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domingo, dezembro 30, 2012

KARIANGO: QUEM TE VIU E QUEM TE VÊ?


Kariango, comuna do município da Kibala, Kwanza-Sul.
Estou sobre a ponte do rio Longa (já a chamam de ponte antiga, pois a nova está a ser construída mais acima,na nova estrada asfaltada). Aqui, as pedras em forma de tartarugas, combinadas com o efeito da água e vegetação criam um efeito de beleza rara.
A isso se acresce a presença de mulheres cuidado da roupa e as crianças que lavam a loiça, aproveitando uns pinos na água que no tempo chuvoso ganha uma coloração semi-acastanhada.

A 50 km da vila de Kibala, Kariango é um vilarejo que ensaia os primeiros passos, depois do impacto nefasto da guerra que afectou toda a sua infra-estrutura. Pouco sobrou da guerra (1975-2002) e da força destruidora da natureza. Hoje, à excepção da administração comunal, as casas mais vistosas são aquelas reabilitadas pela construtora Queiroz Galvão utilizadas como alojamento para os seus trabalhadores não locais.

Os pequenos serviços e o pequeno comércio só agora vão dando sinais, fazendo adivinhar dias melhores. Em Kariango está projectada uma mini-hídrica que pode revolucionar a vila, pois a energia eléctrica é factor de desenvolvimento.

Sendo kariango uma comuna potencialmente agrícola e onde despontam fazendas como o Projecto Terras do Futuro, é de crer que, com a estrada asfaltada e a energia eléctrica projectada, surjam na circunscrição pequenas ou médias indústrias agrícolas que podem revitalizar a economia familiar e regional.

quarta-feira, dezembro 26, 2012

QUEM VÊ TUNDA-A-VALA NÃO ESQUECE LUBANGO

TUNDA-A-VALA: 20. OUT. 2012
 
Quis a natureza que ficasse no Lubango, Centro-Sul de Angola.
É um excelente lugar turístico e com uma história repleta de episódios, uns agradáveis e medonhos, nos tempos que marcam a nossa existência.
Dizem que aqui já se fuzilaram "contra-revolucionários". Será verdade?
Verdade ou mentira, não há vestigios de dor. Há é uma bela paisagem e vista agradável.

sexta-feira, dezembro 21, 2012

KIBALA PODE TER “CARA LAVADA”


Edifícios em escombro tornaram-se o cartão de visita da "cidade" de Kibala (K-Sul). A guerra pós independência pós tudo abaixo e o que resta são escombros e edifícios fortemente estropiados. Neste "kaprédio" que a imagem mostra funciona, na parte inferior, o Restaurante Kandimba. Ao lado, foram, felizmente, erguidas bombas de combustíveis pertencentes à Sonangol. Têm uma loja e um restaurante, conferindo outra imagem à urbe.
 
 Contou-me o meu amigo, Pastor Vinte e Cinco, que em 1974 foi atribuída a categoria de cidade, feito publicado em uma portaria de então. É certo que haviam programas de desenvolvimento da "cidadela", embora tivesse apenas uma rua a cortá-la em dois blocos (EN120).
A malha rodoviária da Kibala forma uma bi-forcação, agora em forma de X: à direita (sentido Luanda-Huambo) está a estrada que nos leva à Gabela-Sumbe. À esquerda a estrada que nos leva ao Mussende-Malanje. Ao sul a estrada que nos leva ao Dondo-Luanda e a norte a que nos leva ao Wako-Huambo, pasando por Katofe que era, à época colonial, uma mui crescente vila agrícola que estava a ser erguida por camponeses madeirenses (Portugal) ali aportados em princípios da década de 60 (Sec. XX). Katofe fica a aproximadamente 10Km de Kibala e está hoje em escombros que se tentam reerguer com muito custo. Está a ser implantado no local um projecto agrícola, dada as suas potencialidades e a existência de infra-estruturas. 
Quem decretou a vila de Kibala como cidade em 1974 teve a sua razão. Kibala seria hoje uma média ou mesmo grande cidade, pois já contava com industria nascente como a mini-hidrica de Katofe (EN120) e a do Kariango (EN240), bem como a moageira KAIMA que transformava o milho, uma das principais culturas da região. Lembro-me ainda que havia uma unidade de empacotamento de arroz que era igualmente produzido na região (Fazenda América e outras que hoje só restam os nomes). Os ananazes da Kibala eram ainda a principal matéria-prima da fábrica de vinhos do Dondo, encerrada em finais dos anos 80 do século XX.
E, como os tempos são de mudança, indo ao encontro daquilo que já devia ter acontecido, o Pastor Vinte e Cinco, kibalista bastante respeitado na região e em Luanda, contou-me, no dia 05.12.2012, que tomou conhecimento dum plano director para o desenvolvimento infra-estrutural da Kibala, de modo a resgatar o seu estatuto de cidade que lhe foi atribuído ainda pelas autoridades coloniais. Segundo o reverendo metodista, os ocupantes dos imóveis estropiados têm um tempo para os reabilitar ou o Estado os vai deitar abaixo para nos locais serem erguidas outras infra-estruturas. Bem pensado!
Auguro que da visão à acção não haja um grande defeso.   

segunda-feira, dezembro 17, 2012

KEPALA: KIBALA OU MUSSENDE?


A caminho dum lugar sagrado dos povos de Kepala
Os sobas (autoridades tradicionais angolanas) têm uma visão territorial do seu espaço de influência que muitas vezes diverge com as fronteiras políticas e administrativas. É o que se passa na região de Kepala.
Administrativamente, Kepala é território da comuna de Kariango, mas grande parte da população é oriunda do município vizinho do Mussende (ambos da província do Kwanza Sul).

