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domingo, julho 26, 2009

M(A/E)US SONHOS DE INFÂNCIA

Recorro ao trocadilho de Wilson Dadá, no seu www.morrodamaianga.blogspot.com, para intitular este exercício sobre os m(e/a)us sonhos e SONHOS da infância à vida adulta.

Quando na fazenda, na minha meninice, um dos meus avôs era gerente de fazenda e o meu sonho era ser regente ou engenheiro agrícola e nunca Ministro da Agricultura a quem todos os camponeses veneravam. Para o cumprimento do sonho plantei árvores várias, algumas das quais ainda me oferecem a sua sombra ou os seus frutos que desfruto com prazer e sencação de "missão cumprida". Uma vez da cidade, sonhei ser FAPLA e nunca general. Talvez lá chegasse a custo de muito suor, combates travados, promoções e graduações e outras caminhadas rectilíneas. Já no fim da adolescência, quando me tornei electricista, sonhei ser bom profissional e fazer carreira numa empresa vocacionada ao tracto com os iões, electrões e neutrões.

Depois tornei-me professor e o meu anelo foi novamente fazer carreira. Ser reconhecido como íntegro e competente, reconhecimento que vinha dos pais e encarregados de educação que reconheciam a evolução dos seus filhos, recebendo dos educandos a amizade dos próprios alunos que me tinham como líder, mestre e irmão. E ambicionava, fruto deste reconhecimento da sociedade, ascender a coordenador de turma, de turno, director de escola e ir galgando, mediante experiência, honestidade e conhecimentos científicos. Até frequentei o curso superior de ciências da educação. O jornalismo, porém, profissão que abracei em simultâneo com a docência, falou mais alto e a ele me entreguei a tempo inteiro. Como em qualquer carreira, comecei como estagiário numa rádio que me fez jornalista/repórter, editor de fim-de-semana, editor regular e editor principal. Sempre a subir com trabalho, correcção, aprendizagens e treinamentos vários. Fiz questào de não desperdiçar nenhuma lição e ingressei num curso superior de Ciências da Comunicação para melhor entender os fenómenois comunicacionais.

O filho do povo sonha em crescer, cultivando-se para a competência e meritocracia. Tenho um amigo de infância (ele era já adolescente) que chegou a director-geral da Rádio-mãe quando o sonho dele, como filho do povo, era apenas ser jornalista. O meu amigo passou por todos os degraus sem ter sonhado com o trono ou por ele lutado. Como estagiário leu comunicados fúnebres e agenda e foi fazendo carreira, engolindo sapos e lagartos. Os filhos dos deuses, porém, sonham com o céu desde o primeiro instante que se apaixonam por uma profissão. Eles transcendem o ser normal, nós o povo em geral. Os grandes SONHADORES incorporam no seu imaginário o que é ser director, ministro ou presidente de sei lá o que for, mesmo não ensaiando os passos por que se deve passar para se lá chegar. E se estudam a matéria relacionada com o ofício que o destino lhes reserva dirigir, fazem-no como uma mera formalidade, pois o SONHO e a REALIDADE há muito estão traçados.

Por isso há sonhos e SONHOS!
Luciano Canhanga

quarta-feira, julho 22, 2009

UMA VISITA AMIGA OU COBRANÇA DE "DÍVIDA MORAL"?

SEGUNDA VINDA DE CASTRO EM MENOS DE 5 MESES
É inquestionável o apoio técnico e militar dado por Cuba nos momentos mais cruciais da nossa ascendente e jovem República Popular de Angola, perante inimigos tão sedentos e poderosos quantos foram a África do Sul racista e o mobutismo do Zaire (actual RDC). Estes abutres que viam Angola como “um corpo inerte onde cada um devia debicar o seu pedaço”, invadiam-nos de Norte a Sul, apoiados por aliados internos afectos à FNLA e UNITA. Impedir a proclamação da independência a 11 de Novembro de 1975 pelo MPLA e inviabilizar o país e derrubar o regime instaurado por Agostinho Neto era o objectivo fracassado graças ao apoio incondicional de Cuba/Fidel que custou muito suor e vidas.

