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quinta-feira, maio 16, 2024

ANDANDO POR MAPUTO

(Tudo parece arte, até a "dourada")

Completar-se-iam 30 dias de estada em Sea Point (África do Sul) com o passaporte de Serviço, o que demandava sair e reentrar antes de transcrever o mês de permanência. Entre a Windhoek (diversas vezes visitada) e Maputo que estava no desejo, a escolha foi para a terra incógnita, embora desaconselhado por causa de alguns tumultos no Norte daquele país.
Desabituado a comprar passagens aéreas e sem experiência em encontrar rotas e voos económicos, recorri ao Ladislau Santos, um jovem amigo angolano que estuda em Cape Town, e este socorreu-se do seu amigo e vizinho que é experimentado em compras na internet e busca de soluções de low cost.

_ Kota, tens que dar o número do Visa e estar atento ao email para aprovar. _ Recomendou previamente o jovem.
Já havia confiança bastante. Mandou-me os dias em que a companhia aérea moçambicana voaria para Cape Town e para Joanesburgo, sendo a segunda opção a única que se encaixava no bolso e na permissão de permanência estampada no passaporte.

Há povos que estão já em um patamar de organização e digitalização que evitam deslocações e filas. Fizemo-lo e, inclusive, procurámos, à distância de um clique l, por um hotel urbano em Maputo que ficasse próximo da cidade baixa e da Rádio Nacional. Parecia correr bem sem levar-me a correr.

Não tinha verificado que, entre o voo que me pousava em Joanesburgo e o que me levaria a Maputo, havia um delay de apenas 60 minutos, tempo que teriam de ser gasto a abandonar o avião (sorte é que só tinha uma lagage de mão), percorrer o aeroporto das entradas domésticas até às saídas internacionais, fazer check in (presencial) passar pelas revistas e mais umas chatices de polícias que pediam declaração de posse de uns míseros "George Washington's". Foi um correr, antes inimaginado, chegando ao terminal da LAM a escassos cinco minutos da partida.

_ Uff!
Ofegante, mas vitorioso lá estava eu no machimbombo aeroportuário, a caminho do Embraer 145. O trajecto Joanesburgo-Maputo faz-se em poucos minutos. Aliás, sendo que o voo não se faz a very hight altitude, a transição da fronteira entre a África do Sul e Moçambique nota-se pela organização espacial da terra e presença ou não de casotas de chapas metálicas que brilham nas alturas em grande quantidade.

Depois de três dezenas de minutos a ver capim verde, campos demarcados e aldeias com arruamentos, os meus olhos foram surpreendidos com vegetação amarelada, casotas de chapas e vilarejos que reclamavam poe ordem na disposição dos cubículos. Não precisei que o vizinho nigeriano do assento ao lado me perguntasse, no seu inglês, se eu conhecia Maputo e se estávamos próximos ou ainda distantes.

_ Can you see de difference? We are aproching to Maputo. _ Disse ao jovem que se identificou como estando a ir ao encontro do irmão que lá trabalhava, saído da África do Sul. Não tardou fomos presenteados com o regalo, nas alturas, que é a ponte Maputo-Katembe, seguindo-se a chegada ao Aeroporto Internacional que é uma miniatura que m lembrou o de Bamako (1998) ou o de São Tomé.

_Epá, o internacional deles também é assim, o indivíduo de um lado e vê o outro lado?! _ Soliloquiei, antes que alguém me associasse a um "estagiário de tantanice".
Cumpridos os procedimentos no Aeroporto Mavalane, cuidei de me munir de uns meticais, suficientes para chegar ao hotel onde pousaria a malinha e chamaria pelo amigo Ouri Pota. Era um sábado que o homem tinha reservado para mim.

Sem demora, juntou-se a mim e ao Pota o Faruco Sadique, outro jornalista sénior e com elevada estrada em direcção e administração de media, que, mesmo convalescente, me ofereceu seu abraço de boas-vindas. Bastante respeitado nos media em que passou como profissional e gestor o Faruco é um dos cinco jornalistas moçambicanos que estiveram comigo no III Curso de Jornalismo para PALOP, organizado, em 2005, pela Fundação Kalouste Gulbenkian e Universidade Católica de Lisboa.

Antes que a fome cobrasse a sua renda, Pota e eu rumámos para explorar o que tinha mapeado para visitar: Museu das Forças Armadas (uma espécie da nossa Fortaleza de São Miguel, em Luanda, mas sendo a de Maputo de menor dimensão), Museu da Moeda, Baixa da Cidade (com seus motivos de arte pictórica), o Mercado Municipal de Maputo (uma espécie do Mercado de São Paulo ou Congolenses do meu tempo de meninice) e o Jardim (Municipal) de Tunduru, uma réplica ainda conservada da antiga "Floresta do Alvalade" e "aonde se dirigem os noivos para as fotos" que marcam a imparidade do momento, segundo palavras do Ouri Pota, enquanto combatíamos o excessivo calor e o suor transbordante com umas "douradas" que por lá têm o pomposo nome de Tchilar.

