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sexta-feira, outubro 29, 2010

FATO E GRAVATA É INTELECTUALIDADE?

Começo a falar de mim. Sinto-me intelectual apenas uma vez por dia. Às primeiras horas da manhã, quando me sento no vaso sanitário. Aí sim. Navego no espaço, produzo ideias e, algumas são transmitidas aos mais diversos públicos. Boas ou más, submeto-as a julgamento neste espaço.
Frequentei universidades, mas isso não me dá ao direito de roubar um título que é de meritocracia.

Quanto aos outros:
Consultando o dicionário, define intelectual como sendo "aquele que  produz pensamento".
Noto muitos vestidos de fato e gravata fingindo que são gente pensante. Vejo também muitos, ainda sem o fato, debicando ideias de reter. Outros, formados em universidades de renome, gabando-se de tal facto, mas ficando pelo fato e gravata e pela universidade. Pensamento próprio nada!

E em que ficamos?

sexta-feira, outubro 22, 2010

RELOJOEIRO: UMA PROFISSÃO EM EXTINÇÃO?

Alguém viu por aí um relojoeiro de esquina?

Nos anos oitenta (séc. XX) quando comecei a me reconhecer como homem via na baixa e nos musseques de Luanda inúmeras casas com a inscrição "Relojoaria" ou "consertam-se relógios". Espreitando nelas encontrava homens aparentemente muito sérios e concentrados que usavam candeeiros auxiliares, chaves muito finas e bancadas com "buracos" onde se conservavam os pequeninos parafusos dos relógios mecânicos que consertavam.

Em finais da década de oitenta e princípios da de noventa popularizaram-se os relógios electrónicos e os relojoeiros foram tendo menos trabalho. Mesmo assim, havia ainda a coabitação dos velhos medidores de tempo, à corda, e os novos, movidos à pilha. Os relógios popularizaram-se tanto que a sua compra se tornou  acessível a qualquer bolso, chegando a perigar a vida dos que viviam do conserto dos aparelhos mecânicos.

Hoje, é raro, mesmo nas próvíncias do interior, encontrar uma bancada com um relojoeiro a consertar os "mede tempo". E nem mesmo por hobbie se exerce o ofício.

Será que inexistem pessoas com relógios muito queridos por revitalizar?
E onde andam os funileiros e outros que tanta saudade e falta fazem?

segunda-feira, outubro 18, 2010

KANDONGUEIROS SOBEM PREÇO DA CORRIDA EM LUANDA

O termo KANDONGUEIRO vem do kimbundu kandonga, o mesmo que especular. Estes fazedores do serviço de taxi colectivo vão, a partir desta manhã, subir o preço da corrida (viagem) para Akz 100,00 que equivalem a cerca de Usd 1,1, como reflexo da subida do gasóleo e da gasolina verificada há dois meses.
E se aparentemente nos tínhamos equivocado ao escrevermos que todos os demais preços de bens e serviços subiriam em cadeia, com a alteração do custo dos combustíveis, eis que, para a nossa tristeza, "a segunda pode ser de vez".

O Kandongueiro é o principal meio de transporte em Luanda e noutras cidades capitais de províncias, razão pela qual, a subida da corrida de Akz para Akz 100,00 influeirá directamente no custo de vida das populações que procurarão a compensação nos serviços que prestam e ou nos bens que produzem/vendem.

Para o bem dos que pouco ou nada têm para levar à boca, espero que a economia real não reaja conforme se prognostica.

quarta-feira, outubro 13, 2010

INÉDITA FÉNIX TRAZ MINEIROS À LUZ

Pela primeira vez um grupo de 33 mineiros "soterrados" há cerca de três meses são resgatados com vida dum "abismo" a 700 metros de profundidade.

Deus e a ciência contribuiram para tal proeza. A Cápsula Fénix, desenvolvida pela marinha chilena, circula num espaço de aproximadamente 50cm e leva apenas uma pessoa de cada vez. O processo está ainda em curso no memento em que escrevinho estas linhas.

Para nós, angolanos, que também não estamos isentos de catástrofes e calamidades, seria de todo desejável que parte das grandes verbas alocadas para a defesa e segurança fossem aplicadas em ciência e tecnologia, como aconteceu com o Chile que não recorreu nem à China, nem aos capitalistas do ocidente para trazer os seus "quase mortos" à luz.

Bem haja!

Nota: Por indicação do comentarista sou a reconsiderar o texto agora avermelhado.

domingo, outubro 03, 2010

O TOP, AS DUAS, A INJUSTA E O BOOM

"As duas" dos irmãos Almeida (música que retrata o amor doentio por duas mulheres) foi à fase final do "top dos mais queridos" 2010, mais por força do conjunto (disco) e da popularidade grangeada pelos manos do que pelo conteúdo da letra elevada ao concurso (análise minha).

É certo que uma das funções dos actores que exercem influências sobre a sociedade é observarem, descreverem e alertarem a sociadade. Daí que o problema evocado/levantado (cantado) pelos Almeida não deixa de ser pertinente. Aos actores, também sociais, cuja missão é moralizar a sociedade cabe fazer a interpretação correcta das mensagens e encaminhar "as ovelhas para o bom pasto". Até aqui o padre Apolónio esteve bem, na sua recente homilia na Igreja católica dos Remédios (Luanda). Porém, estendeu-se ao comprido ao ter sugerido que apenas "temos de cantar o que é belo" como se a letra sobre a poligamia e a poliandria que existem aos "olhos e gostos" até de padres fosse algo feio.

E o padre criticou também em hasta pública o " vai dar boom" (sexual) da Ary. Teria sido mais lógico se se tivesse referido à forma pouco sadia e ortodoxa como ela se veste e exibe, do que atacar a letra da música que descreve formas de viver activamente uma vida sexual a dois. "Na varanda, na cozinha, na sala ou no quarto" (desde que a dois e sem zongolas) não é, a meu ver, pecado algum.

Julgo que enquanto político (anthropos zoon politikon) Apolónio Graciano deve evitar juizos pouco abonatórios para si e para o património colectivo que é a igreja Católica.

Os músicos que cantem o que vêem e ouvem. Os clérigos que façam a interpretação correcta das mensagens lançadas pelos músicos e outros actores sociais, junto das comunidades que tutelam, para que todos moralizemos a sociedade angolana que anda doentia, conforme palavras do próprio padre por quem nutro respeito.

Quanto ao Top: ganhou quem já devia ter levado o "top" a muito tempo, por quilo que já fez na música: Yola Se(m)medo e a sua "injusta".