Estes trechos importantes da História de Angola, não devem, porém, ofuscar uma análise paralela sobre os eventuais descaminhos de “cosa nostra” mal parada em mãos cubanas ou de cubanos. E aqui é chamado o general Ochoa, comandante dos internacionalistas cubanos, que acabou fuzilado a mando de Fidel, depois de terminada a missão. Não se pode deixar de questionar, embora faltem recursos documentais, o paradeiro de nossos eucaliptos, nosso ferro velho e a estagnação “dolosa” de nossas açucareiras e arrozais, para que caíssemos na dependência dos nossos amigos de estimação quanto a estes bens.

E verdade foi, pois ao invés de recuperarem as nossas açucareiras, acabaram por danificar os solos, inundando-nos com o chamado açúcar mulato. Verdade ou mentira, hoje, os residentes das Lundas dizem que o mesmo terá acontecido com os arrozais que pura e simplesmente deixaram de produzir.

E quando vimos o Cda Raul Castro, duas vezes em Angola, em menos de 5 meses, não é ilícito perguntar se o Cda Castro tem vindo reforçar simplesmente a amizade longínqua ou se o interesse tem sido a cobrança da “dívida moral” dos angolanos, que por ser moral, só as gerações vindouras a saldarão.

O “nuestro ermano” do caribe que, reconheça-se, muito nos ajudou e ajuda na educação e saúde, trouxe na bagagem algumas bolsas de estudo para angolanos naquela ilha onde podem fazer mestrados, especializações e doutoramentos nos mais diversos ramos da ciência pedagógica e médica. Diz a média tratar-se de oferta cubana. Será de facto uma oferta sem contrapartida a médio ou longo prazo?

Cuba precisa de recuperar os anos perdidos num comunismo há muito enterrado. Felizmente os seus “devedores morais” deram passos e, com certeza, o país dos Castros precisará de aprender algumas coisas que por lá escasseiam. As lentas cedências ao capitalismo, em que Angola e Namíbia* já navegam, são uma das aprendizagens necessárias. Os castristas precisam também investir fora para receber dólares frescos que os americanos não os dão, daí que o novo internacionalismo que tem as cores médicas e pedagógicas seja uma porta de entrada de divisas. Estando Angola carente de bons construtores e, sobretudo, devido à empreitada do milhar de fogos residenciais, Cuba perfila como o grande ajudador nesse tipo de “serviço social”. Devemos porém olhar para os prédios do Caputo e do Maculusso (Luanda) os prédios do E15 (no Sumbe) e tantos outros construídos pelo país adentro, sem a mínima noção demográfica do angolano, tão pouco esgotos duradoiros para um médio prazo. É preciso que se colham experiências amargas do passado e se corrijam futuros problemas.

E Cuba quer também investir na agricultura. No tempo do comunismo era o principal fornecedor de açúcar ao nível do bloco económico comunista, CAMECON. Essa experiência cubana que devia ser crucial para o “desarollo” de Angola não o foi no devido tempo. E agora que abrimos as bolsas ao agro-business lá vêm eles com a “boa vontade” de poder ajudar e contribuir na produção alimentar... Vamos aceitar, mas de olhos bem abertos para que o nosso Vale do Cavaco, grande produtor de banana, não seja empestado, nem nos induzam ao tabagismo, que vem somando desistências de consumidores em quase meio mundo.

*Note-se que ao mesmo tempo em que Raul Castro “frequenta” Angola, fá-lo também em relação à Namíbia, outro "devedor moral".

Luciano Canhanga

domingo, julho 19, 2009

REPOUSO DO GUERREIRO OU FIM DA CAMINHADA?

O PETRO DE LUANDA consentiu, este domingo (19.07.2009) na cidadela, em Luanda, uma derrota de 1-2 diante do BENFICA de Luanda, em partida pontuável para a 18ª jornada do Girabola. À entrada da jornada, o campeão levava mais 13 pontos do que os 2ºs classificados, Académica do Soyo e 1º de Agosto, e mais 15 do que o seu carrasco desta jornada.


