Junto ao Futungo, é taxactivamente assim: Quem não leva o depósito do gerador ou o próprio gerador eléctrico ao posto de venda de combustíveis do Futungo, em Luanda, não leva gasolina.
Os moradores próximos, sem energia da rede pública, faz tempo, habituados a sofrer os honrores da escuridadão e suas consequências, acabaram por se contentar com a medida, tendo a excepção se tornado regra, daí que contam o que vivem com o maior à vontade.
"Tudo começou um dia em que haviam muitos bidons e também muitos carros", conta um morador, " os bidons eram tantos e parece que o bombeiro facturava cem kuanzas por cada um que atendia. E ia enchendo mais bidons do que viaturas. Até que um militar se exaltou e entrou em porrada com o bombeiro. Os guardas tentaram contê-lo mas também foram respondidos com pontapés, ao que tiveram que recorrer à arma de fogo, alvejando mortalmente o militar. Informados do sucedido, os colegas do tropa invadiram as bombas que ficaram cerca de um mês sem vender. Foi assim que tudo começou. Quando reabriram ficou já avisado que aqui não mais se atenderiam bidons e até agora a solução é só mesmo essa: Ou traz o próprio gerador, ou desmonta o depósito do gerador para ser atendido", concluiu o interlocutor.
Na fila, homens, mulheres e crianças aguardam pacientemente que seja jorrado "o precioso líquido" que vai fazer com que se enfrente a escuridão dum bairro que cresce com todos os defeitos da periferia da capital angolana: roubos, assaltos, violações e todo o resto.
Quando há bairros em que o combustível é vendido em bidons para ser revendido em garrafões e mesmo nas barbas da polícia e doutras entidades que deveriam proibir tal prática, submeter esses pobres moradores do Futungo ao suplício de transportarem consigo os geradores ou terem de desmontar os respectivos depósitos, sempre que a máquina fique sem combustível, não terá sido, na minha modesta opinião, a medida mais acertada da nossa maior empresa, a Sonangol.
O melhor seria a EDEL, outra empresa pública, normalizar a distribuição da energia eléctrica no bairro ou a medida ser considerada extemporânea e, por isso, abolida.
Luciano Canhanga
2 comentários:
Suku yangue...
Bota suplício nisso!
Bons dias! Bem, situação bizarra essa! Mas pelo menos imaginação e criatividade não faltam! O caminho é longo, mas estou certo de que as coisas só podem melhorar no futuro! É que se perdeu muito tempo nestes últimos anos...Como diz o companheiro Kanuthya, "bota suplicio nisso"!!!
Jorge madureira
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