aos excessos da carne. Por isso, é boa pelos valores que prega e cultiva, embora apareçam nos dias hodiernos algumas seitas emergentes desviantes.
Uma vez postos nela (Igreja), logo nos damos conta de que vale sempre a pena aderir, porque Deus é bom, Suas promessas têm realização.
Pois o tempo e os homens passam e assim como nos dias de Noé, os nossos também estão próximos do fim que pode acontecer a qualquer hora e de forma menos esperada.
Por:Soberano Canhanga
terça-feira, abril 04, 2006
Pergunta de Abril
No computo geral, Valeram ou não as cedências consentidas? Que mudou na sua vida de 2002 a esta parte?
Na foto os Generais Armando Cruz Neto CEMG/FAA e Geraldo Kamorteiro Forças militares da UNITA
Por: SoberanoCanhanga
segunda-feira, abril 03, 2006
QUANDO AMADORES FAZEM O TRABALHO DE CASA...
Quando escrevi que a nossa televisão era um embuste muitos não acreditaram.
Viram o que nos fez ontem com os jogos de futebol do Petro e do Inter?
Por uma alegada anomalia não foi possível passar a segunda parte do jogo do Petro, na cidadela. E que tal do Jogo do Inter que também não foi mostrado? Outra anomalia? Ou é a propria TPA que é a grande anomalia?
Ainda se duvida que a TPA cedeu o lugar cimeriro ä multi-escolha?
E, a propósito, que anomalia foi essa que não permitiu mostrar o jogo do Petro de Luanda?
Ou não será dessa que os milhares de telespectadores que por amor ä camisola ainda se esforçam em ver a TPA terão o esclarecimento?
Por: Soberano Canhanga
quinta-feira, março 23, 2006
A "banalização" da notícia nas FM's
À medida que a distância se for prolongando, mais a importância se dilui no espaço, restando apenas pequenas ilhas (exemplo: alguém do Huambo residente em Luanda ou de Luanda com familiares no Huambo se interessar por questões domésticas de lá).
No caso das rádios em FM este que seria um elemento de apego no alinhamento das notícias, há muito se perde. É só ouvir noticiários abertos com reparação de uma estrada terciária em Cabinda ou sobre um seminário qualquer no Lubango, ou roubo de carro no Moxico, e outras "coisinhas" em Benguela, quando em Luanda, onde está a Rádio, os marginais ensaiam todos os dias técnicas para “receber” telemóveis, mas não se diz aos ouvintes que precauções tomar. Quando as estradas se tornam picadas e não se noticia, quando assaltantes fogem da cadeia e também não é notícia.
Neste gritar para quem não nos ouve, uma coisa me ressalta à vista. As FM's de Luanda foram nos últimos tempos “assaltadas” por jovens oriundos das províncias de Benguela, Cabinda e Huila, possuidoras de congéneres. Estes, como que puxando a brasa para a sardinha vão, nos seus alinhamentos, priorizando factos relacionados com as suas zonas de origem em detrimento de notícias locais, repletas de interesse público.
Note-se que que "o ouvinte interessa-se mais em saber sobre o vidro quebrado da casa do vizinho do que a queda de uma casa longe de si".
Perante o facto estaremos a viver um desconhecimento das regras elementares do jornalismo ou apenas uma “banalização ” do que é notícia?