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quinta-feira, janeiro 28, 2010

OS GANHOS DO CAN PARA A COMUNICAÇÃO SOCIAL ANGOLANA

Terminou o Campeonato Africano das Nações que Angola teve a elevada honra de bem organizar. Embora tenhamos ficado pelo caminho, com a nossa eliminação da meia-final pela selecção ghanense os ganhos foram enormes.


Os desportistas têm como ganhos garantidos, depois do CAN que Angola realizou as infra-estruturas desportivas e afins e a experiência de terem defrontado, em casa, selecções de outros quilates e com a presença de milhares de angolanos nos campos. Todos os Campeonatos em que tínhamos participado tinham sido fora de casa e por isso mesmo com uma platéia diminuta.


Os comerciantes, hoteleiros, restauradores e outros, que directa ou indirectamente participaram da organização e sucesso do Campeonato, têm também a sua parte conservada. Todas as infraestruturas construídas para dar suporte à organização do campeonato ficam para a posteridade, exigindo-se deles apenas um uso racional e virado para os devidos fins.

Os adeptos viram ressurgir o gosto pelo futebol e pela frequência dos estádios. Há já muito tempo que não se assistia ao magnífico casamento entre os praticantes do futebol e os assistentes em campo e noutros locais de grande concentração. O nosso futebol recebeu essas vitaminas. Houve até apostas entre amigos, entre jogadores, entre políticos, entre dirigentes desportivos, enfim, sobre quem ganharia este ou aquele jogo, o que foi muito bom. Esta euforia, esta paixão pelo futebol, tenho certeza que continuará para muito mais tempo e tenderá a reforçar-se. Os feitos e efeitos do CAN transportar-se-ão agora ao nosso doméstico Girabola que está à porta.


Os jornalistas não ficaram atrás. Ganharam, nos campos, as condições de trabalho neles instaladas, mas ganham algo mais: O conhecimento e a experiência profissional.


Numa organização internacional, como o Campeonato Africano das Nações (de futebol), a mobilização por parte dos Órgãos de Comunicação Social, no que toca aos jornalistas, é tão grande que todos os profissionais da casa se vêem envolvidos de forma indistinta.


Jornalistas que frequentemente se limitavam à cobertura de assuntos políticos, sociais, económicos ou culturais, como especialidades, viram-se “forçados”, no bom sentido, a experimentarem um outro lado da profissão: percorreram os campos principais e de apoio, entrevistaram jogadores e técnicos, falaram com adeptos de vários países participantes e exercitaram as línguas estrangeiras, usadas como recurso apenas nas viagens que efectuavam ao estrangeiro. São ganhos que ficam para a eternidade e que os enobrecem.


As redacções viram assim nascer, num abrir e fechar de olhos, outros expert’s desportivos. Novos comentaristas surgiram também, dada a envergadura da missão e os desdobramentos que se afiguraram necessários ao longo da cobertura noticiosa do campeonato africano das nações em futebol nas quatro cidades sedes.


Mais postos de trabalho, definitivos ou temporários, foram também criados, e muito do que andava oculto entre os homens das redacções e das áreas de apoio fez-se à luz. Despertou a vocação desportista entre os homens que todos os dias partilham as redações e as empresas jornalísticas. Mas não é tudo: Foi também a nossa voz, a nossa imagem e a nossa prosa que chegaram muito mais distante, onde nunca elas tinham sido tão valorizadas como nestes dias do CAN e nos dias que se seguem. Nós, os angolanos, escribas e analistas, estamos agora mais potenciados e estaremos sempre na linha da frente, quer em termos de organização como de narração de eventos desportivos.


Nos campos e fora deles jamais será a mesma coisa. O salto foi enorme e continuará a sê-lo porque terminado o CAN os angolanos estão motivados para vôos bem maiores!


quarta-feira, janeiro 27, 2010

AID 4 HAITI

Haiti
Tão proximo de nós, quanto a possibilidade de sofrermos uma catástrofe.