Há um aspecto que nos faz compreender melhor o que se passa no terreno e o que alimenta as disputas entre os sobas do Mussende e da Kibala e os ciúmes, muitas vezes fingidos, mas por todos conhecidos, entre as autoridades administrativas das duas circunscrições municipais.
A área de Kepala, passou a ser mais conhecida na última década por CAP. No tempo da guerra civil (1975-2002) os guerrilheiros da Unita instalaram na região uma unidade militar que se dedicava ao garimpo de diamantes, numa aluvião, que alimentavam a sua máquina bélica e administrativa. A região estava sob controlo dos rebeldes e a administração do Estado não se fazia sentir. O facto de Kepala estar mais próxima da vila de Mussende, sob domínio da rebelião, do que da vila de Kibala, sob domínio governamental, explica a razão da alteração de toda a correlação de forças e jogo de influências. Os povos nativos que tinham acesso àquela área eram, como é obvio, do Mussende, pois quem saísse da Kibala para Kepala podia ser conotado como “colaborador dos rebeldes”, sendo o inverso também aplicado e punido severamente.
Uma rua da vila do Mussende (foto: J.A.)
Tudo quanto me pude aperceber, grande parte da população que habita a área é oriunda do Mussende, enquanto o Soba se assume como kibalista e quer que a população se assuma como pertencendo à Kibala. "Daqui resultam os ciúmes entre as autoridades tradicionais e até administrativas", confidenciou-me um funcionário sénior da administração do Mussende.
Do ponto de vista da Divisão Político-Administrativo de Angola, a área de Kepala ou CAP, como é mais conhecida nos últimos anos, é parte do território da comuna de Karyango, município da Kibala. Carlos Barros, o administrador comunal de Karyango, não tem dúvidas e diz conhecer os marcos (rios) que separam os territórios da sua área de jurisdição ao município vizinho do Mussende.
A existência de riquezas no subsolo pode ser uma das razões, mas “não houve, até agora, uma redefinição dos marcos”, sustenta convicto o administrador.

Independentemente do município a que pertença Kepala, andei com os sobas, todos eles meus conterrâneos, quando foram a um “muxito” sagrado fazer preces aos antepassados para que a terra prospere e os investidores na região tenham sucessos.

Um edifício da vila de Kibala
-      Ngoya1 twondola, enhe mu hane uvita! (vamos falar ngoya e vocês não nos vão perceber!) – Disse a rainha Antonica Gregório (da Banza de Thamba, Mussende) à comitiva que os acompanhava. Apenas mostrei um leve sorriso que lhe permitiu identificar-me como “da região”.

E, como “é mais fácil retirar o indivíduo do mato do que o mato da sua mente”, pus-me em andarilhos, no campo, revivendo os meus tempos de kandenge.
 
1- Tal como sustento em artigos publicados no blog: www.olhoensaios.blogspot.com o termo ngoya foi errada e profusamente difundido pela VORGAN (rádio da Unita) e povos ligados àquele partido como sendo a língua dos povos do Centro do Kwanza-Sul, não havendo evidências sobre a existência de povos e língua ngoya. Os ancestrais dos Libolo, Kibala, Mussende, Sela, Hebo, Kilenda, Mboim, entre outros povos que habitam o Kwanza-Sul, são oriundos da margem superior do Kwanza, região que abrange o Ndongo, Matamba e Kasanje).

quinta-feira, dezembro 13, 2012

RETRATO: BICA D´ÁGUA, PEDRA ESCRITA E LUSSUSO

BICA D´ÁGUA
A imagem mostra a estrada num local da comuna da Munenga (Libolo) designada por Bica d´água.

Aqui fora erguido no tempo colonial um bebedouro (água bruta captada dum rio ao lado). Era local para parar encher os reservatórios e o radiador e saciar a sede.

Dada a acentuada descida acompanhada de curvas, o local foi, desde sempre propício à ocorrência de sinistros que ceifaram muitas vidas. Basta ver as centenas de carcaças na duas encostas ravinosas da estrada.

Pensando na prevenção, Os bombeiros têm no local um Posto de Apoio e Socorro aos Sinistrados. Nada melhor do que neste local que fica a 50 quilómetros da ponte do Kwanza e uns 25 da ponte do Longa, no itinerário Dondo-Kibala.

A presença da polícia de trânsito no local serve de elemento inibidor aos homens do volante, sobretudo aqueles que têm maior propensão a acelerar do que a travar.

Mais adiante, quem vai a Kibala, fica a aldeia de Pedra Escrita que ganhou o nome devido a uma publicidade gravada na pedra com os dizeres "Pousada boa Viagem- Lussusso". Vivo perto daqui (Fazenda Israel e no Rimbe) uns anos. Perto de 06 anos (1978-1984).

Na verdade, a aldeia foi constituída em finais da década de noventa e princípio do novo século (XXI)pelo Tenente Coronel António Infeliz João, comandante das FAA no Libolo, que agrupou todos os povos que se encontravam na região, uns vivendo em lavras e outros em pequenas aldeolas familiares.

Povos oriundos do planalto central (antigos trabalhadores das fazendas coloniais e que se integraram na cultura local), povos saídos de aldeias distantes da EN120 como: Kalombo, Tumba Grande, Bango de Kuteka, Hombo (Kuteka) Banza de Kuteka, Kipela, etc. e outros alí aportados devido a guerra que assolou e devastou povoações mais longínquas do Kwanza-Sul como Longolo, Kisssala, etc. foram todos agrupados de forma coerciva, compondo hoje uma aldeia com perto de 5 mil almas, levando a administração do Libolo a construir uma escola primária e um jango comunitário, estando em falta, embora projectados, um fontanário e um posto médico.

O Comandante Infeliz (já finado), então proprietário da Fazenda Israel que fora dirigida pelo seu pai, João dos Santos, nos anos que se seguiram à independência, merece, pelo feito, ter o seu nome atribuído à única rua que separa a aldeia de Pedra Escrita em dois blocos. 
A inscrição é hoje pouco visível, mas lá ficou o nome
A pousada, nos anos 80 e 90 do sec. XX pertencente a um cidadão de origem cabo-verdiana de nome Olímpio, tem hoje a parte do bar reaberta, depois de muitos anos inoperante. A parte dos alojamentos aguarda por outros ventos, já que foram totalmente dizimados pelos "gatunos das chapas alheias" e pela força da natureza.

Desconheço o novo proprietário do espaço, único reaberto dos três bares existentes à época, mas guardo grandes recordações da pousada onde funcionaram Santos Godinho e João Bebeca, meus tios já falecidos.

No Lussosso o que mais chamava a atenção eram os autocarros da EVA, VIRIATOS, ETP, ETIM e outros que aí efectuavam a sua paragem para "dar ouvidos ao roncar do estômago". Existia no local um posto de abastecimento de combustíveis (hoje inexistente devido à canibalização que sofreu) e uma outra pousada, no fim do bairro. Param quem se dirigia à ponte do Longa todo o cuidado era pouco devido à presença de manadas de bovinos do Sr. Manuel Ndale.

Na área de pastos, junto à ponte do Longa, está hoje uma unidade de enchimento de águas "Vale do Longa" que me pareceu estar semi-fechada. A ponte do Longa foi entre 1975-1992 guarnecida por um contingente das FAR (cubanos) e FAPLA (forças governamentais de Angola). No conflito pós-eleitoral (1992-2002) a mesma ficou desguarnecida e os "homens dos explosivos" deitaram-na a baixo. Ainda são visíveis os esqueletos de armamento pesado (tanques e carros de assalto) nas cercanias.
Ex-Libris do Lussusso
 
Felizmente, uma nova ponte foi reerguida no mesmo local em que se encontrava a primeira e poucos se lembram da anterior, cujos destroços foram jogados rio abaixo.