_ É uma "birra" para jovens. Eu também penso que é a melhor. Pelo menos é a que mais consumo. _ Declarou-se o meu cicerone, antes de me levar à tasca encravada no Jardim e que, por lá, é uma espécie de "sindicato dos jornalistas" ou uma réplica da Bicker do "antigamente" dos jornalistas que antecederam a geração de noventa.

No museu que mostra a história militar da colonização portuguesa na Africa Austral Índica, pude agregar conhecimentos sobre os grandes conquistadores e resistentes à presença europeia, como o grande Ngungunhane, um líder militar e político moçambicano do século XIX, que resistiu à colonização portuguesa em Gaza, Moçambique, até ser capturado pelas forças portuguesas, em 1895, marcando o fim da resistência armada efetiva contra o colonialismo português naquele território. A resistência foi retomada depois da criação da FRELIMO, em 1962, e início da luta armada em 1964. Levado a Portugal, onde viria a falecer, as ossadas de Ngungunhane foram devolvidas a Moçambique no pós-independência, em 1985. Uma urna simbólica está patente no museu militar.

Já no outro que narra o percurso dos instrumentos de troca em território moçambicano pude conhecer que distintos meios usados para a aquisição de bens e serviços e como se chegou ao Metical, a moeda nacional de Moçambique, cujo nome deriva de "mithqal", uma unidade de peso usada historicamente no comércio de ouro muçulmano. A moeda fiduciária foi introduzida em 1980, substituindo o antigo Escudo moçambicano. Os museus têm esse lado de dar a conhecer a história, sem ter de se procurar por livros e, quando em presença de guias devidamente treinados, dá prazer frequentá-los.

O almoço foi na FEIMA. Dir-se-ia uma espécie de Feira Popular na década de noventa do sécul9 XX. Experimentei, a lamber os beiços, a kizaka com camarão e pirão, matapa e xima no linguajar deles. São outros os nomes, mas a alegria do estómago é o mesmo. Não é que pedi bis? Só depois de estómago atendido, foquei-me nos detalhes. Os males de cá, parecem ser também os de lá. Repuxos sem água, fornecedores que pensam que fazem favor ao cliente, descaso com a degradação e passo apressado à destruição por acção humana e do tempo, levando a vida à precariedade.

Já a caminho da taberna do kota Américo Macutamo, no Bairro Indígena de Maputo, cruzámos, de novo, a cidade baixa. Ruas que deviam estar limpas, passeios que deviam estar desesburacados e outras maleitas relativas à nossa fragilidade institucional levaram-me de volta a algumas ruas de Luanda, perfumadas com urina de gente que desconhece o saneamento e urbanidade.

Melhor não faria comigo o Pota. Fomos ao "muro das lamentações, lugar onde ocorrem reflexões filosóficas, críticas acintosas e soluções difíceis de chegar. E tal como o judeu nazareno pedia que se levasse a ele todos os fardos pecaminosos, na taberna do kota Américo, fluem as conversas de criadores de arte e comunicadores que nela depositam, com os goles que correm garganta abaixo, todas as frustrações e maleitas da vida terrena.



quinta-feira, maio 09, 2024

ANGOLA COMBATENTE E OS PIONEIROS DE KALULU!

A Vila de Kalulu tinha uma sala de cinema, onde é hoje a sede do Recreativo do Lubolu, porém, as fitas que giravam o país inteiro demoravam chegar e não davam opção de escolha, conhecendo a sala, sempre que houvesse filme, "Lotação esgotada", l frase que me obrigou a procurar por um dicionário e buscar pelo seu significado.
Os jornais e revistas, levados pelos autocarros da ETP e ETIM, vendidos no quiosque da EDIL - Empresa Distribuidora e Livreira de Angola - levavam tempo a chegar à vila e jornais como o JDM e as revistas Sputnil e Jeune Afrique, mesmo com 4 a seis meses de atraso, eram tidos como portadores de "notícias frescas". Quem não os lia, aproveitando, depois, as fotos para decorar as paredes dos quartos juvenis?
Quanto à TPA, penas os mais velhos viajados e os pioneiros que já tinham passado temporadas no Sumbe, Ndalatando ou Luanda é que a conheciam. O resto das pessoas das bwalas estava ainda na comunidade primitiva, embora estivéssemos já no último quartel do século XX. Sem os tractores nas fazendas desintegradas, as luzes nocturnas haviam sido confiadas unicamente aos pirilampos.
A Rádio sim. Essa era para popular e democrática. Atendia a todos na aldeola familiar, na aldeia colectiva, no bairro da vila e na cidade. Era a única que não discriminava operários e camponeses, nem intelectuais das cidades e iletrados das bwalas. Estava no alambique, no ombro do tio que extrai o maluvu da palmeira e até no óbito do "camarada tombado no cumprimento do dever revolucionário", cujo corpo jamais chegaria, levando os parentes a edificar uma campa homónima.