Ajudemos... Cada um usando os meios "mais à mão".

segunda-feira, janeiro 25, 2010

"FALIDEIRO" MATA E ARRASTA MULHER POLÍCIA POR 1KM

O anúncio é da corporação policial através da televisão pública. Um Toyota Hiace, azul-e-branco, em "falida", matou, na última sexta-feira, uma mulher polícia afecta à Brigada Especial de Trânsito, nas imediações do quartel daquela corporação, ao Palanca.

O jovem ao volante da viatura não era o condutor habitual da viatura e estava sem licença de condução.

 Depois da mulher polícia, em serviço, ter verificado que o motorista falava ao telefone, o que está proibido por lei, deu ordem para que este parasse a viatura ao que fingiu obedecer, atropelando, entretanto, de imediato a agente da polícia, tendo-a arrastado por mais de 1Km de distância.

O proprietário da viatura, segundo ainda a polícia, não sabia que o carro estava em "mãos alheias".

Tal como havíamos escrito nesta página, no dia 20.01.10, é  preciso evitar andar em candongueiros que estejam em "Falida".

quinta-feira, janeiro 21, 2010

ANGOLA: HABEMUS CONSTITUIÇÃO


Independente desde 11.11.1975 apenas hoje Angola tem uma Constituição. Foi um caminho longo e árduo. A Lei Constitucional que entrou em vigor em 1975 sofreu várias emendas e reajustes com maior destaque para a instituição do multipartidarismo na revisão de 1990 que propiciou as primeiras eleições no país. A primeira tentativa de se elaborar uma Constituição aconteceu em 2004/05, quando uma Comissão Constituinte, criada pelo parlamento eleito em 1992, redundou em fracasso por desistência da UNITA e falta de uma maioria de 2/3 por parte do MPLA.

Desta vez, com uma maioria que supera os  80%, o MPLA pôde trabalhar a seu gosto e contento. A UNITA participou dos trabalhos na Comissão Constitucional, mas voltou a retirar-se da sala nos dois derradeiros dias de votação por discordância com alguns articulados da Constituição coptados da Proposta C e dos quais os deputados do maioritário não cederam. Porém, a maioria do MPLA que contou ainda com os votos favoráveis da Nova Democracia e PRS permitiu levar a empreitada até ao fim. Quem se absteve na votação final foi a FNLA.

Chamado ao discurso político, o líder da Nova Democracia, Quintino de Moreira, disse comprender as inquietações levantadas pela UNITA, mas criticou o "voto de cadeira vazia" exercido pelo maior partido da oposição, uma vez que a mesma "UNITA já se fez ausente do acto de proclamação da independência em 1975".

Ngola Kabango, líder parlamentar da FNLA, parco em palavras, disse que o seu partido reconhece a Constituição que é "a partir de hoje a Constituição de todos os Angolanos".

Para Sapalo António líder da bancada parlamentar do PRS, "a evolução da sociedade torna a política mais dinâmica", dai que o seu partido vai "continuar a luta democrática para a evolução da consciência dos angolanos" a quem agradeceu pelo empenho na feitura da Constituição.

A UNITA optou pela bancada vazia.

Pelo MPLA falou Kuata Kanawa, vice-presidente da bancada, já que o titular Bornito de Sousa presidiu igualmente à Comissão Constituinte. Exaustivo no discurso, K. Kanawa avançou os anseios do Partido/Governo com a Constituição aprovada.

O Governo, representado pelo Primeiro-Ministro, Paulo Kassoma, foi convidado a assistir ao acto de votação, presenciado igualmente por outras figuras do país, convidadas para o efeito.

Mais do que um texto balizador de toda a legislação, a Constituição representa também o completar de um processo iniciado em 1961 (a luta pela independência nacional). Enquanto angolano, desejo que os juizes saibam aplicar indistintamente a Lei Magna, ora aprovada pelos legisladores, para o bem de todos os angolanos e da Nação.
Estamos todos de parabéns!
Bem haja!

quarta-feira, janeiro 20, 2010

"FALIDA": UM MAL A EVITAR

Quem frequenta os taxis de Luanda está habituado a ouvir a palavra "falida" e os mais atentos conseguem medir a perigosidade em andar num "azul e branco" em falida.

"Falida" é um termo recém-inventado pelo sempre inovador calão luandense e que significa emprestar o carro-taxi a um condutor terceiro sem o consentimento do dono da viatura.

