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terça-feira, fevereiro 26, 2013

QUEM É O CULPADO PELA "VENDA" DA IMAGEM DE UM FALSO MANDUME?

O “Apostolado”, jornal católico de Angola, citando historiadores angolanos e namibianos, diz que esta imagem não é do Rei Manudume.
 “Historiadores angolanos e namibianos tentam pôr fim à controvérsia sobre a imagem do rei Mandume Ya Nemufaio.Os peritos concluem ser falso o rosto do soberano que se espalhou pelo país e o mundo. Mandume é conhecido com a imagem de um homem de grande porte físico, com o corpo descoberto e mais jovem.

No entanto, os especialistas apresentaram no recente encontro realizado no seu memorial, em Oyole, uma imagem diferente onde aparece de corpo inteiro, com uma estatura média, trajado dos pés à cabeça, muitas delas no meio dos seus soldados, armados com espingardas.
 

A própria Universidade "Mandume Ya Nemufaio" já anunciou que vai alterar a imagem que ostenta.

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

A MINHA NOITE DE 22 DE FEVEREIRO DE 2002

ONDE VOCÊ ESTAVA AO PRINCIPIO DA NOITE DE 22 DE FEVEREIRO DE 2002?

Eu, nesse dia, tinha inventado uma desculpa e saí do serviço (LAC)mais cedo. Quando se deu o anúncio da morte do "Barbas" estava no bairro da Cuca, com meu amigo Kito (João Manuel). Tínhamos ido à casa da mana Rita, irmã dele, à procura do Aires o sobrinho do Kito.
 
Decidimos depois ir ao MC (Marechal Caetano, Tala Hady) ao encontro do José Ndonga que estava em casa da Namorada. Mal chegamos ao Nzamba 1 começaram os disparos festivos. Já dentro do taxi ouvimos pela rádio que o "Barbas" tinha sido abatido no Lucusse. A imensidão dos disparos e o peso da notícia fizeram com que nos metéssemos de volta à casa nnoutro kandongueiro a caminho do Rangel, onde vivíamos.
 
O resto foi só festa. Mas dias depois, seria enviado pela LAC ao Luena, reportar a chegada de milhares de deslocados que viviam em áreas sob domínio/ocupação da Unita e  acompanhar tb as "negociações" da Paz do Kamorteiro.

E fiz muitas amizades que se constituíram em excelentes fontes de informação do lado da Unita, depois da "Paz do Luena".

terça-feira, fevereiro 19, 2013

IIPD ESQUECIDA PELA RUSGA OU PROTEGIDA PELO PADRINHO?

O negócio da fé continua nos bairros de Luanda.
Se não fosse a mulher que esteve mais atenta do que eu teria chamado a polícia para “repor a ordem”. Ao ouvir os “aleluias e amens” pronunciados em sotaque brasileiro, saídos de instalações que já acolheram armazém para produtos coca-cola, igreja mundial renovada e posteriormente uma outra confissão que atende pelo nome de igreja internacional do poder de deus, só uma ideia me veio à cabeça:  “Mas esses já não foram proibidos de negociar a fé em Angola”?!
-Marido, tem calma. Esses são outros, respondeu ela, recebendo-me o telefone que já discava para o 113.
- Mas esses também não são “igreja do pastor Murras”?
- São. Melhor, devem ser. Mas esses não foram abrangidos pela ordem do governo… Respondeu ela, também ainda algo chateada com o fecho da sua “mundial do comércio da fé”, onde frequentava há cerca de mês e meio.
- Mas como foi que a comissão de inquérito se esqueceu de arrolar estes charlatões?
- Marido, não fala assim. Deve ser a igreja do Rivaldo, o jogador. Sabes com quem ele anda a negociar…
- Sim sei, mas deviam ser todos rusgados…
Esta pequena prosa, que é verdadeira, só vem mostrar que os homens da rusga contra os vendedores de fé deixaram alguns impunes e continuam a vender em alta e a granel, agora que a procura parece ser maior do que a oferta, com o fecho dos principais "carteis do negócio da fé".
Há como mandar os homens de volta ao terreno?
Por favor, mandem aos bairros pessoas com experiência da S.T. e P.C.U. do antigamente!

quinta-feira, fevereiro 14, 2013

O AMOR NOS FOLGUEDOS DO MEU TEMPO

A kilata foi, calculo que ainda seja, uma forma de diversão entre populares do Kwanza-Sul (norte e centro da província).
Em tempos de guerra (anos 80 e 90), perante a ausência de formas mais evoluídas de diversão, os jovens tocavam batuques (feitos de latas, daí o nome kilata) e bujão (um tubo PVC, fechado numa das extremidades, que, quando batido ao solo, provoca uma ressonância). A estes instrumentos, muitas vezes, se juntava a viola de três cordas, também ela rudimentar, mas executada com uma perfeição e sonoridade só daquele tempo.