Ainda no Lussusso, quem levanta a cabeça, olhando para oeste, depara-se com o cimo da montanha sempre esbranquiçada devido a nevem que está sempre presente, É o ex-líbris da localidade que reclama por uma picada ou, no mínimo, um atalho em condições que leve os turistas e curiosos ao topo da montanha para ver o que lá se passa e apreciar a exuberante paisagem planáltica que se estende do Lususso à fazenda Longa (em direcção a Kalulu).
As imagens foram registadas durante uma viagem à comuna do Kariango (Kibala) na EN240, a 04.12.2012.

segunda-feira, dezembro 10, 2012

NOVA ESTRADA LIGA KIBALA-MUSSENDE E MALANJE

As pontes de grande dimensão são tratadas adequadamente
 
Trata-se da Estrada Nacional 240 na província do Kwanza-Sul. Embora o traçado fosse pré-independencia, nunca a mesma chegou a ser asfaltada, não passando de uma picada sofrível nos anos passados.
 
A guerra civil (1975-2002) que quase tudo dizimou impossibilitou até as intervenções paliativas e, pior ainda, porque a zona esteve sempre sob domínio dos guerrilheiros rebeldes.
 
Terminado o flagelo, a reconstrução chegou a todo o lado e a picada, elevada agora a EN 240, beneficia de serviços de alargamento da plataforma, construção de pontes e aquedutos, bem como a sua asfaltagem.
 
Mais de uma centena de quilómetros (Kibala-Kariago-Projecto Terra do Futuro e adiante) possuem já novas pontes dimensionadas ao novo padrão das estradas nacionais e asfalto de qualidade aceitável, restando cerca de metadae da empreitada. Embora o trânsito automóvel no trajecto seja ainda de contar aos dedos de uma mão durante todo o dia, dado o facto de a estrada asfaltada ser ainda do desconhecimento de muita gente, aqueles que por lá transitam estão satisfeitos e "louvam a iniciativa".

Quando estiver terminada, a EN240 que se junta a EN120 (Alto-Fina-Huambo) na cidade da Kibala, vai juntar esta urbe à vila do Mussende e, atravesando o rio Kwanza que já possui uma nova e enorme ponte, ligar a província de Malanje e zona Leste.

Ficam os caminhos mais encurtados e as viagens mais cómodas.

sexta-feira, dezembro 07, 2012

TERRA DO FUTURO LANÇA EMPREENDEDORES AGRÍCOLAS

Engºs Marques e Débora
Na comuna do Kariango, Municicpio da Kibala, num local coberto de vegetação, 22 km fora da Estrada Nacional 240, em direcção ao Mussende, fica o Projecto Terra do Futuro, lançado em 2009.
Possui um centro de formação, alojamento para técnicos expatriados e nacionais doutras regiões, um centro médico, dormitórios, diversos equipamentos e infraestruturas de apoio à actividade agrícola. O Projecto terras do Futuro, iniciativa privada, funciona ainda como uma espécie de inseminadora de fazendas agrícolas detidas por jovens agrónomos criteriosamente seleccionados.
“Depois da licenciatura fizemos um teste e os aprovados fizeram um curso de sete meses onde aprendemos, para além de técnicas agrárias, a gestão de empreendimentos agrícolas. Entre os dez jovens fazendeiros, uma delas se destaca:
Débora Manuel é uma engenheira agrária que também se forma em contabilidade e auditoria na Universidade Metodista de Angola.
É das poucas fazendeiras do Projecto Terra do Futuro (médias fazendas, adjacentes ao Projecto financiado belo BDA.
Abordei-a ao volante da sua Hilux, próximo do Centro médico, Débora, entre os 29 e 31 anos, é natural do Huambo onde se licenciou em agronomia pela faculdade de Ciências Agrárias da UAN e onde ganhou o gosto pelo campo.
Área administrativa Proj. Terras do Futuro
“Sempre gostei do isolamento e aqui aplico o que aprendi na universidade como também tenho a possibilidade de ser empresária agrícola. Cada dia há troca de experiencias ente nós e isso fortalece-nos”, disse ela quando questionada se não se sentia incomodada estando a residir no meio da vegetação.
Apesar do entusiasmo há também solidão. Débora que cultiva milho e feijão nos seus 200 hectares fez um desabafo: “Penso em constituir família, mas aqui faltam candidatos à altura”.
José Marques, engenheiro agrónomo natural de Luanda e com família constituída, é outro fazendeiro que recebeu um crédito do BDA. Como Débora está orgulhoso do que faz e conta que “o crédito é foi feito a um grupo de dez jovens, em apenas uma conta monitorada pelo Projecto Terras do Futuro. Cada um tem um fundo de maneio que tem de gerir com responsabilidade e e produzir o máximo que puder”, explicou.
À semelhança dos demais colegas, recebeu uma casa de campo, uma carrinha, um tractor com alfaia agrícola completa  e outros imputs que lhe permitem lavrar os 200 hectares recebidos do Projecto Terra do Futuro. No fim da colheita, o mercado está garantido (PTF) e o investimento recebido é para ser descontado colectivamente e de forma faseada. “Quando terminarmos de liquidar os empréstimos seremos donos e senhores de nossas vidas”, disseram Débora e José Marques.
No total, segundo o programa do Projecto, serão 60 jovens empresários que deixam a cidade para fazer o campo produzir.

sábado, dezembro 01, 2012

QUAL FOI O SENTIDO DE VOTO DE ANGOLA NA AG-ONU SOBRE A PALESTINA?