Normalmente, os condutores/taxistas não são proprietários das viaturas com que trabalham. Laboram para os patrões a quem têm de prestar contas diárias. O valor vai de 10 a 15 Mil Kuanzas, dependente do estado técnico da viatura, da (in)documentação e do número de acentos. Ao motorista é reservado um dia por semana, sendo o outro o do descanso e manutenção. Ao patrão cabem cinco dias por semana.

Acontece, porém, que nem sempre aqueles a quem se confiam as viaturas estão dispostos a conduzir ou pronts a zelarem pelo meio que lhes foi confiado. Aqui aparecem os "falideiros" que são outros condutores no desemprego (credenciados ou não) que por via das amizades conseguem viaturas confiadas a outros para o exercício temporário da actividade de taxi. É que estes empréstimos ou cedências de viaturas nunca são feitos com o conhecimento do dono do meio.

O "falideiro" é normalmente um irresponsável. Não tem compromisso com o dono do carro e não poupa esforços para, em pouco tempo, juntar o dinheiro que cabe ao patrão (do amigo) e fazer a sua parte. Daí o uso de caminhos ínvios, transposição de buracos que danificam o meio, manobras muitíssimo perigosas, entre outros desmandos nas estradas.

Um carro nas mãos dum "falideiro" é sempre evitável pelos males acima enumerados. Muitos têm sido os danos e acidentes causados por "falideiros" sem que o dono da viatura se aperceba. Tantas têm sido também as vezes em que o "falideiro" que se compromete a fazer o serviço de transporte numa determinada rota acaba por acidentar noutra, na busca desenfreada pelo lucro rápido. Estórias há também de motoristas que viram desaparecer o carro do patrão emprestado a um amigo "falideiro". Há mesmo quem tenha ido fazer longo curso quando o propósito da "falida" era apenas a cidade de Luanda e numa rota pre-estabelecida.

Então, sai uma "falida"?
_ A minha resposta é NÃO!

sexta-feira, janeiro 15, 2010

DE OLHO NA ENGRENAGEM 2


“Angola é um país com necessidades infinitas e recursos finitos” (sic. Severino de Morais, A.N., Dez. 09). Há que encontrar remédios que nos façam chegar a um equilíbrio entre a necessidade e a possibilidade. A meu ver passa pelo uso parcimonioso do que se tem e encontrar soluções duradouras para o que ainda não possuímos.

Em potência temos quase tudo. Rios e cascatas para gerar energia, este recurso imprescindível ao desenvolvimento, faltando-nos as melhores ideias, o dinheiro e as mini-hídricas que devem substituir as centrais termoeléctricas, a diesel, que são “mais um prejuízo do que benefício a longo prazo” aos olhos de quem quer poupar. Temos os campos, enormes prados e savanas propícias para a agricultura. A guerra levou as populações a desenvolverem outras actividades temporárias e de subsistência, perdendo, algumas delas, a perícia no tratamento do recurso vital, a terra. É preciso “dar anzóis e ensinar a pescar”. Significa ensinar técnicas e práticas agrícolas modernas (Cabinda é um bom exemplo disso), facilitar o crédito bancário ou em espécie (preparação de terras, sementeiras, fertilizantes e afins) e, sobretudo, estruturarem-se os mercados para a matéria-prima agrícola.

O elevado nível de iletracia e a falta de preparação/especialização técnica e profissional da maioria da nossa população rural levar-nos-á, irremediavelmente, ainda por muito tempo, a empregar essas pessoas na agricultura. E a agroindústria é mais uma vez chamada para fazer parte da solução. Ali onde não houver empresários, será necessário sair-se do campesinato individual e passar-se ao associativismo agrícola que deve ser incentivado, formando-se os actores rurais. Da empresa pública de mecanização agrícola aguarda-se também uma intervenção de fundo e com maior acutilância. Deverá saber onde estão as potencialidades e ir ao encontro dos lavradores que hipotecarão as suas colheitas ou os seus excedentes. Já assim o foi no tempo colonial quando se ia à loja comprar sementes. O pagamento era feito apenas no fim da colheita.