O cancioneiro era/é rico, e uma das canções se referia à concubina/rival.
 
Nas aldeias do municipio do Libolo, fez sucesso a canão que rezava:
- A mukajina ku ngi kwate bu xingo (bis)
- Ku ngi kwate bu xingo, eye wa ngi sange!
 

- Ó rival não me apertes ao pescoço; - Não me apertes o pescoço pois foste tu quem me encontrou já "amigada" com ele.
 
Ouvia-se ainda a canção "wombela", cujo refrão citava.
- Nange, nange, katé okyo wombela, (citava-se o nome de alguém) nange, nange katé okyo wombela!
(Tanto sobrou que foi forçado a violar alguém)

Música do Folclore kwanza-sulino dos anos 80 e 90 do sec. XX, tocada em "kilata" e outros folguedos.



sexta-feira, fevereiro 08, 2013

VILA DE KATOFE RETRATADA POR QUEM A VIU NASCER

Katofe
Lúcio Flávio da Silveira Matos é natural de Katofe, município da Kibala, Kwanza-Sul, emigrado em 1975 devido ao clima antes e pós independência, para Portugal e depois para o Brasil onde entre muitas coisas desenvolve actividade académica numa universidade. Lúcio Huambo, como também assina algumas de suas crónicas, é um homem que reflecte sobre Katofe e que narra, nas suas prosas e poesias, a saudade, os mitos e os cantares da terra que o viu nascer.
Em tempos, o Lúcio publicou um artigo que ressaltava os homens adultos do seu tempo de meninice que deram cabo dum leão. Foi o motivo que accionou a minha já desperta curiosidade, resultando numa entrevista que tenho o prazer de publicar nesta página.
Caro Lúcio, Havia uma cidade, pequena, mas com este estatuto ganho em 1974, que é a Kibala. A dez quilómetros erguia-se a vila de Katofe com igreja sumptuosa e casas magestosas (naquele tempo) que comentário?
Comentário: O meu blog inclui uma resenha histórica, intitulada "A décima ilha", escrita pelo meu pai - com heróicos 92 anos feitos em Novembro de 2012 - em que ele narra a lenta mas sempre progressiva colonização açoriana na região do Katofe. A igreja que consideras "sumptuosa" realmente foi o último fruto de um progresso que se considerava imparável, à época; o meu próximo post abordará a evolução da arquitectura da igreja que teve três versões. A primeira foi uma pequena ermida sem torre de sinos (sineira) e a segunda já tinha uma torre com sinos, mas em 1964 mostrou-se exígua para o povo que a frequentava aos domingos e dias de Festa do Divino Espírito Santo, quando havia muitos forasteiros. O progresso das casas foi paralelo ao da igreja; as primeiras casas do Katofe foram de pau-a-pique, depois de adobe, e as primeiras casas de tijolo cerâmico cozido foram erigidas a partir de 1962. A casa de dois pisos no início da povoação, construída pelo Kimbaça Emílio Dias, um dos três pioneiros açorianos, era de adobe e foi construída no início da década de 1950. Ali, era a primeira pousada dos colonos que iam chegando livremente dos Açores, sem quaisquer apoios do governo português. A minha família só se mudou da casa de adobe para a de tijolo cerâmico em 1968. A luz eléctrica foi instalada na povoação em 1966. Ainda, em 1975, quando fomos obrigados a sair pela guerra civil, a nossa geleira funcionava a petróleo.

Katofe era uma colónia agrícola?
Resposta: Era uma colónia agro-pecuária, essencialmente baseada na pecuária de laticínios, que foi implantada de forma livre e espontânea por três açorianos que primeiro viveram alguns anos na Quibala. Ao se fixarem no Catofe, mandavam notícias para os Açores e assim de forma livre se foi estabelecendo um fluxo migratório por afinidade de famílias e não por incentivo governamental. A leitura do supracitado artigo do meu pai vai esclarecer muitas questões que tenhas sobre o desenvolvimento do colonato.