Ao nível da política internacional, a última semana de Novembro foi marcada pela votação ao nível da Assembleia Geral da ONU sobre o estatuto da Palestina que passou, fruto da votação naquela instância, a membro observador das Nações Unidas, entretanto, sem direito a voto.
“Por maioria, a Assembleia-Geral da ONU reconheceu a 29.11.2012, a Palestina como um Estado observador não membro”. A resolução foi aprovada com 138 votos dos 193 da Assembleia-Geral, com nove votos contrários dos EUA, Canadá, República Tcheca, Palau, Nauru, Micronésia, Ilhas Marshall e Panamá e 41 abstenções, entre elas da Alemanha (Sic. TVZimbo).
Vendo e ouvindo a notícia pela TV Zimbo (angolana) fiquei intrigado ao mencionarem os países abstémicos e os que votaram contra, sem no entanto apontarem qual terá sido o sentido de voto de Angola. Será assim tão difícil saber-se ou terá faltado alguma investigação dos nossos jornalistas junto da nossa diplomacia?
É sabido que tendo o Estado angolano reconhecido a OLP/ANP que estabeleceu uma embaixada em Angola, o nosso sentido de voto seria obviamente o afirmativo, pois até já se fez em tempos não muito recuados um linkage entre o sionismo judeu e o apartheid sul-africano. É preciso, porém, ter em conta que “em política não há amigos nem inimigos permanentes. Existem objectivos permanentes” que podem ser conseguidos com actores diferentes.
Foi assim que nos tempos da OPA (anos 80 e 90 do séc. XX) ensinaram-nos que “aos imperialistas liderados por Reagan (EUA) não se devia dar nem um palmo da nossa terra”. Hoje sentamos com eles à mesa e até “oferecemos” fazendas.
Qual foi o nosso sentido de voto na AG da ONU, na resolução sobre a Palestina?
- Até agora, nem a media pública, privilegiada pelas fontes oficiais, nem a media privada pro-entidades públicas, que também goza de algum "direito" de preferência das fontes oficiais e oficiosas, disseram como Angola votou.
 

sexta-feira, novembro 23, 2012

CARTINHA DE LEMBRANÇA

Li no face book que o meu primo e pessoa em quem sempre me revi para formatar a minha personalidade e profissionalismo viajou para a Ásia. Gostei do facto dele ter escrito, anunciando no face,  que tinha feito escala num país da Ásia Menor e que rumaria a Singapura.
Lembrei-me dos tempos em que quem viajava tinha que trazer malas e sacolas de lembranças. Eu também já exigi lembranças e, uma vez chegada a minha vez de fazer a primeira deslocação ao exterior, também “sofri” da obrigação de trazer lembranças para amigos e familiares.
Eles, os que recebem,  se sentem reconhecidos, valorizados e muito mais. Quem traz vê-se forçado a pagar excesso de bagagem, visitar feiras em que se vendam quinquilharias e outras peças de menor preço, etc. Eram essas e outras “cenas” que levavam muitos ministros e directores angolanos à feira do Relógio, em Portugal, vestidos de “meninos”, vasculhando fardos e regateando valores com “feirantes ciganos”.
Felizmente, os tempos mudaram. Agora qualquer um vai ao Dubai, à Namíbia, a Ponta Negra, ao Rio e São Paulo, à China, etc. Porém, não é tão peculiar os angolanos de baixa renda viajarem para a Singapura. Por isso, fiz a cartinha que o meu mano  (você já a está a ler) vai ler com saudade de tempos que já lá se foram.
“Ah, Kota! Você vai a Singapura e "num despede mais" teu aluno da 2ª classe, na escola grande da Terra Nova?


Pedra Escrita, Munenga, Libolo
Olha, Kota! Até da sala ainda me lembro. Era a nº 18 e eu era o delegado, depois dos colegas todos terem destituído o Kito que não sabia fazer lista dos colegas barulhentos. Eu, modéstia à parte, e você sabe, era o mais ”esperto” da sala e até me nomearam chefe de Brigada da OPA. Naquele tempo de partido único, em que era proibido (para gente distraída) o jogo de influências, você ainda disse que eu era teu irmão e não podia ser “chefe” da sala. Mas os colegas todos disseram não pode ser. O Luciano é o mais esperto da sala e tem de ser ele o delegado. O Kota já não se lembra mais? Foi em 1984. 

Lembro-me também da porrada que o Kota me dava por causa do pão. E, como o tempo é inimigo da história, vou lembrar-lhe um pouco dessa cena:

O pão era vendido no depósito, ali no Rangel, junto ao “supermercado Kiluanje. Eram necessárias “bichas” (filas) madrugadoras e ja havia caenches que eram os "donos do depósito", tínhamos que ser "bons putos" dos caenches para que nos facilitassem à vida. O kota Ténnis (Raimundo) era um deles e, às vezes, eu tinha que lavar a loiça dele (em casa dele) para me ajudar na luta para a compra dos pães no depósito do Kiluanje.

Havia o Man-Domingo e o irmão dele. Estes eram mesmo já um "ka-bocado" bandidos daquele tempo. Ameaçavam e batiam mesmo. Uns chegavam a se "mbelar" (ferir com facas ou pedaços de garrafa). E eram temidos. Quem não se punha em pé quando o Man-Domingo ou o irmão dele falassem? Essas cenas o Kota não sabe porque ficava `mbora em casa a preparar as matérias ou a dar aulas. Eu é que ia lá "me enfrentar" na bicha do pão.

Felizmente os tempos mudaram e os nossos filhos também já não têm necessidade de passar por isso. Vivem em casas boas e não naquelas de pau-apique do Kaputu, deitam mais comida do que aquela que realmente comem, têm muitos livros em casa e não lêem nenhum, gastam mais em um dia do que nós gastávamos em um mês, têm internet e telefones quando eu era o vosso recadista... Lembra-se o kota das vezes em que me mandavam transmitir recados ou levar bilhetinhos às vossas amadas? Nem só me davam Kz 5 para o autocarro da ETP/TCUL...  

A minha hora de entrada na escola era às 10 horas e tinha que sair de casa às 9h30, com ou sem pães. Havia dias em que comprava pães e chegava tarde a escola. Ganhava porrada por chegar atrasado às aulas. Outras vezes não chegava a comprar pães porque o carro, um IFA-Robur, chegava tarde ao depósito do Kiluanje, depois de passar pelo do Brisa e o da rua 18 da Comissão do  Rangel. Nesses dias, em que ia para casa sem pães, normalmente, não me atrasava na escola, mas a surra esperava-me em casa. O kota que era o meu "camá pressor" gostava de pão!

Os tempos eram de guerra e a violência fazia morada até nos lares. A educação/instrução era à base da força/porrada. E todos aprendíamos e nos forjávamos de acordo à psicologia da força que imperava. E ninguém reclamava daquilo. As mães, sobretudo a minha, gostavam quando me impusessem a lei do porrinho (se calhar, dentro dela, dizia que "com fogo e martelo se tempera o ferro" e fiquei mesmo temperado!). Quem não gostava era mesmo a mãe Nzumba, a mãe do Kota que já está velhinha mas sempre carinhosa e lúcida, era ela quem mais me acudia na hora da porrada.

Mas, kota! Ia me esquecendo do motivo desta prosa: aqueles sapatos que me deu quando veio da Checoslováquia, em 1990, já “se estragaram ´mbora. Me traz lá só outros".

