Translate (tradução)

domingo, setembro 21, 2008

LIBOLO JÁ “PICA CALCANHARES” MILITARES



Tido inicialmente como o boombo da festa, fruto da derrota frente ao D’Agosto, no no baptismo por 4-0, o Desportivo do Libolo é hoje quem mais “come” o calcanhar da equipa militar, separadas agora por apenas 4 pontos. Depois do empate na segunda volta do Girabola e afastamento dos militares da Taça de Angola, a equipa de Calulo, que aquando do apuramento foi tão somente o segundo da série B, é tão somente a surpresa deste campeonato.


Começando por conservar as honras de casa, em que perdeu apenas uma vez para o Petro de Luanda, o Desportivo foi, no escalão superior do nosso campeonato de futebol de “primeira água”, ganhando forma, corrigindo os erros e suplantando os seus adversários, incluindo os “papa títulos” a quem quando não vence, “rouba” pontos. Como suporte destes ganhos está o dinamismo da sua direcção, massa associativa e, sobretudo, dos patrocinadores.


Nesta 21ª jornada o Libolo foi ao terreno do Sagrada Esperança e apagou a luz de vitória dos diamantíferos, a quem derrotou por 0-1. Fruto desta “retumbante” vitória, os comandados de Luís Mariano não só consolidaram a terceira posição do campeonato, como 37 pontos, como também já acendem o piscas para encostar-se ao D’Agosto que, em caso de deslize, pode ver ameaçado o segundo lugar que ostenta.


A contar com a moral elevada dos libolenses, posso mesmo afirmar que é muita pena termos o campeonato já no fim e os pontos ainda em disputa isentarem confrontos directos entre o Libolo e os militares do D’Agosto e os petrolíferos de Luanda que seguem no comando na nau.


Com grandes possibilidades de vencer a Taça de Angola, segunda competição futebolística mais importante do país, onde já não se encontram nem os militares nem os petrolíferos, a equipa das terras do Café, o Libolo, rapidamente se desfez do casaco de dependente de pontos para se tornar no temível “tomba gigantes”, sobretudo nesta segunda volta do Girabola.


Quem se sente feliz em receber o Libolo, quer em sua casa, quer em casa alheia? Sedentos de pontos, os conjuntos da cauda jamais o desejariam. Temerosos em perder os lugares que ostentam, igualmente não o desejariam os “mandões” da fila. E assim o Libolo vai fazendo o seu campeonato perante 13 “aflitos”.


Para 22ª jornada do Girabola em que o Recreativo do Libolo recebe em sua casa o Santos FC com 34 pontos.

Apenas duas perguntas se colocam: Terá o Santos força para impor a segunda derrota caseira aos libolenses ou será desta que o Libolo atinge o quadragésimo ponto?


Sabendo que a equipa de Calulo vem moralizada da última jornada em que venceu fora de casa, igual proeza conseguida pelo Santos que venceu os petrolíferos do Huambo, adivinha-se um jogo de “roer e doer”.

- Falta pouco e quem viver verá!


Luciano Canhanga

quarta-feira, setembro 17, 2008

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS: CONTAS FINAIS


Divulgados os resultados gerais e definitivos das segundas eleições que tivemos em Angola, decorridas entre os dias 5 e 6 deste mês de Setembro, urge fazer algumas análises que se impõem.

Teremos um parlamento com 220 deputados distribuídos por cinco bancadas de 191, 16, 8, 3 e 2 deputados respectivamente para o MPLA, UNITA, PRS, FNLA e Nova Democracia.
Dos partidos concorrentes às eleições e que não conseguiram acentos, apenas o PDP_ANA se livra da extinção compulsiva, já que conseguiu tangencialmente transpor os 0,5% da votação geral exigida por lei. Os que não concorreram ficam obrigados a concorrer em 2012, sob pena de extinção.

Dos 90 deputados eleitos nos círculos provinciais, apenas 6 foram para a oposição (PRS=3; UNITA=2 e FNLA=1).
Dos 130 deputados do circulo nacional apenas 23 foram para a oposição (UNITA=14; PRS=5; ND=2 e FNLA=2).
De um total de 8 milhões e 300mil eleitores inscritos, descontando os mortos tivemos uma taxa de abstenção de 12,545, tendo ido a voto 87,36% dos eleitores cadastrados.