Eram os não nativos todos ou maioritariamente açorianos?
Resposta: Os colonos eram todos açorianos; havia cerca de setenta famílias originárias da ilha de S. Jorge, nos Açores. Entre os colonos havia dois da ilha Graciosa e um da ilha Terceira que casaram com mulheres jorgenses que já se encontravam no Catofe. Esses colonos não-jorgenses vieram originariamente para o Kwanza Sul para trabalhar na construção dos colonatos que o governo colonial resolveu implantar na Cela, a 60 quilómetros. Contudo, ressalte-se que nos colonatos estabelecidos pelo governo inicialmente era proibida a utilização de mão-de-obra nativa, enquanto no Catofe, por ser de colonização livre, os trabalhos de agricultura e pecuária eram feitos com a cooperação de mão-de-obra nativa.
Qual era a ocupação principal daquelas famílias?
Resposta: A ocupação principal sempre foi a pecuária de leite. Inicialmente, houve muitos revezes. O progresso começou a fazer-se sentir a partir de 1965, quando a ELA - Empresa de Laticínios de Angola, com sede na Cela, foi estabelecida com capital acionário igualitário do Estado, firma portuguesa Martins & Rebelo e dos lavradores das regiões da Cela e Catofe. O posto de laticínios construído no Catofe era só destinado à recepção de leite, que era encaminhado refrigerado em camião-tanque para processamento na fábrica da Cela.
Que outras infra-estruturas havia à data?
Resposta: As principais infra-estruturas estabelecidas até 1974 eram a escola, o internato escolar e o posto de saúde, todos frequentados também por população autóctone. Havia previsão para estabelecimento de uma agência de Correios na década de 1970, o que não se realizou até hoje.
Havia uma administração da vila?
Resposta: Não havia uma administração da vila. Os colonos organizaram uma cooperativa que era a principal voz representativa, através do seu presidente, junto às autoridades governamentais.
 
Como eram as relações entre os filhos dos brancos e dos negros de Katofe?
Resposta: Posso considerar boas com tendência a melhorar muito. A integração era maior no futebol, com a equipa da povoação, de brancos e negros, a realizar frequentes jogos nas cinco aldeias mais próximas, à volta da povoação - Hombe, Songue, Kikula, Kassala e Katoka; segundo relatos de quem foi ao Catofe, essas aldeias não existem mais.

Quando foi que a vila de Katofe começou a ser fundada?
Resposta: Penso que no início da década de 1940, com os três pioneiros André de Oliveira, João de Oliveira e Emílio Dias. O André de Oliveira morreu nos primeiros anos vitimado pelas febres, pois o terreno na época era bem infestado por mosquitos e mosca-do-sono.

Lembra-se dos primeiros habitantes não autóctones de Katofe?
Resposta: Os três pioneiros foram André de Oliveira, João de Oliveira e Emílio Dias. Depois, juntou-se a eles Vicente Teixeira de Matos, o meu pai, que foi apelidado pelos autóctones de Kilamba.

Por que razão foram lá parar (idos dos açores ou outros pontos do distante Portugal continental)?
Resposta: Os três pioneiros foram André de Oliveira, João de Oliveira e Emílio Dias foram inicialmente para Kibala trabalhar para o Capitão Sandão, que era um militar açoriano casado na Kibala com uma nativa negra e vários filhos; resolveram tornar-se independentes e estabeleceram-se nas baixas do Katofe porque, segundo as informações colhidas na Kibala, havia ali bastante terra livre e boa para a criação de gado leiteiro, que é a vocação primordial dos jorgenses. Depois, juntou-se a eles Vicente Teixeira de Matos, o meu pai, que foi apelidado pelos autóctones de Kilamba. O meu pai foi encontrado no serviço militar no Huambo, onde o meu avô paterno tinha uma fazenda perto do Forte da Quissala; o meu pai foi para Angola atrás do pai, tendo abandonado os estudos em Portugal, quando ia fazer o curso de Veterinária. Quando foi convidado para ir criar gado no Katofe, mal saísse definitivamente do quartel, e bem longe do pai, ele não titubeou, afinal era um jovem de vinte anos.
AS FÁBULAS DO LÚCIO
O Lúcio Silveira tem estado a publicar no seu blog, MUKANDAS DO KABIÁKA, poemas com conteúdo que retrata Angola e fábulas da nossa terra (Angola). O meu entrevistado não descarta a possibilidade de converter as lindas e ricas fábulas em livro impresso. Quanto à poesia, o livro está a caminho da gráfica.