Curiosamente, a académica do Soyo também perdeu na deslocação a Benguela onde defrontou o até então penúltimo classificado, 1º de Maio, por 3-0. O Recreativo do Libolo, que à entrada da ronda dezoito somava 29 pontos, os mesmos que o Benfica da capital, fez o trabalho de casa e venceu o Desportivo da Huila por 2-0. O 1º de Agosto, empenhado na fase de grupos da taça CAF, ainda não jogou, e pode encurtar para 10 pontos a distância em relação ao Petro, caso vença, na quarta-feira, o Kabuscorp do Palanca.


Perante as derrotas do Petro de Luanda e da Académica do Soyo (1º e 2º classificados à entrada da jornada) estaremos perante a um repouso dos guerreiros ou do fim das caminhadas vitoriosas destas equipas?


Nota: Parabéns aos representantes angolanos na taça CAF, o d’Agosto que empatou sem golos em casa do Stade Malien e o Santos FC que venceu, em Luanda, o ENNPI do Egipto por 1-0.



Luciano Canhanga

sexta-feira, julho 17, 2009

DICCIONÁRIOS EM LINGUAS BANTU: PARA QUANDO EM ANGOLA?

Na foto a imagem de um diccionário Inglês/Zulu/Afrikaans, línguas faladas na África do Sul.

Por cá (Angola), país em que se apregoa, já faz tempo, a revalorização e estudo das nossas línguas bantu e pré-bantu,

Para quando a publicação de instrumentos de ensino-aprendizagem como a que a foto nos mostra?

http://www.olhoensaios.blogspot.com/ está a fazer a sua parte, explorando de forma ainda arcaica os dizeres de um povo que habita uma grande região do Kuanza-Sul, os Kibala. Entende o autor destas prosas que "Para uma grande caminhada há que se dar o primeiro passo".

Alguém marca os passos seguintes? Está lançado o desafio.

Luciano Canhanga

terça-feira, julho 14, 2009

OUTRA MAKA MAIS NO HGL

Sentimo-nos todos estarrecidos, indignados e chamamos vários nomes ao cidadão que supostamente terá violado uma paciente em plena enfermaria do Hospital Geral de Luanda. O Caso fez furor na media. Comoveu a sociedade e os políticos. Numa só cajadada o director daquela unidade hospitalar suspendeu a segurança que "desassegurou" as instalações na noite do dia 11.07.09 e de seguida as enfermeiras em serviço conheceram a mesma sorte. Acto contínuo a governadora de Luanda, Francisca do Espírito Santo, exonerou o director do hospital e nomeou, para 45 dias, uma comissão de gestão, organização e apuramento dos factos.

Hoje, 14.07.2009, surge publicado no portal da ANGOP (agência angolana de informação) o rosto do suposto violador e os seus argumentos de razão que se seguem nas linhas abaixo:

"Em declarações à imprensa, o suposto criminoso, identificado pela PN por Samuel Maiala, de 27 anos, negou a prática do acto, frisando que esteve na referida unidade hospitalar cerca das 18h30 para visitar a paciente, com quem alegadamente disse manter uma relação passional de aproximadamente um ano e dois meses. É tudo mentira. Eu estava apenas a acariciar no peito dela no momento da despedida, depois da visita. Não fiz nada(…). Então, uma das enfermeiras viu e foi chamar a polícia em serviço no local, explicou Samuel Maiala. Acrescentou que dirigiu-se ao quarto onde estava a doente por indicação de uma prima, sem dar por conta que a mesma estava despida. Samuel Maiala afirmou que em acto contínuo foi despido pela guarda da unidade hospitalar, quando foi alertada sobre o sucedido. Entretanto, o porta-voz do comando provincial da corporação, primeiro superintendente-chefe Jorge Bengui, disse que os exames legistas ditarão a veracidade dos factos".