Por outro lado, sendo a terra “propriedade originária do Estado” (sic. Projecto consolidado de Constituição) é preciso que ela seja distribuída àqueles que a trabalham ou que a queiram trabalhar. Há fazendas paralisadas, há décadas, ocupadas ou entregues a pessoas que nada entendem do cultivo e da criação. É preciso redistribuí-la àqueles que saibam dar à terra o esperado valor acrescentado. A criação de Zonas Económicas Especiais, viradas para a indústria e a agricultura, é um bom passo ensaiado pelo governo que de minha parte merece os devidos elogios.


 Tb. publicado pelo Semanário Económico (Angola), edição de 21.01.2010

domingo, janeiro 10, 2010

CAN ENLUTADO

(ACTUALIZADO)
É hoje (10.01.10) que começa (em Luanda, Benguela, Huila e Cabinda) aquela que se pretendia que fosse a Melhor Festa do Futebol ao Nível de África. Infelizmente a festa está maculada por um ataque armado da FLEC à equipa do Togo.

Ao meio da tarde de sexta-feira (08.01.10), os rebeldes do enclave de Cabinda atacaram a selecção togolesa quando esta se dirigia do Congo-Brazza para a província angolana de Cabinda, anfitriã de um dos grupos do CAN. Em consequência dos disparos de metralhadoras contra o autocarro, morreu o assistente do treinador togolês e um assessor de imprensa da mesma equipa. Sem vida ficou também o motorista (este angolano) e oito outras pessoas ficaram feridas.

Até ao momento desta prosa estamos ainda entre o choque e a alegria (agora contida) e não se sabe se, de facto, o Togo vai participar da festa depois de ter anunciado a desistência, momentos após o ataque à sua comitiva. Tudo indica, porém, que os togoleses vingarão os seus camaradas nos relvados e elevarão bem alta a bandeira do seu país...

O CAN está a acontecer, mas já sem a chama inicial. É que os africanos dificilmente misturam tristezas com alegrias...

22H05

E pior ainda é que na partida inaugural do CAN, em Luanda, a nossa alegria durou pouco. A faltar 12 minutos do fim, Angola vencia por 4-0 mas deixou-se empatar pelo Mali, no último minuto dos 4 de compensação... Há sorte pior?

quarta-feira, janeiro 06, 2010

"MESTRE ZÉ": UM EXEMPLO QUE RAREIA

Observando o mestre fiz o meu "curso" de corte e costura nos idos de 1987/89. De igual modo, observando o "mestre" pude conciliar a teoria da electricidade à prática.

Já houve tempos em que os pais no afã de tornar úteis os seus filhos varões apostavam em dois sentidos: A profissão e a formação académica. Hoje os tempos são outros, mas as catástrofes, para aqueles que se dão mal na academia (escola formal) também são enormes.

Encontrei a 23.12.09. no bairro da Terra Nova, em Luanda, este grupo de jovens numa oficina. Mestre e aprendizes concertavam um Toyota Starlet. A forma abnegada como o mestre transmitia conhecimentos, distribuíndo tarefas (pedido de chaves e outras ferramentas) aos seus pupilos e a forma como estes (pupilos) se entregavam ao ofício despertaram a minha atenção. Daí o mérito para esta postagem.

O mestre responde pelo nome de José Raimundo, também conhecido naquelas paragens como "engenheiro" devido a sua percia em recolocar nas estradas viaturas vistas como "sucata-morta". Da sua tragetória, sei que iniciou-se como cobrador na cisterna dum actual governante, à rua da Liberdade, vendendo água pelos subúrbios de Luanda. Depois passou a motorista. Descontente com o pouco, frequentou um curso profissional de mecânica e é agora um apreciável mestre no ofício de dar vida a carros avariados. E vai fazendo a sua escola. Desde que comecei a frequentar a sua oficina contabilizo mais de dez os jovens discipulos que conheci. Uns têm já a sua vida feita e montaram os seus próprios negócios... Há mesmo técnicos médios de mecânica que por lá fazem a prática.

É preciso incentivar e apoiar obreiros como este que ajudam a retirar jovens das más práticas, dando-lhes ofícios úteis à sociedade. O país bem precisa deles.