domingo, fevereiro 03, 2013

FINALMENTE UM MURRO NA MESA: VENDEDORES DE FÉ SOB OLHO DO GOVERNO

Em finais do século XIX Angola era tida pelo sociólogo Émile Durkhein como “um espaço aberto à evangelização”, dando vazão ao surgimento dos Metodistas, Evangélicos, Baptistas e, mais tarde, igrejas messiânicas de origem africana.
Até ao final do século XX, Angola já não era aquele "corpo carente de evangelização", pois, apesar da guerra civil, os cristãos e até mesmo muçulmanos tinham preenchido todos os “espaços vazios”. Tudo o que veio a seguir, embora se apregoe como fé e tenha aderentes, é mais fruto de cisões e negócio com a crença alheia. Ou seja: uns crêem numa solução divina para seus fardos terrestres, através da confissão religiosa, e outros lucram com a “cegueira” alheia, prometendo um paraíso imediato na terra e solução de males como a pobreza.
O “negócio da fé” nunca prosperou tanto em Angola quanto nos últimos 20 anos com a Maná, Iurd e toda a gama de renovadas que surgem como cogumelos em principio da temporada chuvosa.
Era, e é, preciso pôr cobro à situação. Há gente que de tanto sofrer procura nas “igrejas” a solução e acaba ainda mais arruinado com falsas promessas de decuplicar os rendimentos caso deposite nestes vendedores de fé os seus já parcos bens. Uns surgem do Brasil e outras proveniências com uma Bíblia a cobrir a genitália e uma das mãos a tapar a nudez na bunda, mas remetem, todos os dias, avultadas remessas de dólares aos seus países de proveniência onde têm vidas de Lord.
Finalmente, embora de forma bastante tímida, alguém bateu por cima da mesa e exibiu uma cartolina amarela às "igrejas do pastor Murras" . Nem me ocorria pensar que só as "mundiais" já vão próximo de uma dezena!
A Iurd fica 60 dias sem “comercializar” fé, de forma aberta, decidiu o Governo angolano, em nota publicada no sábado, 02 de Fevereiro, enquanto as mundiais ficam interditas de “vender” o que não têm.
Fruto dum inquérito mandado instaurar pelo presidente da república, “a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) é responsabilizada pelo incidente ocorrido a 31 de Dezembro passado, no estádio da Cidadela Desportiva, que provocou a perda de vidas humanas e decidiu suspender a actividade da organização religiosa por 60 dias e argumenta que perante a gravidade dos factos o Executivo decidiu que a matéria dos autos seja remetida à Procuradoria-Geral da República para o aprofundamento das investigações e a consequente responsabilização civil e criminal”.
Segundo o documento a Comissão de Inquérito constatou que o incidente deveu-se à superlotação no interior e exterior do Estádio da Cidadela, causada pela publicidade enganosa, consubstanciada no slogan: “O Dia do Fim –venha dar um fim a todos os problemas que estão na sua vida; doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívidas, etc. Traga toda a sua família”.
O Executivo faz saber ainda que “em virtude de se constatar que as Igrejas Mundial do Poder de Deus, Mundial do Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém, apesar de não estarem reconhecidas pelo Estado angolano, realizam cultos religiosos e publicidade sejam interditadas de realizar quaisquer actividade religiosas no país”. Já Iurd, que numa actividade levou à morte 17 pessoas no final do ano, fica suspenda de efectuar o seu “comércio de fé e curas milagrosas” durante 60 dias.
A nota avança que “a suspensão e a interdição referidas nos pontos 2 e 3 sejam fiscalizadas pelos Ministérios do Interior, da Justiça e dos Direitos Humanos, da Cultura, da Administração do Território e da Comunicação Social e pelos Governos provinciais, devendo vigorar enquanto durarem as investigações pela Procuradoria Geral da República…”
Aleluia irmãos!

sexta-feira, fevereiro 01, 2013

O ANO EM QUE OS PALANCAS NÃO "VIRAM O PAPA"

Foram 14º no CAN-2013 entre 16 equipas
Não encontrei outra analogia senão essa: “ir ao CAN e não marcar sequer um golo é o mesmo que ir ao Vaticano e não ver o Papa”.
Os palancas negras, designação oficial da selecção angolana de futebol, estiveram pela sétima vez numa fase final do campeonato africano de futebol, CAN, e, por mais incrível que pareça, sofreram mas não marcaram nenhum na baliza contrária.
Os jogadores da selecção angolana empataram a zero, em jogo contra o Marrocos; perderam por zero-dois, em partida contra os anfitriões, África do Sul; e perderam por um-dois, frente a Cabo-Verde, sendo que os três golos foram marcados por jogadores cabo-verdianos, um dos quais auto-golo.
Em sete participações, essa de 2013 foi a mais desastrosa, sendo as melhor conseguidas a participação do Ghana e a de Angola (2010) em que a seleção passou à fase de eliminatórias directas (4ºs de final).
Nada mais havendo por relatar, senão engolir a mágoa por termos uma das mais fracas selecções do continente, resta pedir àqueles que pensam futebol para apostarem nos palanquinhas. É no trabalho com os mais novos que pode residir a nossa alegria.
Mãos ao trabalho!