E que dizer de formações como o PRD, PPE e FOCAC que dizem ter conseguido as 15 mil assinaturas com que se habilitaram à corrida, mas que findo o escrutínio acabaram com menos de 15 mil votos?

Já agora, quem representa no parlamento as mulheres do PRS, FNLA e ND (partidos que apenas fizeram eleger homens)?

Luciano Canhanga

segunda-feira, setembro 15, 2008

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS: BENEFICIADOS E PREJUDICADOS


Olhando para o Boletim de voto que tinha à cabeça o PRS, na posição 10 o MPLA, na 11 a UNITA, na 9 a Nova Democracia e na 12 o PADEPA, é normal que tenha havido partidos que se beneficiaram da posição que detiveram na Lista ou ainda da aproximação dos partidos de maior expressão.

O PRS, número 1 na lista, pode ser considerado o que mais ganhou com o facto de ter ocupado um lugar privilegiado. Pessoas de baixa formação e os indecisos que se dirigiram às urnas apenas pelo facto de o voto ser um dever e igualmente um direito, não deram voltas à cabeça e colocaram o Xis no primeiro quadrado. A primeira posição no boletim também terá impedido que os seus adeptos votassem noutros partidos, visto ser quase nula a possibilidade de engano. “Um é um e está em primeiro lugar”. Apesar disso, reconhece-se também o facto de ter regiões em que é um partido expressivo, tendo por via disso eventualmente perdido também alguns Xis a favor do número dois.

Mais do que o PRS, a Nova Democracia terá sido quem mais se beneficiou da posição que ocupava no Boletim de Voto, pois tinha à sua frente o "gigante" MPLA e para além de se ter apresentado com uma bandeira amarela, (cor também amplamente difundida pelo partido vencedor). Na ND terão votado muitos iletrados, os cansados, os embriagados e os com deficiências visuais que terão confundido o quadrado correspondente ao número 10 ao anterior. O mesmo terá acontecido com o quadrado imediatamente posterior, o 11 da UNITA.

Analisemos os dados conseguidos pela ND, quando estão contados e divulgados 100% dos votos em 17 províncias, com excepção de Luanda.

Em Cabinda, onde o MPLA tem 62,93% dos votos a ND conseguiu 0,88% e ocupou a 8ª posição. Na Lunda Sul, onde o MPLA teve 50,54% a ND teve 0,84% e foi 4º. Conclusão: enquanto menos votos conseguiu o MPLA, menor foi o desperdício a favor da ND. Excepção no Bengo onde o elevado grau de literacia dos eleitores terá impedido que tal “fuga” acontecesse em massa, mesmo tendo o MPLA conseguido 89,97%, contra os 082% sendo 4º.


Vejamos outros números: Em Benguela o MPLA obteve 82,51 e a ND conseguiu “apanhar” nada mais do que 1,5% que escaparam do "saco" do maioritário e foi o 3º mais “votado”. No Cunene o maioritário arrecadou 93,37% e a ND 1,44% obtendo também a 3ª melhor safra. No Kuanza-Norte onde os camaradas saíram com o “saco” cheio, 94,73%, a ND conseguiu “apanhar” 1,18%, ocupando a 3ª posição, passando-se o mesmo no Kuanza-Sul onde o partido no poder obteve 86,46% do eleitorado, contra 2,07% de “desperdício” a favor da ND que ficou na 3ª posição. Em Malanje o M levou ao seu "saco" 93,12% dos votos contra 1,31% da ND que ficou na 4ª posição, atrás do PRS.

Assim sendo, de grão a grão, enchendo o papo, a ND conseguiu ainda o quarto lugar ,1,36%, no Uige onde o “devorador” MPLA ficou com 89,21%. Na Huila onde o partido vermelho, preto e amarelo consegui 90% do eleitorado, a sorteada ND arregimentou 2,10% e a 3ª posição. E foi na mesma senda que conseguiu ainda outro 3º lugar no Namibe, com 0,88%, contra 94,35% do “Papa Tudo”.

Outros 4º s lugares obteve a ND no Bié (74,93%-1,67%), no Huambo (82,05%- 1,7%), no Moxico (85,29%- 1,45%) e no Kuando Kubango onde conseguiu 1,26% contra os 79,64% do MPLA que surgiu à igualmente à frente no Zaire (67,49%-0,83%), tendo a ND ocupado nesta a 6ª posição.