Olha, Kota! Lembro-me também dum "ka-rádio" de marca Philips que havia lá em casa, no Rimbe. O Kota deve estar lembrado também. Tinha a inscrição, na parte de trás, "Made in Singapure". Este pequeno país da Ásia, que o Kota visita hoje, lembra-me o rádio Philips e o Toshiba que o avó Soares Kazenza desmontou para ver o branco que estava a falar dentro dele. 

Sei que a Singapura é um país muito organizado e industrializado. Por isso mesmo, se o Kota vier só de mãos a abanar, sem lembrança, vamos "firmar inimizade. Lá no Kaputo eu dizia aos meus amigos “vamos se cortá mô inimigo".

Pronto, Kota Sabalo-a-Soba, faz boas viagens e traz lembrança, mesmo que sejam contos sobre a vida em Singapura".

sábado, novembro 10, 2012

LIBERALIZAÇÃO DOS CEMITÉRIOS E VELÓRIOS: QUEM LANÇA PRIMEIRA IDEIA?

Assisti em tempos, no programa business África, retransmitido pela RTP-África, uma reportagem sobre o rentável negócio dos cemitérios privados em Brazza, aqui bem ao lado de Cabinda.
Dizia-se no referido programa que, “apesar do esforço da câmara municipal de Brazaville, os serviços nunca chegam a atender a demanda num  país que tem uma das taxas de mortalidade mais altas do mundo" e onde o consumismo se estende até à última morada aos finados.
 
"Morre-se por falta de uma aspirina mas depois os familiares organizam funerais faustuosos", dizia a reportagem. 
No meu canto, notei que há muito em comum entre Luanda e Brazza ou mesmo antre Angola o  Congo- Brazza, no que toca ao comportamento das instituições e dos cidadãos.
 
Vejamos:
- Morre-se a largas dezenas em Luanda;
- Os cemitérios públicos estão todos afunilados e não há espaço para a construção de mais jazigos ou panteões familiares;
- Os serviços de apoio e de segurança nos cemitérios existentes são incipientes;
- São frequentes as enchentes e até filas nos cemitérios;
- Há cemitérios só para Governantes/políticos/ricos e outros para os pobres/povo em geral. Embora se negue, as evidências estão à mão de semear. Basta ir ao Cemitério do Alto das Cruzes e comparar com os de Viana ou Camama.
- Os cemitérios de Sant´Ana e Kamama (Kilamba –Kyaxi), Catorze (Kikolo), Alto das Cruzes (Cruzeiro) e Benfica Viana ficam cada vez mais distanciados de alguns populares que se vêem forçados, muitas vezes, a enfrentar congestionamentos do trânsito automóvel.
- Há moradores que, vivendo em becos muito apertados (Katambor), não conseguem sequer transportar condignamente os restos dos seus parentes finados, tendo a URNA de passar por cima de tectos, realizando os velórios em casas alheias, por falta de dinheiro para ir aos bombeiros ou inexistência de alternativa.
Por que não liberalisar os serviços fúnebres à iniciativa privada, o que levaria a criação de infra-estruturas apropriadas para velórios cemitérios melhor organizados?
Embora o negócio “com os mortos” seja ainda entre nós um tabu, não custa nada legislar para o futuro.
E digo mais:  interessados no negócio não faltam e há mesmo quem tenha já carpideiras em treinamento!

segunda-feira, novembro 05, 2012

QUANDO A TEMOSIA CUSTA CARO: AÍ ESTÁ O RESULTADO



Dia 01.11.2012
Tanto se comentou e apelou mas ninguém deu ouvidos. A polícia não agiu quando devia e as autoridades administrativas também fizeram "ouvidos de mercador".
O rio Cyunda, junto à aldeia de Zorrô, em Saurimo, não é local para banhos, nem lavagem de roupas, muito
menos para lavagem de carros ou paragem de viaturas.
O local é estreito. Quem sai de Saurimo, em direcção ao Dundo, desce embalado, fazendo uma curva. De igual sorte, quem vai a Saurimo desce embalado.
Pior ainda, estão no local máquinasda empresa que repara e alarga a estrada.
Aconteu o acidente. Um autocarro capotou. Felizmente, sem víimas mortais.
Este aviso tem de ser tido em conta e medidas preventivas e repressivas devem ser tomadas contra todos aqueles que insistem em fazer do local um "lugar turístico".

 

quinta-feira, novembro 01, 2012

O CRIADISMO À MODA 80

Fruto da guerra civil que devastava o país por completo e o consequente êxodo rural, Luanda tornou-se nos anos 80 do século XX o ponto mais seguro para as populações do interior cansadas de recuos sucessivos.
Chegava-se a recuar da aldeia para a sede comunal. Da sede comunal para a municipal, da municipal para a capital de província e desta para Luanda, o Centro do poder e local mais seguro. Era crescente o belicismo da rebelião armada que nada poupava: casas, culturas, criações, aldeões, estradas, pontes, tudo. Tudo era arrastado ou deitado a baixo e Luanda era o  último refúgio para vida ou morte.
As milhares de famílias imigradas à força aportavam na capital do pais sem recursos nem conhecimentos sobre as vivências citadinas e muito menos hábitos urbanos. Por outro lado, os novos inquilinos das vivendas e apartamentos da baixa e zonas contíguas precisavam de definir o seu novo estilo de vida.
 