Analisadas as coisas, a frio, e tendo em conta a versão do acusado, coloca-se de nossa parte, jornalistas/difusores de informação, a questão da ética e da presunção da inocência* que não foi salvaguardada, sobretudo com a veiculação da fotografia do acusado e outros elementos identitários como o nome verdadeiro e a idade.

Que será deste Sr. caso as investigações forenses e testemunhais determinem a sua inocência?

Obs: No instante em que terminava esta prosa li no http://www.apostolado-angola.org/ que a alegada abusada acabara de morrer. Outra maka mais...

*O princípio de inocência ou presunção da inocência é um princípio jurídico aplicado ao direito penal que estabelece a inocência como regra. Vem estampada no ordenamento jurídico angolano, no número 5 do Art. 36 da Lei Constitucional, e diz: "Os arguidos gozam da presunção de inocência até decisão judicial transitada em julgado".

Luciano Canhanga

segunda-feira, julho 13, 2009

MULHER "VIOLADA" NO HOSPITAL

"Agora ao hospital vão apenas os meus filhos. Minhas filhas e mulher vão ao Kimbanda" e explico porquê:

Aos hospitais têm sido levadas as vítimas de violações caseiras para tratamento médico-psicológico e exames afins. Porém, patologias e distúrbios vários levam homens e mulheres a usarem da força ou outros meios de coação para a prática de sexo a contra-gosto. Até aqui nada de novo, pois são do quotidiano das sociedades humanas os comportamentos saudáveis e os desviantes.
Que tal se a violada for uma paciente numa enfermaria dum hospital que até é geral duma grande cidade?

Aconteceu em Luanda, no dia 12.07.09. O local da cena (segundo a media) foi o Hospital Geral de Luanda, ao Camama. Nem os guardas, nem os enfermeiros em serviço, nem mesmo os médicos puderam ver ou ao mínimo ouvir o grito de socorro da infeliz violada. O intruso, um maníaco sexual (presume-se) "introduziu-se à calada da noite na enfermaria, desligou o soro e a sonda respiratória, despiu a infeliz paciente, despiu-se também e, acto contínuo, partiu para a consumação do coito".


Não fosse o cunhado da vítima espreitar pela janela para se aperceber se a sua parente ainda estava em vida, ninguém o teria visto e ninguém poderia atrever-se a descrever o que seria das restantes pacientes ou mesmo das enfermeiras que dormitavam num quinto sono. E viu o cunhando o intruso suado e em flagrante "delícia"!


Há ou não motivo para que se receie em levar as nossas filhas e mulheres aos hospitais?

Luciano Canhanga

sábado, julho 11, 2009

LIBOLO VULGARIZA D’AGOSTO APESAR DO EMPATE

Foi diferente ouvir um jogador do Recreativo do Libolo afirmar, no fim do jogo frente à equipa militar do Primeiro de Agosto, que o resultado, empate a um golo, “sabe à derrota”, já que o objectivo da equipa libolense eram os três pontos.

Há bem pouco tempo o normal seria ver os jogadores de equipas como a do Libolo transbordantes de alegria por terem conseguido um empate em Luanda. Por isso, apesar de o “tout puissant” 1º de Agosto ter vencido o jogo da primeira volta do Girabola 2009 em Calulo, este empate e as afirmações do jogador da equipa do município cafeícola do Kuanza-Sul mostram "um leão sem rugido", daí que ninguém mais o teme, até mesmo o lanterna vermelha, Académica do Lobito, com quem perdeu por 0-1.

Com o empate desta tarde (11.07.09) na cidadela, em Luanda, os militares nem souberam aproveitar o empate do líder Petro de Luanda, a zero, diante do Santos, nem o deslize do segundo classificado, Académica do Soyo, frente ao Interclube (2-0), mantendo-se a diferença pontual em relação ao líder de 13 pontos (31-44).

Assim sendo, d’Agosto e Académica do Soyo somam 31 pontos, o Libolo e o Benfica de Luanda têm 29 pontos e disputam a ascenção à segunda posição.