A “emergente”, Nova Democracia, mesmo sem ter predominância em nenhuma província como é o caso da UNITA (em Cabinda, Zaire, Benguela, Huambo, Uige, Bié e Kuando-Kubango onde pode eleger deputados), do PRS (na Lunda Norte, Moxico, Lunda Sul e Malanje), FNLA (no Zaire e Uige), consegue um deputado no Círculo Nacional.

Se a então desconhecida ND é agora a quarta formação partidária mais votada, beneficiando dos factos acima narrados, quem foram os “prejudicados”?

- Com certeza que foram aqueles que capitalizavam as atenções e que acabaram por ser os mais votados, independentemente dos resultados finais. O PADEPA é outra formação que terá beneficiado bastante dos "maninhos" da UNITA, dada o ordem de colocação no boletim. Mas a UNITA também se beneficiou dos votos do PADEPA tendo em conta ao apelo de Carlos Leitão para que os militantes desta formação que ainda se revêem nele (Leitão) depositassem o seu voto na UNITA.


Luciano Canhanga

quarta-feira, setembro 10, 2008

OS PARTIDOS E A (DES)INFORMAÇÃO DA MEDIA

Escândalos, sangue, saque, acção, enfim. Tudo o que rompe a fronteira da normalidade faz manchete nos jornais e nos noticiários audiovisuais. Porém, recomendam os cânones que “só a verdade deve ser divulgada”, quanto mais se aconselha que ”todo o cuidado é pouco” no apuramento da veracidade dos factos.

Entre nós, se os escândalos, os saques e o sangue apetecem e aquecem à nossa comunicação social, atrás não fica a inverdade. E vou ater-me apenas a um facto que é o surgimento das “Renovadas” entre as nossas formações políticas. As facções e as suas lideranças trouxeram ao nosso discurso jornalístico uma grande confusão, pois a procura do escândalo, do anormal e do “politicamente correcto” acabam por confundir muito mais as populações, já quase despidas de informação credível, séria e rigorosa. Vejamos o que se tem passado:

Partidos como a Unita (felizmente já sem renovada, mas com muitos “fundadores”), Fnla, Prs, Pajoca-Pp, Padepa, entre outros de pouca expressão, trouxeram à esfera pública a ideia de uma bicefalia para uma mesma bandeira, mesmo existindo casos em que o Tribunal Supremo e ou o Tribunal Constitucional vieram ao público esclarecer quem era legal e quem era o impostor. Nestes casos, a media angolana tem sido pouco inteligente no uso da função formativa (da opinião publica) e da sua missão de informar com verdade, pois todos eram/são tidos como presidentes, em função do interesse, do momento ou das circunstâncias.

O caso mais sintomático terá sido o de Ngonda e Holden e depois Ngonda /Kabango da Fnla. Alexandre André (Pajoca) e Tetêmbua (ilegalizado) travam outro duelo na media, quanto à presidência do partido. No Prs, Kuangana e Muachikungo (ilegalizado) travam outro protagonismos mediático, com alguma media a atribuir o título de presidente a quem foi expulso do partido, há já dez anos e que viu a sua suposta ala negada pelo Tribunal Constitucional. No Padepa, depois do acórdão do Tribunal Supremo que dava razão a Carlos Leitão (então presidente) no diferendo que travava com Silva Cardoso e pares que o acusavam de ter rasurado os Estatutos do partido depositados naquele órgão de justiça, o novel Tribunal Constitucional acabou por legalizar a candidatura, às eleições legislativas, a facção de Silva Cardoso, empurrando para a ilegalidade aquele que era o presidente de jure, Carlos Leitão. E mais uma vez, a media não tem sabido dar as cabíveis explicações aos seus públicos, nem separar as coisas, ou melhor, dando “nomes aos bois”. Carlos Leitão é citado como presidente, tratamento semelhante reservado a Silva Cardoso. E o público pergunta:

_ É possível que um partido tenha dois presidentes? ou quem é o presidente de quem?

Perante um povo que perdeu o interesse pela política, devido aos efeitos da política em tempo de guerra e suas consequências, precisando por isso de uma repolitização, desinformações como essas acabam por criar, ainda mais, uma antipatia pelos fazedores de política, vistos como pessoas confusionistas, pouco sérias e oportunistas. Aqui, até mesmo os que incentivam as bicefalias ou os tratamentos dúbios, pela comunicação social, acabam por levar por tabela.