Sem posses e ambiente político para contratar empregados permanentes e também ser autoridade moral para ter os criados do tempo colonial que inundavam as cidades, as novas mandonas do Alvalade, Vila Alice, Cruzeiro, Makulusu, Maianga e  arredores optaram por pseudo apadrinhamentos que consistiam em solicitar meninos e meninas do museque para viver em suas casas; cuidando dos seus filhos menores, numa altura em que a procriação estava em alta; acarretar água que deixara de jorrar acima do primeiro andar; lavar a loiça e cuidando da higiene da casa; ir às compras na loja do povo que incluía as filas da peixaria, do talho, da loja do gás e do depósito de pães. Muitos destes pseudo afilhados nem tinham tempo para ir à escola, embora a promessa maior dada aos progenitores fosse que “ele/ela vai frequentar a escola com os meus filhos e vai ter a mesma educação e mesmos cuidados que dou aos meus meninos”.
Os “afilhados” serviam também para entreter os visitantes com estórias da guerra no interior ou contando anedotas aos meninos de casa, servindo vezes sem conta os seus rostos de batuque para as “patroas-madrinhas” e para os meninos mal criados.
Como recompensa ao “afilhados tinham apenas a alimentação, os bons modos, quando os houvesse na casa, a possibilidade de usarem os brinquedos dos “irmãos-afectivos”, ter a roupa limpa depois de lavarem a da patroa e dos meninos e ganhar uns trapinhos e quedes que já não serviam aos meninos ou comprados nas viagens dos patrões-padrinhos.
Ainda assim, os criados, quando regressassem de férias ou em passagem de fins-de-semana junto dos seus, eram tidos como cidadãos de primeira, dada a forma diferente como se apresentavam e falavam. Uns ganhavam modos urbanos e sabiam sentar-se à mesa e manipular os talheres.
Quando pudessem estudar, tinham livros e uns, mais afortunados, chegavam a viajar com os patrões-padrinhos para férias fora de Luanda ou mesmo ao estrangeiro. Havia os que chegavam a ganhar bolsas de estudo ou umas cunhas para encaminhamentos para institutos médios. Mas havia também os que não passavam de simples “lavadores de loiça”, meros escravos modernos do pós independência, recrutados no Rangel, Prenda, Catambor, Cazenga e outros bairros periféricos como peças do tempo doutra senhora.
Haviam senhoras que tratavam os “afilhados” pior do que as brancas do tempo colonial. Tão elevadas eram as patentes e tão altos eram os saltos dos seus calçados que viam mesquinhez em tudo e todos à volta. Tive uns padrinhos que até me tratavam com ligeira benignidade, o tio Chilala e tia Chinha, que tinham três filhos feitos um atrás do outro. Com eles permaneci não mais do que um mês. O meu rumo era outro.

terça-feira, outubro 23, 2012

A ESTRADA, OS PNEUS E O FERRO VELHO

Se não fossem os pneumáticos do carro que estavam “tesos” de tanta pressão, saltitando na estrada rugosa, a viagem lhe teria corrido à feição. A conversa entre ele e o carro corria bem.

Estrada Nac. 180:Saurimo-Malanje

Veículo  e dono conhecem-se um ao outro. O engenho mecânico parece saber quando é que ele está bem disposto e quer imprimir velocidade à passada e quando é que quer estar numa  passada de ir ao óbito. Já se relacionam há quase ano e meio.

Porém, naquela viagem, as coisas estavam diferentes. Verificando ele que os pneumáticos estavam carecas e sem aderência, preferiu trocá-los antes de se fazer à estrada. Teria de percorrer, ida e volta, mais de mil e duzentos quilómetros e queria fazê-lo com um mínimo de incómodos. Entretanto, o barómetro traiu o homem da recauchutagem e os novos pneus em vez de voltarem macios e próprios para o asfalto, vieram gordos.

Isso mesmo. Gordos. Pareciam uma jibóia repleta. Estavam também sem aderência, porque a camada que entrava em contacto com o asfalto era tão ínfima. Pior ainda, porque a estrada tinha zonas com “costelas de búfalo” que obrigavam os pneus a grandes pulos. Já imaginou o saltar de uma bola excessivamente cheia?

– Pois, assim estavam os pneus da Toyota Hilux. Vezes sem conta sentiu-a a fugir-lhe das mãos em direcção às árvores ou aos precipícios que abundam naquele percurso.

E foi num destes “saltos de coração”, quando o nosso sistema de alerta interno assinala o perigo, que começou a reflectir sobre a melhor maneira de chegarem completos ao destino: abraçou o máximo que pôde o volante para que não mais lhe fugisse por completo das mãos e decidiu também premir o acelerador em função das condições da estrada.

Daí em diante, a conversa com o motor e consigo mesmo foi sobre os cemitérios de carros ao longo da rodovia e sobre o aproveitamento que ainda não se deu ao ferro velho.

Pensou nas vantagens que a floresta densa teve na luta para a independência do país contra os portugueses e nas desvantagens que a mesma floresta proporcionou às forças governamentais que combatiam a insurreição armada de 1975 a 2002.

Pensou igualmente na ”técnica” militar, às centenas, que ficou pelo caminho, sem ter chegado ao destino, nas colunas de abastecimento civil que foram dizimadas pelo fogo inimigo ou amigo, nos milhares de homens mortos nas refregas, uns com campas e outros a fazer companhia às carcaças de carros, blindados e tanques de guerra, contentores, chassis e tantos outros fantasmas abandonados ao longo das estradas.

Pensou também na imprudência e imperícia de alguns condutores que vêm engrossar, nos últimos tempos, a quantidade de ferro retorcido nos dois lados da estrada, e concluiu:

- Nem eu nem o veículo que dirijo faremos parte desta cena de “caminhos encurtados”, disse aos ventos.

Mas não foi tudo. Reparou profundamente para nas pontes reabilitadas e outras por reabilitar. Verificou  que à passagem dos mais caudalosos rios havia sempre, no passado, dois ou mais guardas temidos pela sua força destruidora. Tinham sido colocados nas duas extremidades da ponte para impedir que os homens dos blocos de TNT as deitassem abaixo. Mas o que a realidade mostra hoje é que ou os guardas foram caçados ou, com o surgimento da paz, os guardas blindados foram pura e simplesmente abandonados pelos antigos donos, até à chegada do fogo e dos caçadores de qualquer coisa, dando cabo dos TANQUES DE GUERRA  que estavam ainda intactos junto as pontes.

Sempre atento à conversa do motor, ao divórcio dos pneus demasiadamente repletos de ar e à estrada rugosa, foi pensando também no que se podia fazer para apagar as imagens tristes da guerra que ainda contam estórias pelo caminho.

- Muito ferro-velho! - Exclamou.

- Que tal se todos os “sucateiros” que inundam Luanda se fizessem às estradas e recolhessem tudo que está a mais?

Fariam um óptimo serviço à Nação!

quinta-feira, outubro 18, 2012

PAZ IMPERA NO LUENA

Este (o da foto) é o monumento da paz erguido na cidade do Luena. Aí está, imponente, mostrando a pujança de que se reveste e deve ser a Nossa Paz conseguida com muito sangue e elevado espírito de tolerância.
 
No mesmo espaço (largo), não muito distanciados, repousa também um MIG (avião de guerra) para mostrar o que antecedeu à celebração da Paz definitiva para os angolanos.

Assim se faz a História recente de Angola.

domingo, outubro 14, 2012

CRIANÇAS DA LUNDA SUL "TRANSFORMAM" MÁQUINAS DE GUERRA EM BRINQUEDOS


LCanhanga 26.09.2012
Mortíferas máquinas de guerra no passado, abandonadas à sua sorte, depois de missão cumprida ou fracassada, ei-las agora feitas brinquedo para crianças que nelas ensaiam sonhos de menino.
 
Sonhos de artistas nos filmes de acção de Holyhood. Sonham Arnold, Van-Dame, Spencer e outros actores do mundo do cinema.