Com a questão do título já há muito arrumada a luta vê-se renhida pelo alinhamento da segunda posição à despromoção ou disputa da liguilha, já que há fortes hipóteses de o próximo Girabola contar com 16 equipas, disputando as três últimas classificadas da presente edição uma liguilha com os segundos classificados dos três grupos de apuramento ao campeonato nacional de primeira divisão.

O CD Huíla e o 1º de Maio, ambos com 16 pontos, e a Académica do Lobito, com apenas 7, são de momento os candidatos à despromoção ou disputa da liguilha.

PRÓXIMA JORNADA: Rec. Libolo-Desp. Huíla; ASA-Ac. Lobito; 1º de Maio-Ac. Soyo; Bravos Maquis-Interclube; Petro Luanda-Benfica Luanda; Kabuscorp-1º Agosto e Rec. Caála-Santos FC.

Luciano Canhanga

quinta-feira, julho 09, 2009

REVIVIDAS "AULAS" DA PROFESSORA GABY ANTUNES

Ex-alunos do curso médio de jornalismo do IMEL (agora curso médio de Comunicação Social), ex-estudantes e estudantes do ISPRA (agora UPRA) que passaram pelas "mãos" da finada professora Gabriela Antunes renderam ontem, dia 08.07.09, uma homenagem àquela que consideram ser a sua professora-mãe.

A sala de projecções do IMEL, em Luanda, acolheu o acto brindado pela presença do vice-Ministro da Comunicação Social que procedeu à abertura do vento. Miguel de Carvalho "Wadijimbi" recordou que também foi aluno da professora Gaby e que ela foi pioneira do curso médio de jornalismo, fundado em 1983 no então Instituto Karl Marx Makarenko. O governante apelou aos presentes para a criação de uma associação sem fins lucrativos, Gabriela Antunes, como forma de perpectuar a sua memória.

Jorge Antunes Gomes, professor universitário, filho e também aluno esteve presente e falou sobre a experiência de ser filho-aluno da homenageiada.
Mais de meia centena de pessoas marcaram presença, destacando-se, alunos da professora, convidados e outros interessados na tertúlia em que foram recordados os bons e os "maus" momentos vividos na relação com a docente. Uma aula gravada foi ouvida e uma mensagem dos organizadores foi lida no fim do acto. Eis o texto redigido e lido pelo autor deste blog:

“Baptizaram-na Maria mas, dizia que seus alunos não podiam ser marias nem casar com marias.

Quer viessem da cidade ou da periferia, tratava os seus alunos de igual forma e quando não soubessem o obvio tratava-os por atrasados mentais.


Incentivava-os à leitura, quer viessem de famílias com nome ou sobrenome. Apelava à ambição. Uma ambição medida que tivesse por base apenas a competência, e que respeitasse a ética e os competidores, quando esses existissem.

Fez da elevação da cultura das novas gerações o seu cavalo de batalhas. Escreveu livros, ministrou aulas e seminários, promoveu eventos e fez homens.

Homens e mulheres que hoje desenvolvem o país, nas ares do pensamento e saber, no ensino, na medicina, nas ciências e até nas engenharias. Basta polhar para as redacções dos órgãos de comunicação social e nos CDI's dos ministérios e empresas. Em cada canto há um que dela bebeu conhecimentos técnicos e académicos e ensinamentos da vida.

A sua obra é estudada além fronteiras em universidades de Renome...
É de Maria Gabriela da Silva Antunes que falamos. A Professora Gaby. A nossa mestre-mãe.

Tratava-nos a todos como filhos. Pois ela tinha um único ventre: A formação do homem novo dotado de responsabilidade e “bien fair”. E cá estamos hoje para lhe render a merecida homenagem neste que seria o dia do seu 72 aniversário.

Quis Deus levá-la mais cedo. Antes mesmo de nos dar a última aula aqui no IMEL ou na UPRA. Mas tê-la-emos presente sempre que nos lembrarmos de onde viemos, onde estamos e para onde vamos.

Queremos ressaltar as qualidades daquela professora que procurava inculcar a excelência entre os seus pupilos.

A instrutora abnegada que não olhava a salários nem a pertences materiais para cumprir a sua missão.