O realinhamento político-partidário, fruto das aceitações e negações de candidaturas às eleições legislativas, fazia antever, para a nossa media, uma definição quanto aos nomes e aos cargos mas, pelos discursos, parece tudo estar na mesma. O que se adivinhava claro escurece cada vez mais, sendo importante e urgente que alguém ouse em “pôr ordem no circo” e definir para a media e para sempre quem é quem.

Ao entrarmos para a Nova Angola, seria bom que não houvesse mais duas cabeças para uma mesma bandeira. E se os politiqueiros assim não o entenderem, nós, os da comunicação social, que soubéssemos distinguir quem é “o patrão e quem é o gavião”, valorizando os valorizados pelo Tribunal Constitucional e remetendo aos seus verdadeiros lugares aqueles que apenas apregoam confusão. Se assim procedermos, estaremos apenas perante um exercício favorável a uma informação limpa, verdadeira e pedagógica.


Luciano Canhanga

segunda-feira, setembro 08, 2008

VIVA O POVO!


Fomos às urnas e votamos. Escolhemos quem nos merece. Os números falam por si. Houve constrangimentos em Luanda e noutros locais de diversas províncias como a falta de boletins de votos ou de envelopes para os votos especiais. São constrangimentos que afectaram a todas as formações concorrentes e não a apenas uns. Por isso se houve lisura houve para todos. Quem está de parabéns somos nós, os angolanos que dissemos SIM AO VOTO MASSIVO.

O MPLA tem uma maioria absoluta, fruto do seu trabalho governativo e do convencimento do eleitorado ao longo da campanha plítica. O Grande perdedor destas eleições é, sobretudo, a UNITA que fica com menos de 50 deputados em relação à cessante legislatura. Perdeu também o PLD e todos os demais partidos que ficam abaixo dos resultados de 1992.

Quanto à UNITA, digo que pagou apenas os erros do seu antigo líder que desencadeou contra Angola e os angolanos uma guerra impiedosa durante 10 anos que nos serviriam para desenvolver o país depois das primeiras eleições. A UNITA só tem de se virar contra Savimbi e não evocar fantasmas. Virar-se contra Savimbi passará por uma grande regeneração e reflexão interna. Desligar-se dele definitivamente. Deixarem de imitar o seu falar…Deixar de usar a sua imagem na feitura de política doméstica, pois só lembra aos angolanos os anos de atraso a que se votou o país.

A Samakuva só resta um caminho: Aceitar o mais cedo possível os resultados, ainda que parciais, de modo a tranquilizar o povo que anda receioso. Em 1992 só voltamos aos tiros porque a mesma UNITA, carregada por Savimbi, ameaçou que “caso fossem divulgados os resultados das eleições o pais pegaria fogo”, chegando depois a negar os resultados tidos por todos observadores como “geralmente livres e justas”. Quererá Samakuva trazer medo e desconfiança? Sabendo que ele é homem de bem, com certeza que não fará o mesmo que Savimbi.

Sejamos coerentes, voltemos ao trabalho porque há pontes que aguardam por reparação e ou alargamento, estradas por concluir, casas por construir e fábricas por erguer.

Viva o povo e

Parabéns ao MPLA!


Luciano Canhanga

sábado, setembro 06, 2008

CUMPRIMOS VOTANDO



Entre os dias 5 e 6 de Setembro de 2008 o maior orgulho dos angolanos é (era) ter o indicador direito pintado de negro indelével.

E com uma grande afluências às assembleias de voto (muitas) espalhadas pelo país, os mais de 8 milhões e 300 mil eleitores disseram SIM aos apelos dos políticos e da Sociedade Civil para o voto. E cumprimos com o nosso dever cívico que é também um direito: VOTAR.
Luanda, a maior praça eleitoral, teve alguns constrangimentos logísticos que levaram o Presidente da CNE, Caetano de Sousa, a levar a "mão à palmatória", anunciando medidas excepcionais que consistiram na ampliação do tempo de votação, por mais um dia, em mais de trezentas assembleias de voto da capital angolana.

Depois de informações desencontradas sobre a lisura do processo, os mesmos detractores já vieram ao público dizer que está tudo OK. Ainda bem que assim o fizeram. Luiía Morgantini ,a voz mais ouvida dos observadores e que representa a União Europeia, teve de fazer desmentidos à imprensa estrangeira que a citava como tendo dito que "às primeiras horas da manhã do dia 5 de Setembro o processo era comparável a um escândalo".