"Transformar espadas em arado" eis a recomendação da bíblica.
Transformar o ferro retorcido e abandonado da guerra do passado em enxadas e catanas para o cultivo da terra é o que se espera destes monstros.

A foto foi tirada na estrada 180, a meio caminho entre Saurimo e Luena.

quinta-feira, outubro 11, 2012

LAMBA LYEZA: NOS TRICICLOS

Os meus filhos chamam as motorizadas triciclos por "avó chegou" em alusão a minha mãe que os aluga quando vem do campo para levar os "kibutos" para os netinhos.
Contabilizados 15 passageiros
 
Na Lunda Sul são conhecidos por "tá maluca" devido ao andar saltitante que põe os passageiros em "chinguilos", como que possuídos de espíritos doutro mundo.
 
Adquirir uma dessas motorizadas é para muitos sinínimo de elagria. São uma boa fonte de arrecadação. São capazes de transportar 600 Kg, segundo o fabricante, mas por cá (Lunda Sul) chegam a levar uma tonelada de peso. Zango Lyeza (alegria chegou): dizem os familiares dos que entram na lista dos possuidores de "tá malukas ou Nafa cyame" (minha morte(, como são também apelidados pelas população.
 
Porém, quando o objecto para o qual foram fabricadas não é cumprido, como o transporte de passageiros, e com excesso de lotação, a expressão vem ser outra: lamba lyeza (a tristeza/preocupação chegou).

E não têm sido poucos os motivos para tristezas causados pelos condutpres destes veículos automóveis, com o registo, duma só vez de 15 mortes num acidente. Todos os dias vêm-se imagens como esta nas estradas da Lunda Sul. A polícia está aí apenas para ver, esquecendo-se da sua função preventiva.

Sei que aqueles que transportam e se fazem transportar nestes triciclos e de forma perigosa, fazem-no por carência de meios. Também sei que não há moral que resista ao estómago vazio, mas a segurança das pessoas deve estar acima de tudo!
Depois não venham a lamentar "lamba lyeza"!

segunda-feira, outubro 08, 2012

MORTAL OU AFECTIVO? Abraço entre ATLÂNTICO e KWANZA

Aqui (onde o Atlântico passa e o Kwanza termina), o mar abraça o rio, criam um micro-clima e dão ao olho humano um ambiente agradável e indiscritível. Só vivendo!

É pena que o turismo em Angola ainda esteja por acontecer!

sábado, outubro 06, 2012

A FELICIDADE ESTÁ NA POUPANÇA E NO USO RACIONAL

A História colonial não foi boa para todo o país, muito menos para a região Leste que foi prejudicada em termos de construção quantitativa e qualitativa de equipamentos sociais públicos.

Tudo o que o Governo faz, nos últimos dez anos de paz efectiva, tem sido a reconstrução do parco parque infra-estrutural e a construção de novos equipamentos, como estradas, pontes, escolas, hospitais, estações de captação de água, centrais hidroeléctricas e termoeléctricas, entre outros.
Se a poupança e a utilização racional dos equipamentos é aqui chamada para permitir que o ainda pouco chegue para todos, é de suma importância que se preserve aquilo que ganhámos.
Que as portas e janelas das nossas escolas e hospitais não sejam quebradas. Que as estradas e pontes não sejam destruídos.
Que os utilizadores não habituados com os novos serviços sejam educados a usá-los de forma responsável…
Que se valorize a coisa pública como se de nossa se tratasse. Aliás, é nossa, e ninguém por vontade própria destrói aquilo que lhe custou conseguir!
Neste exercício, insto também as populações rurais que devido aos conflitos vividos pelo país tiveram de encontrar refúgio nas cidades, que enfrentam ainda o problema da adaptação ao modo urbano, nunca é demais aprender com os outros. Circular nas estradas exige conhecer as normas. Ajudemos a polícia!
Aqueles que vivem dos pequenos negócios para sobreviver não têm de vender no meio das ruas e nos passeios, perigando a vida dos outros e as suas próprias vidas. Em todo lado onde as pessoas vivam em sociedade/comunidade, seja no campo ou na cidade, há regras.
Os comerciantes, devem ter depósitos apropriados para o lixo. Os moradores/munícipes devem depositar os resíduos em locais apropriados para que aqueles a quem foi confiada a missão de manter a higiene das cidade tenham a vida facilitada. Os cidadãos, sejam eles crianças, jovens ou idosos, não devem jogar o lixo em locais inapropriados.

A casa mais limpa não é aquela que mais se varre. É a que menos se suja. Por isso, nada de jogar papéis, latas de refrigerantes e outros objectos em via pública ou debaixo dos prédios.
Vamos colaborar e fazer das nossas cidades e do nosso país locais ideais para se viver com sanidade.
Bem haja!


quinta-feira, outubro 04, 2012

Quedas de Chyumbwe-Dala: um potencial turístico por explorar

Esta beleza rara pode ser vista no percurso Saurimo-Luena, concretamente na vila de Dala.
Tratam-se das quedas de Chyumbwe onde, pelos vestígios encontrados, me parece que os portugueses pretendiam construir uma barragem ou algo parecido.
São agradáveis de ver e levam-nos sempre a fazer uma paragem para relaxar e descontrair os músculos, depois de uma "luta renhida" contra os buracos que ainda abundam na estrada.
Felizmente, um visionário empreendedor (que ainda não descobri a identidade) está a construir um "magestoso" centro turístico-hoteleiro, a bem da localidade, do turismo rural e dos que se fazem à estrada.
Bem haja!

segunda-feira, outubro 01, 2012

INDICADOS DIZEM "SIM" A JES E TOMAM POSSE PARA GOVERNO

Tal como eu previa, ninguém disse não ao Presidente José Eduardo dos Santos, que anunciou uma lista indicativa, na última sexta-feira, para consultas aos indicados para Ministros e Governadores provinciais.
Todos disseram sim e, assim, os Ministros de Estado, Ministros e Governadores provinciais tomam posse hoje, 01.10.2012, para um Governo de 5 anos que se estenderá até às eleições de 2017.
A nota que desperta a atenção é que desta vez José Eduardo dos Santos indicou poucas mulheres para o seu (já longevo) governo, quando comparado com os números do anterior Executivo.
Segundo uma apreciação, bem feita pelo Drº. Agostinho dos Santos “Kimbito”, na sua página do Face book, de 35 Ministros apenas 8 são mulheres perfazendo 22,8%. Já ao nível dos Governos das províncias 16 são homens e apenas duas são senhoras que lideram a Lunda Sul e Cabinda.
 