Parabéns Mestre Zé!

domingo, janeiro 03, 2010

"MAL AMADO DE MANEL ZÉ" SALVA HONRA DOS PALANCAS


Terminou esta tarde (03.01.10) em Portugal o período de preparação da nossa selecção nacional de futebol que deverá participar do CAN, organizado em casa, do qual se espera um resultado que supere a segunda fase conseguida no Ghana em 2008, sob comando de Oliveira Gonçalves.

No jogo derradeiro, hoje, Angola viu-se ultrapassada no resultado pela Gâmbia, no quarto minuto, tendo a honra sido "lavada" pelo até então "mal amado" do técnico Manuel José, o jogador do Valladolid de Espanha, Manucho Gonçalves, que empatou a partida aos vinte e nove minutos.

De um total de catorze partidas realizadas sob comando do português  Manuel José,  os Palancas Negras venceram apenas por duas vezes (Togo e Malta), empataram dez vezes com a Guine-Conakri, Camarões, Senegal, Cabo Verde, Congo Brazzaville, Ghana, Gâmbia, Louletano (segundo escalão português), Olhanense e Naval 1º de Maio (principal liga lusa) e perderam dois jogos contra o Portimonense e Estónia.

Olhando para as contas dos seus antecessores, arrisco-me a dizer que se Manel Zé não ficou atrás de Mabi de Almeida em termos de maus resultados, já não se lhe pode dar o mérito conseguido por  Oliveira Gonçalves, o homem que não só nos levou ao Mundial de 2006, como também nos levou à segunda fase de um Campeonato Africano das Nações.

Faltando seis dias úteis para o nosso onze nacioanl "alimar as últimas arestas", já no país, seria de todo útil que o comandados de Manuel José conhecessem o piso em que vão jogar e se habituassem ao clima de Luanda, palco das "hostilidades", já que clima e estado do relvado foram as desculpas mais apresentadas pelo treinador luso para explicar os seus desaires na Europa. Por tudo o que disse, resta-me desejar que o pastor Manel Zé consiga levar o "nosso rebanho a bom pasto" e devolver aos angolanos a alegria que há muito nos foge no que ao futebol diz respeito.

Não sendo dos mais fanáticos adeptos dos actuais Palancas, nem dos mais acérrimos cépticos, quero também esperar que o "rebanho" reencontre a alma e vença tudo e todos que se lhe atravessem o "caminho verde" do Estádio 11 de Novembro, a partir de 10 de Janeiro.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

O AMOR DOS KALUANDAS AOS BICHOS DE ESTIMAÇÃO


Considero-me dum tempo em que o cão ainda era o amigo fiel do homem e o apreço deste pelo seu bicho era de extrema grandeza. Tão nobre era a relação que ao perder o cão o homem sentia algum vazio e muitos chegavam mesmo a realizar funerais aproximados aos com que se brindam os humanos. Os cães eram realmente bichos de estimação usados na guarda de casa, na caça, nos serviços policiais, etc..

A par do apreço do homem/dono havia os serviços camarários que recolhiam os "imbua se ngana ie"* sempre que encontrados a vadiar ou mortos na estrada pública para que não infestassem o ambiente de podridão e não afectassem a saúde pública... E hoje?

_ Assisto, com nostalgia dos tempos que já lá se foram, ao degradar desta relação cão/homem e homem/cão. Mais por culpa dos racionais do que dos canídeos. Vezes sem conta aqueles que cuidam de nossos bens patrimoniais são jogados fora de casa porque estão acometidos de alguma moléstia ou lhes pesa a idade e fraqueja a tenacidade no latir. Outras vezes são até mortos pelo próprio dono... E quando atropelados por imprudentes automobilistas nunca se lhes é dada a dignidade que merece um verdadeiro bicho de estimação.

Quanto aos serviços camarários que deviam recolher os cães sem dono, mortos ou vivos, estes deixaram de existir. Se existem deixaram de cumprir com o seu ascéptico papel. Que fazer?
_ Falta amor... É preciso cultivar o amor em 2010. "Quem mata cão não tem coração"!

*cão sem dono