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terça-feira, fevereiro 28, 2012

Wa Xisa Veya, wa Sakana Veya

- Wa xisa veya, wa sakana veya (bis)
Era essa a canção que marcava nossos momentos de "malambas" entre o Manuel José e eu nos idos tempos em que "militei" na LAC.
Nesta segunda-feira, 27 Fevreiro, fui rever o "Manel Zé", com quem apenas me tenho comunicado ao telefone, já fazia tempo. E, tivemos a oportunidade de, novamente, recitar o nosso "Wa xisa veya, wa sakana veya".
Também fui à RNA confabular com o Kitembo, a Naza (AM) e outros confrades. Na Eclésia (que saudade do Clube de Amigos de Jornalismo da IMUA-Moisés) reencontrei a Da Costa e a Volola que me fizeram recuar no tempo.
Mas não foi tudo. Conheci novos amigos noutros media e revi velhos companheiros de viagens e reportagens. Como a vida é tão aberta nas redações noticiosas, onde não há distinção de sexo nas conversas que apenas acontecem nelas!
Foi bom reviver nove anos de microfone em punho e conversas sem tabús.

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: UM VENENO CONTRA O PRÓPRIO HOMEM

Miguel Sakandembe tem 74 anos e viveu a sua infância em Saurimo. Sempre que passa pela nova ponte do Muangueji lembra-se dos dias de praia fluvial que teve e das pescarias com os SEUS amigos. Hoje, do rio da sua adolescência e juventude só restam saudades. As areias, resultantes das ravinas, transportadas do Acampamento, Manauto e Xikumina fizeram desaparecer a água e quando ela é vista, neste tempo de chuva, está toda turva, impedindo a reprodução de cardumes e de plantas ribeirinhas.
Nas suas nostalgias, Sakandembe lembra-se também duma cidade com bastantes árvores e, sobretudo, bambúss que, com as suas infindáveis raízes, serviam de cortina contra a erosão das terras. Foi um tempo em que as ordens eram acatadas e todos tinham responsabilidade sobre a vida colectiva e sobre o futuro de Saurimo.
Os dias que se seguiram à nossa independência, se bem que alegres, pois os destinos do nosso país são ditados por nós memos angolanos, foram também de algum descuido. Partiram-se casas e lojas que seriam úteis aos nossos filhos. Cortaram-se árvores que nos dariam sombras e travariam a força erosiva da chuva, sem que outras fossem plantadas para substituir aquelas que o crescimento da cidade forçou o seu abate.
Os bambús serviram para fazer o colmo de muitas casas e até hoje o que ainda resta vai sendo cortado indiscriminadamente, sem que uma outra cortina arbórea seja instalada aí onde termina a cidade.


Madalena Nakala vende carvão no mercado do Catorze. A senhora nos seus trinta e tal anos já perdeu a conta de quantas árvores derrubou para a feitura de carvão. Muitas áreas que eram florestas estão hoje desmatadas e com sérios riscos de nascerem ai outras ravinas por falta de cobertura vegetal. Madalena sabe que sem árvores jamais seria possível fazer o seu negócio, mas nunca participa de campanhas de plantio de árvores.
To-Zé Sakalumbo que vive no Murieji é um grande caçador. Todos os dias as suas armadilhas apanham cabras do mato, lebres e outras presas que comercializa no mercado do Adolfo.
Única coisa que ele ainda não dominava era a necessidade de fazer a selecção de presas apanhadas vivas. Um certo dia foi surpreendido pelos homens que trabalham na preservação animal e foi aconselhado a soltar as fêmeas, sempre que encontrasse o animal ainda vivo, porque são as fêmeas que permitem com que haja crias todos os anos. To-Zé segue o conselho e é agora um disseminador destas ideias na comuna do Murieji. O jovem To-Zé também participa das campanhas de arborização e está sempre a falar às vizinhas para que deixem de mandas as crianças deitar o lixo, pois a sua pouca altura não os permite colocar o lixo no contentor.
To- Zé e Madalena Nakala são pessoas  da mesma faixa etária, mas muito diferentes, devido ao comportamento que evidenciam perante o equilíbrio da biodiversidade.
Plantar árvores para impedir o surgimento de novas ravinas, substituir as árvores que se cortam por velhice ou devido ao necessário alargamento da cidade, ensinar as crianças onde e como depositar o lixo, poupar as fêmeas na caçadas para permitir a reprodução dos animais, evitar a desflorestação das nossas matas para que tenhamos ar puro e sombras, deixar de lavar carros junto as ribeiras para evitar a contaminação das águas, entre outras medidas são tarefas de todos nós. Devemos nos esforçar em consegui-lo  para que nem nós, nem nossos filhos tenhamos no futuro lamentos piores do que aqueles do Kota Sakandembe.
 Cuide de si e do que está à volta de si.