Quanto aos nomes e suas posições anteriores, nada de novo. São pessoas já experimentadas na governação de JES que mudaram apenas de posições na “quadra de jogo”. Ou eram Ministros e mudaram de Ministério, ou eram Vice e passaram a titulares ou eram Directores nacionais e passaram a Ministro (Comunicação Social). Muitos mantiveram os seus postos.
Esse Terceiro Governo eleito (1992, 2008, 2012) é o primeiro de um presidente eleito, pois apenas agora, 37 anos depois da independência de Angola de Portugal é que Angola tem, de facto, um presidente sufragado pelo povo. JES, que ainda pode ser reeleito para um segundo mandato (segundo a constituição), está há 33 anos como presidente, cargo que ocupa desde os seus 37 anos.

domingo, setembro 30, 2012

A QUESTÃO ENERGÉTICA NO NORDESTE ANGOLANO

O nordeste angolano (províncias da Lunda Norte e Sul) vive ainda enormes dificuldades em termos de geração e distribiição de energia eléctrica. Apenas duas barragens hidroeléctricas estão em funcionamento com um total de potência calculado em 24,8 MWatts distribuídos em 16 de potência máxima na hidro-Chicapa (Lunda Sul) e 8,8 de potência máxima na hiodro-Luachimo, Lunda Norte.
Albufeira da hidro-Luachimo

A esta ineficiente capacidade de geração se acresce ainda o facto de a Hidro_luachimo estar a funcionar apenas com metade da sua capacidade de geração, ou seja, 4,2 MWatts. Todos os outros complementos são fontes térmicas, por si só bastante honerosos em termos de mecânica e combustíveis e também muito poluentes.

Face à crescente necessidade energética na região, onde a exploração diamantífera é, no momento, a grande consumidora de electricidade, cogita-se a construção de uma nova hidroeléctrica denominada Chicapa II que deve ser erguida à montante da hidro-Chicapa I. Informações ainda por confirmar atestam a construção (já decorrente) de uma pequena hídrica na região do Luó que deverá atender aquela diamatífera e zonas contíguas.

Olhando para o arquivo encontrei o que o "governo da Diamang" projectava para o nordeste de Angola, nos ano ssessenta do séc. XX , como se pode ler numa placa ainda presente na Hidro-Luachimo:
- Construção da Hidro-Chicapa I, numa primeira fase e construção de uma linha de transporte para a interligação dos sistemas térmicos e hídricos da região.
- Construção, numa segunda fase da hidro-Chicapa II (que estava projectada a montante da primeira), de modo a aumentar a capacidade de geração e distribuição pelas zonas diamantíferas e população contígua.

Olhando para estes dados, fica-se a saber claramente, que nada do que se apregoa hoje é novo.Apenas as potências projectadas para Chicapa I e II é que eram modestas, calculadas com base naquela realidade.

sexta-feira, setembro 28, 2012

ZEDU MÓVEL "DESANIMA" LUANDENSES

Chamam-lhe "Zedu móvel" e faz-se passear pelas ruas de Luanda com altos "decibéis", fazendo estremecer as viaturas mais modestas. Senti-o na Deolinda Rodrigues, no sábado 8.09. A composição (um trailler equipado com potentes alti-falantes seguido de perto por um autocarro com vidros esfumados)  solta "charme" e música ruidosa pelas estradas da capital.
 
Alguém tem coragem para interpelar o seu condutor ou mentor?
E assim vai a vida na capital com mais essa barulherira a se juntar às já famigeradas festas de quintal, maratonas e outros atentados à sanidade mental do cidadão e aos bons costumes.

quarta-feira, setembro 26, 2012

A MAKA DO "SISTEMA" ENTRE OS PRESTADORES DE SERVIÇOS

Desconheço como andam as lojas das demais representantes de marcas de viaturas em termos de venda de acessórios.

O que se passa na Hyundai, Luanda, é de bradar aos céus. Ou não há sistema ou são as longas filas e a morosidade no atendimento. São 4 filas para uma mesma coisa: numa conferem a autenticidade da viatura. Noutra a existência em stock do material requerido. Na terceira fila faz-se o pagamento e, numa quarta fila aguarda-se pela chamada e consequente recepção do material requerido. Três a quatro horas em média, quando há sistema.

Por que não se abrem outras lojas da mesma marca?

sexta-feira, setembro 21, 2012

LUACHIMO: 59 DEPOIS

Inaugurada a 17 de Setembro de 1953 a barragem hidroeléctrica do Luachimo, erguida sobre o rio com o mesmo nome, junto a cidade do Dundo, é o mais notável ex-líbris da capital lunda-nortense.

Cascatas ímpares e uma módica capacidade de geração de 8,4 Mega Watts de potência máxima, a barragem do Luachimo reclama por reparação da sua infraestrutura exterior como: pintura da grade de protecção, reposição das redes de vedação, limpeza do lixo e capim na zona adjacente, bem como a desobstrução das valetas de drenagem das águas pluviais.
Mais feliz será a parte técnica que conta já com trabalhos de reparação e modernização de duas das suas quatro turbinas geradoras de energia, devendo contar, num futuro que se espera breve, com uma nova central de geração de energia que elevará a sua capacidade para 20 MWatts.
Descarga da Barragem do Luachimo
“Quando for construída no actual pátio a nova centra, já orientada pelo Presidente da República, a antiga central, embora esteja a receber obras vai para o museu”, ironizou Responsável pela exploração.
Dado que duas turbinas estão fora de serviço, a hidroeléctrica do Luachimo produz neste momento metade da sua capacidade, ou seja 4.2 MW de electricidade, valor insuficiente para abasteceu uma cidade cada vez mais crescente e exigente, o que leva o Governo a instalar uma central térmica para compensar o deficit energético na capital da Lunda Norte.
Ainda no “tempo doutra senhora” havia um plano de construção de mais duas barragens hidroeléctricas sobre o rio Chicapa, sendo uma próximo de Catoca, designada por Chicapa I, e outra a jusante da primeira. Segundo o plano que se pode ler numa placa que faz história numa das salas de comandos da Hidro-Luachimo, a produção energética das três barragens estaria interligada, o que permitiria uma retro-compensação e optimização do recurso energético na região da Lunda (hoje Lunda Norte e Sul).


Com o Ch Dpto Exploração da barragem

Segundo ainda dados recolhidos junto do pessoal da barragem do Luachimo, uma hidro-eléctrica está neste momento em construção na Sociedade Mineira do Luó (Lunda Norte), a jusante de Chicapa I que fornece 16MWatts para Catoca e Saurimo (Lunda Sul).