Nos anos oitenta (séc. XX) quando comecei a me reconhecer como homem via na baixa e nos musseques de Luanda inúmeras casas com a inscrição "Relojoaria" ou "consertam-se relógios". Espreitando nelas encontrava homens aparentemente muito sérios e concentrados que usavam candeeiros auxiliares, chaves muito finas e bancadas com "buracos" onde se conservavam os pequeninos parafusos dos relógios mecânicos que consertavam.
Em finais da década de oitenta e princípios da de noventa popularizaram-se os relógios electrónicos e os relojoeiros foram tendo menos trabalho. Mesmo assim, havia ainda a coabitação dos velhos medidores de tempo, à corda, e os novos, movidos à pilha. Os relógios popularizaram-se tanto que a sua compra se tornou acessível a qualquer bolso, chegando a perigar a vida dos que viviam do conserto dos aparelhos mecânicos.
Hoje, é raro, mesmo nas próvíncias do interior, encontrar uma bancada com um relojoeiro a consertar os "mede tempo". E nem mesmo por hobbie se exerce o ofício.
Será que inexistem pessoas com relógios muito queridos por revitalizar?
E onde andam os funileiros e outros que tanta saudade e falta fazem?
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