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quarta-feira, abril 22, 2009

ESSE LIBOLO XTÁ MAL YÁ!


-Possas!


Duas bolas contra quatro da Académica do Soyo?


-Possas!


E ainda por cima a jogar em Calulo...


-Possas!


Assim vai chegar a vice-campeão?


-Possas!


E nas afrotaças já foi varrido na Argélia...


-Possas!


Também foi por quatro, será que vai marcar cinco em Calulo?


-Possas!


Esse Libolo xtá mal yá!




Possas, possas, possas!




Luciano Canhanga

sábado, abril 18, 2009

CASTIGO NAS BOMBAS DE GASOLINA



Junto ao Futungo, é taxactivamente assim: Quem não leva o depósito do gerador ou o próprio gerador eléctrico ao posto de venda de combustíveis do Futungo, em Luanda, não leva gasolina.


Os moradores próximos, sem energia da rede pública, faz tempo, habituados a sofrer os honrores da escuridadão e suas consequências, acabaram por se contentar com a medida, tendo a excepção se tornado regra, daí que contam o que vivem com o maior à vontade.


"Tudo começou um dia em que haviam muitos bidons e também muitos carros", conta um morador, " os bidons eram tantos e parece que o bombeiro facturava cem kuanzas por cada um que atendia. E ia enchendo mais bidons do que viaturas. Até que um militar se exaltou e entrou em porrada com o bombeiro. Os guardas tentaram contê-lo mas também foram respondidos com pontapés, ao que tiveram que recorrer à arma de fogo, alvejando mortalmente o militar. Informados do sucedido, os colegas do tropa invadiram as bombas que ficaram cerca de um mês sem vender. Foi assim que tudo começou. Quando reabriram ficou já avisado que aqui não mais se atenderiam bidons e até agora a solução é só mesmo essa: Ou traz o próprio gerador, ou desmonta o depósito do gerador para ser atendido", concluiu o interlocutor.

Na fila, homens, mulheres e crianças aguardam pacientemente que seja jorrado "o precioso líquido" que vai fazer com que se enfrente a escuridão dum bairro que cresce com todos os defeitos da periferia da capital angolana: roubos, assaltos, violações e todo o resto.

Quando há bairros em que o combustível é vendido em bidons para ser revendido em garrafões e mesmo nas barbas da polícia e doutras entidades que deveriam proibir tal prática, submeter esses pobres moradores do Futungo ao suplício de transportarem consigo os geradores ou terem de desmontar os respectivos depósitos, sempre que a máquina fique sem combustível, não terá sido, na minha modesta opinião, a medida mais acertada da nossa maior empresa, a Sonangol.
O melhor seria a EDEL, outra empresa pública, normalizar a distribuição da energia eléctrica no bairro ou a medida ser considerada extemporânea e, por isso, abolida.


Luciano Canhanga

domingo, abril 12, 2009

A VISÃO DO CHICO

Ele era trabalhador agrícola na fazenda Israel. Em tempos livres, aqueles que seriam os do seu repouso, dedicava-se à lavra familiar de onde vinha o sustento diário. Do salário pouco se gastava. Era tão ínfimo que só ele o suportava.
Mas tinha algo de bom: atribuia aos filhos o correspondente abono de família. Era com 0s Kz 120.00 a que cada um dos filhos cadastrados tinha por direito que se comprava o vestuário escolar.

António Chico, filho mais velho de um desafogado negro cafeicultor e curandeiro tradicional, tinha a mania de não depender do harém paternal, pretender detestar a herança e trabalhar com as suas forças aquilo que seria o seu sustento e herança para a sua prole de sete. Foi assim que negou a fazenda do pai, carro e dinheiro vivo. De pouca instrução, mas bastante polido, Chico tinha uma visão global rica para o seu tempo. Formação académica e profissional eram, a seu ver, os caminhos para o sucesso.
E hoje quero recordar-me do saudoso António Fernando Dambi* que, embora me tenha deixado ainda muito pequeno, me ensinou duas coisas na vida:
_Luciano!
_Pai.
_ Ouve! Um homem nascido numa família como a nossa tem dois caminhos para ser Homem: a escola (formação académica) e a profissão.
_Stá bem pai.
Mas assim vou ser então o quê pai?
_ Estuda! Quero que sejas professor para dar aulas também "nos" teus irmãos (entenda-se na aldeia todos éramos irmãos) e se faltar professor pra ti ponho-te na profissão!

Cumpridass as duas profecias daquele que seria hoje um "idoso" (nascera em 1940) tornei-me no homenzinho que julgo ser.


* Tb. conhecido por António Chico



Luciano António Canhanga

terça-feira, abril 07, 2009

OS ANOS DO TIO ALBERTO



É tempo chuvoso, Luanda está tranformada em um charco. As ruas mais baixas transbordam como se o Kuanza tivesse sido desviado e desembocado Viana abaixo. Foi nesse clima que Alberto juntou dois dos dez filhos, sobrinhos, netos, genros e noras, parentes e amigos.