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

UM RELAXANTE CHAMADO IGREJA

Aos domingos,  frequentar uma igreja torna-se uma terapia social contra o stress, fadiga, vícios nefastos à saude fisica e psiquica.
A igreja, sobretudo as protestantes/evangélicas que ainda não foram mercantilizadas, levam-nos à abstração, reflexão e introspecção e retira-nos dos lugares comuns geradores de fadiga e vícios.

A igreja torna-se assim, para além de lugar de adoração, um local de reencinto de reencontro de contemporâneos, colegas, amigos e irmãos na fé que vivem todo o ambiente lúdico criado com os cânticos, jograis, teatros, ofertórios, acção social e educacional, etc.

A igreja torna-se ainda um agregador de sinergias e carregador de energias para além da já citada  terapia contra o stress.
Ainda não sabe onde viver esses momentos?

Procure por uma Igreja Metodista Unida e consulte a bíblia em Mateus 7:7-8.

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

A PORRADA CONTINUA: NOS "CONGOLENSES"

Passados dois anos desde que visitei pela última vez a zona das Pedrinahs, a Terra Nova, julgava que a "porrada" dos polícias e fiscais administrativos de Luanda contra as "zungueiras" tivesse terminado ou no mínimo houvesse com as denúncias quase diárias um tratamento mais humano para com aquelas senhoras do arreió-arreió.

É que ao passar pela rua Lino Amezaga que Liga a Avenida Brasil (Hoji-ya-Henda) à Estrada de catete (Avenida Deolinda Rodrigues) roçando o mercado dos congoleses (vulgo congolenses), pude ainda ser brindado com o mesmo filme: um policia corria ferozmente atrás das zungueiras que comercializvam nos passeios, chegando mesmo a se apoderar da bacia de uma delas. E o polícia não estava sozinho.
Os seus colegas estavam sentados e expectantes numa esquadra móvel aí estacionada (vulgo roulotte), enquanto um outro individuo, a paisana, e ostentando um porreto e rádio de comunicação semelhante ao que usava o polícia, acondicionava os trofeus recebidos das zungueiras mais desatentas.

Será que os chefes da corporação  já explicaram para onde os seus subordinados levam essas bacias e respectivas imbambas? Seria bom que as zungueiras soubessem.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

ATÉ QUANDO VIVEREMOS COM OS ETERNOS PROBLEMAS DE LUANDA?

Sempre que estou em Luanda, invade-me um misto de alegria e tristeza. 
Alegria porque partilho o calor e a amizade da familia: dos filhos, dos sobrinhos, da esposa e dos amigos.
 
Tristeza porque noto que na nossa capital os serviços básicos sempre desandam na nossa capital: a crónica falta de energia eléctrica, a deficiente recolha de lixo, a falta de água em muitos pontos de Luanda, a acumulação de areias nas bermas que provocam muita poeira, a falta de iluminação pública, o trânsito caótico e desordenado, a ausência de drenagem das águas pluviaias, os buracos nas estradas e as estradas mal construídas, as obras suspensas, o cheiro nausdeabundo que brota das fossas entupidas em plena cidade e arredores, etc. etc, um mar de problemas há muito adiados que fazem de Luanda, ao ver de quem aqui não vive e com experiências doutras cidades, uma selva.

E falando sobre lixo, no bairro em que vivo, Vila Nova, Viana, Sector 1, há mais de seis meses que os resíduos sólidos não são recolhidos. A administração entendeu realizar obras de drenagem das águas pluviais no bairro, o que quase todos os moradores louvaram, mas por via disso os acessos para as máquinas e equipamentos de recolha foram bloqueados e o resultado está aí: um mar de lixo e suas habituais consequências como acumulação e reprodução de moscas, mosquitos, ratos, gatos, etc. Só não se fala de outras doenças porque, felizmente, a chuva ainda tarda em chegar.

É caso para se dizer que, se por um lado estão a tentar resolver um problema (o das águas publivias), por outro impedem a recolha do lixo que já engoliu uma ruela (por sinal a minha) e ameça fortemente os quintais.

E como as coisas estão aí à vista de qualquer um, basta perguntar pela Padaria Cameha e rapidamente se encontra o local que fica a uns cem metros. A administração de Viana sabe disso mas as coisas continuam como estão...