Gerações várias por ela passaram. Connosco ficou o legado. Vamos levar avante o estandarte desta bandeira.

Se a sua partida para o descanso foi para nós uma tristeza, estar aqui hoje para recordar os feitos da Professora Gaby é a melhor prenda que atribuímos a cada um de nós.

E é dentro de nós que resiste a pergunta que em uníssono lançamos àqueles que fazem o país acontecer: Se com vida Portugal lhe “deu” uma rua, porque tarda tanto surgir uma escola ou Centro Cultural Gabriela Antunes?”


Luciano Canhanga

domingo, julho 05, 2009

ANACRACIA E SUCESSÃO ENCOMENDADA

A sucessão de factos sociais/políticos conduz-nos ao surgimento de fenómenos. Porém, essa transformação de factos em fenómenos nem sempre é visível aos "olhos" de todos, quanto mais porque os factos são precedidos de ebriantes campanhas propagandísticas e ou soft promotion da media ao longo de muito tempo. Assim, surgem as grandes fuguras que emergem do quase nada, à custa da venda de bijuterias ou organização de eventos caseiros.

Sendo África um campo fértil de mesmices, falemos da Anacracia que se resume na ausência de valores democráticos (demo= povo; cratia/cracia= poder) por arte das populações. Os poderes instituídos, desejosos da sua eternidade ou da passagem do mando de forma hereditária ou clientelar nunca se esforçam em informar/formar os governados sobre os seus direitos. Apenas se limitam a exixir deveres à Demo.

Os detentores de cargos públicos da magistratura nem sempre criam delfins fora da sua prole, família serventia ou clientela, criando um estadopermanente de dependência e incerteza em caso de vacatura natural. Isso torna-os omnicientes, omnipresentes, omnipotentes, sendo acatadas apenas as suas orientações, nulguns casos mesmo quando no "post mortem".

Assim foi na RDC, no Togo e está a ser preparada a mesma canja no Gabão de Bongo, podendo o tumor expandir-se para outras lactitudes do continente onde existem "anacracias" longevas.

Pois, mesmo nos casos em que a vacatura é provocada pelo poder divino e se cria uma hipetética transição balizada na constituição, é o herdeiro quem "de facto" governa e dita as leis, pois ha muito o processo foi (vem sendo) preparado.

Que dizer dum governo de filhos, primos, cunhados e sobrinhos ou dum parlamento de filhos, serventes, compadres e amantes? As premissas são preparadas à preceito e todo o resto é p'ra inglês ver.

A propaganda toma conta do cenário promocional do "príncipe" a quem são concedidas todas as facilidades pelo pseudo governo de transição que igualmente se encarrega de afastar todos os que se afirmem como potenciais vencedores do pleito contra o filho do "monarca". Os demais candidatos aceites para a corrida ou são da escolha do candidato da situação e surgem apenas para animar a festa, ou são tidos, a priori, como impotentes em chegar ao cadeirão maior.


Há que buscar um novo sentido ou um novo despertar do continente!

Luciano Canhanga

quarta-feira, julho 01, 2009

THAMBI IUK'UAKIME*

Justino Wandanga, músico do Huambo, canta numa de suas melodias a morte do tio. Diz em umbundu que "em Setembro recebeu cartas e nelas apenas saudações e óbitos"... Com o Kambuta foi em Junho.

Apelidado de malote (porta bagagens), Kambuta fez a última viagem no dia terceiro. Viagem calma até que ao chegar ligou o telefone de onde caiu imediatamente a má nova anunciando a morte do sogro.
Até aqui, nada de anormal. Era morte esperada... O hospital tinha-o devolvido à casa para dar o último suspiro vital junto dos seus que aguardavam pecientemente pelo adeus ao mundo vivo.
Kambuta só não sabia que para os ambundu a condição de genro (ex-genro até) obrigava a deveres especiais para com o finado.
_Hábitos são hábitos e muitos fazem Cultura!
Recebeu de conselho.


* Óbito de sogro

Luciano Canhanga