A casa, um improvisado num antigo descampado, quase que cede aos intensos farfalhos da natureza despudorada. São dois quartos, sala enfeitada à preceito e cozinha rodeados por uma enorme vedação acastanhada dum zinco, já de si ultrajado pela antiguidade.
No Libolo, de onde é originário, se calhar nem haveria motivo para festa, pois todos os dias são de encontros familiares e consultas ao tio. É norma sobrinhos e filhos juntarem-se ao jango, ao redor do patrono, mas aqui é excepção, sobretudo, quando não há casamento, nem alembamento, nem óbito, motivos de concentrações familiares.
A contrastar com o ambiente exterior daquela libata do Grafanil apenas a alegria que transbordada dos rostos. Garrafas de álcool e refrigerantes tilintavam enquanto pacotes de sumos confundiam marcas. Pinchos e churrascos se revezavam, de mesa em mesa, e, de canto em canto havia um fogareiro vomitando fumança para o ar a convidar quem por perto passasse, mas era tudo entre tio, filhos e sobrinhos que em conversas múltiplas murmuravam assuntoshá muito adiados e que aguardavam por um momento ímpar.
-É hoje que vamos pôr todas as makas em dia. Daqui em diante ninguém mais sabe quando é que todos estarão aqui, ou noutro sítio, com todos presentes, atirou Baronesa à multidão.
O tio carregado de responsabilidade que o título e a anfitrialidade lhe conferem, ia, de quando em quando, buscando assuntos sérios para a reflexão colectiva e busca de solução, assuntos para conhecimento familiar e outros em jeito de baixar orientações.

_ Phande, o Lumumba já está a beber e demais. Viste quantas cervejas já engoliu nos cinco minutos que está aqui? Dez! É preciso tomar medidas! setenciou evidenciando a calvície que lhe invade a cefalia oval.

A multidão nem tempo teve para reflectir e mergulhou em gargalhadas.
Apenas o temor de uma chuva vespertina, com todas as suas consequências que lhe são conhecidas nos musseques luandenses, fez com que se começasse a pensar no retorno à casa. Mas antes de cortar o bolo do seu aniversário, Alberto Massaca entrou no quarto, trouxe na mão um saco preto contendo cadernos e foi chamando os netos, filhos das filhas e dos sobrinhos, um a um. Conhecia-os de cor como ninguém e todos o tratavam por Ti-Beto.

- Abdalá!
-Ti-Beto!
-Em que classe estás?
- Sétima, ti-Beto.
- Bom menino, este meu chará. Sigam-lhe o exemplo. É o filho promogênito do meu sobrinho mais velho e tem doze anos, apresentava aos convivas.
_Toma, Abdalá, cinco cadernos.
O rosário continuou de neto em neto, em função da idade e da classe que frequentava.
Já era noite avançada quando se cortou o bolo do aniversário e para o bem dos convivas nem mesmo a impaciente chuva caiu naquele noite de poucas estrelas. Com o céu às escuras, sem energia da rede e com o gerador avariado as velas fizeram as honras da noite para o discurso que antecedeu ao corte do bolo.
-"Cdas! não é sempre que nos encontramos para, sem makas, tomarmos uns frascos e mastigarmos uns pedaços... Espero podermos cá voltar com lágrimas de alegria nos cinquenta anos do tio", sentenciou Phande, o sobrinho mais velho, interrompido pelo viva dos convivas, antes mesmo de lançar a pergunta da praxe:
- Hábitos para levar ou para deixar?
E assim se fez madrugada!

Luciano Canhanga

sexta-feira, abril 03, 2009

DE VOLTA ÀS VITÓRIAS NO GIRA



FAÇO MEA CULPA?
_Não! As duas derrotas consecutivas conssentidas na 4a e 5a jornadas justificavam o temor da massa associativa, mas está tudo normalizado.

O Recreativo do Libolo venceu o Santos Futebol Clube por 1-0 que nos rendeu três pontos e ascenção para a 4a posição da tabela classificativa, à entrada da sexta jornada do Girabola. Obvio que há ainda jogos por realizar, mas 10 pontos em 18 possíveis a safra já é boa e é/tem de ser assim. De vitória em vitória, de grão em grão até encher o papo que não é nada menos do que a anunciada pelo presidente do clube Dr. Rui Campos, melhoria do terceiro lugar conseguido no Girabola de estreia em 2008.

Viva o SuPer Libolo!

Luciano Canhanga

quarta-feira, abril 01, 2009

ANGOLA É PAÍS LAICO?

Preâmbulo:
Bento XVI visitou Angola da manhã de sexta-feira, 20 de Março, à manhã de segunda-feira, 23 do mesmo mês. Para além de encontros políticos e eclesiáticos (missas), Bento teve também um encontro com a juventude católica de Luanda e de outras províncias que se deslocaram à capital angolana para ver o "santo" falar. Neste encontro houve de tudo: Emoção, desmaios devido ao sol e à desidratação, ferimentos e duas mortes por "esmagamento". Era tanta gente que o Estadio dos Coqueiros, na baixa de luanda, com uma bancada para cerca de 25 mil pessoas teve lotação esgotada.
Conceitos:
O laicismo é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa.
Os valores primaciais do laicismo são a liberdade de consciência, a igualdade entre cidadãos em matéria religiosa, e a origem humana e democraticamente estabelecida das leis do Estado.
Esta corrente surge a partir dos abusos que foram cometidos pela intromissão de correntes religiosas na política das nações e nas Universidades pós-medievais. Politicamente podemos dividir os países em duas categorias, os laicos e não laicos, em que nos países politicamente laicos a religião não interfere directamente na política, como é o caso dos países ocidentais em geral.
Países não laicos (confessionais) são teocráticos, e a religião tem papel activo na política e até mesmo constituição, como é o caso do Irão e do Vaticano, Brasil, entre outros.

Segundo a Constituição, Artigo 13º : A República de Angola afirma-se um Estado laico com separação completa da Igreja do Estado, respeitando todas as religiões e protegendo as igrejas, lugares e objectos de culto e instituições legalmente reconhecidas...
Questão:
À propósito da recente visita do papa, Bento XVI, a Angola que mereceu, inclusive, duas tolerância de ponto nacional (dia 20.03.09) e provincial (Luanda 23.03.09) decretadas pelo Ministério da Administraçao Pública Emprego e Segurança Social, pergunto: Angola é um Estado laico?

Luciano Canhnaga