De mãos dadas, não importando para que partido votar, tal qual o desejou Luke Dube, "Together as one", assim procedemos: Fizemos as nossas escolhas para esperar que
VENÇA O MELHOR!

Luciano Canhanga

quinta-feira, setembro 04, 2008

O MELHOR DISCURSO DO PDP-ANA

Se alguém perguntar, qual foi o melhor discurso passado no tempo de antena, quer na Rádio, quer na Televisão, pelo partido Pdp-ana, qualquer pessoa que tenha acompanhado a campanha política deste partido não terá outra resposta: Foi inequivocamente o de Mfulupinga N’Landu Victor, morto em Junho de 2004.

Durante o tempo de antena deste partido na TPA foi exibido, no dia 01/09/08, um dos mais concorridos comícios do finado líder do Pdp-Ana, nas proximidades do Kinaxixi (ainda se viam as paredes das antigas instalações).

O Matemático Mfulupinga, que até parecia ressuscitado, explicou aquilo que considerava ser o binómio da governação do Mpla, e dizia: “Quando há luz não há água e quando há água não há luz”…

Felizmente é um discurso já gasto pelo tempo e pela nova dinâmica que o país ganhou com a reconstrução de muitas infraestruturas sociais, mas lá estava um “pastor para ovelhas” no seu tempo.

No discurso, Mfulupinga pedia também aos seus correligionários e apoiantes que erguessem as mãos a Deus e pedissem para que este “perdoasse os pecados do Mpla” ao mesmo tempo em que “ajudasse o Pdp-Ana a ascender ao poder”.

É pena que Mfulupinga já não esteja entre os vivos para conferir os frutos dessa oração a Deus Poderoso.

É igualmente pena que o seu Pdp-Ana não consiga encontrar alguém que se encoste aos pés do seu antigo líder, para com o mesmo vigor, apelar ao voto, ainda que fosse com outro discurso e para outros ouvintes.

Enquanto tal não acontece, o povo terá apenas uma solução: Votar X no X e esperar que a oposição encontre outro Mfulupinga. Um homem que lute pelo poder usando apenas a palavra e jamais as balas. Um homem que saiba estar na oposição, abrindo caminho para o despertar dos que se julguem excluídos. Já que é no Parlamento que se deve cobrar a aplicação das promessas eleitorais, lá é o lugar da oposição, onde Mfulupinga soube estar.

Luciano Canhanga

terça-feira, setembro 02, 2008

(RE)VIVER O COMUNISMO

Revivi o Comunismo. Não na vertente científico-filosófica como o definiram Marx e Engels, mas na vertente vivencial. No sentido de partilha do tudo por todos em comunidade.

Passar dias numa comunidade Rural de Angola é reviver momentos inolvidáveis de uma educação comunitária, onde os filhos são de todos (entenda-se: da comunidade), sendo a sua formação profissional e intelectual uma obrigação também de todos.

Aprendi e nestas vivências a respeitar todo o adulto masculino como meu pai ou irmão ou avô e toda adulta feminina como mãe, irmã ou avó. Princípios que há muito desapareceram nas comunidades urbanas como Luanda, onde me radiquei há 24 anos.

Revivi o gosto da partilha de bens pela comunidade, sobretudo pelos membros consanguíneos. E para me recordar desta necessidade, minha mãe recitou um velho adágio: ki’ovalo kia kuokia, ka ki teleka! (O de família não se cozinha. Assa-se!) E assim, a “minha velha” foi repartindo os peixinhos que levei, dois a dois ou um a um, em função do agregado das suas parentes. O certo é que ninguém ficou a ver navios. Excelente lição para os nossos novos hábitos egoístas!

Reaprendi também que quando um visitante se destina a uma casa este não é apenas hóspede de uma pessoa em concreto, mas de todos os parentes. Assim os meus dois dias foram passados de convite em convite para almoços e jantares, tendo mais uma vez a minha mãe ficado sem servir, sequer, uma refeição. E muitos ainda se sentiram menosprezados por não haver estômago que respondesse aos inúmeros convites. Outra lição aprendida na Localidade de Pedra escrita, município do Libolo, Kuanza-Sul.

Luciano Canhanga