E, como a rádio era popular, mas as pilhas eram raras, havia horas nobres para ligar o "bicho falador e tocador de músicas". Todos os tios que eram camaradas ligavam-no às 13 horas para ouvir o noticiário central. Alguns, com reserva de pilhas, ligavam-no mais cedo, às 12horas, para começarem com o "Rádio Cidade" e/ou "Bengo Presente!" Alguns pais-camaradas que tinham cultivado o hábito de acompanhar as equipas de Luanda ou do Putu tinham tardes de relato e deixavam os filhos ouvirem o "Kyalumingu, kimenemene, Piô-Piô!"
À noite, socialisticamente (queria dizer religiosamente, mas essa estava ofuscada pela via socialista), todos os papás, cada um com a sua prole masculina (as miúdas, nas bwalas, ficavam nas cozinhas fumegantes com as mamãs) e ouviam, a partir das 19horas, o "Angola Combatente" que trazia notícias sobre a "bravura das Gloriosas FAPLA", ao que se seguia o noticiário da noite com notícias sobre "violações do solo pátrio e atrocidades dos fantoches-bandoleiros contra velhos, crianças e mulheres grávidas".
Para "poupar pilhas", nem todos continuavam com o "Boa noite Angola", mas o sô António, meu pai, levava o rádio até aonde fosse possível as pilas aguentarem. Acho que todo o seu dinheiro que lucrava da venda de kapuka ia para a compra das pilhas, além de ter, na altura, em Luanda, o cunhado Ferreira Ganga que lhe mandava, sem falta, pilhas e lâminas para aparar a barba escassa que lhe vinha ao queixo mês sim, mês não.
E foi nessas andanças de miúdos que já tinham a Rádio no ouvido desde tenra meninice que alguns pioneiros foram ensinados a conhecer o som, a frequência e os indicativos de "Rádios Proibidas pelo Estado" e, nas suas brincadeiras nocturnas, estarem atentos aos camaradas vizinhos que as ouvissem às 19horas, fora do "Viva Angola Combatente, Viva Angola Combatente!".
E começava assim:
Compatriotas, camaradas e companheiros de luta, as nossas saudações revolucionárias!
Fala-vos "Angola Combatente" - porta-voz do MPLA - Partido do Trabalho.
Programa de educação política e ideológica dos militantes e do povo - arma na luta para a criação do homem novo!
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quinta-feira, maio 02, 2024

O 1° DE MAIO EM KALULU DO MEU TEMPO

Em Kalulu dos anos oitenta a noventa, a única festa popular, grande, que movimentava toda a gente - camponeses das fazendas estatais, privadas e lavras individuais; operários da torrefação de café e mecânicos das oficinas; intelectuais das escolas, centros e postos médicos e dos comissariados; liberais das alfaiatarias, barbearias, drogarias, tabacarias e casas da xungaria - todas as classes unidas e reunidas numa marcha policromática e ruidosa, com carros alegóricos, quando fosse possível, era somente o 1° de Maio.

A concentração era na rua que dá ao Bairro Azul-Entroncamento da Escola Kwame Nkrumah, junto ao Comissariado Municipal do Lubolu. Era aí que começava a festa. O Bairro Wambu, ali surgido fruto da desagregação das fazendas coloniais e suas colectividades de trabalhadores ovimbundu, ainda não existia e as palmeiras do descampado ofereciam gentilmente a sua sombra aos que chegavam, se aprumavam e esperavam a sua vez para o desfile.

 A cercania do Comissariado era, na verdade, o ponto de partida e de chegada. A Tribuna era montada na escadaria da Fortaleza que tem à direita (sentido da marcha) o "Palácio" do Camarada Comissário, onde ficavam o camarada Comissário, os delegados municipais e os directores das Empresas Territoriais de Café, despontando a Lubolu I, II e III. Kenhê que sendo desse tempo já não se lembra?

E, todos nós, pioneiros da OPA, manos da JOT'EMPELÁ, mamãs da OMA, papás do Partido, camaradas da Ce-Pê-Pê-Â, da Segurança e das FAPLA, jantávamo-nos à festa dos que trabalhavam, enquanto assistência, batedores de palmas e comentadores no pós-festa.

Até os manos sem trabalho, que a vida deles era fugir rusga e alguns eram especialistas da kangonya, e os tios que ouviam as Rádios Proibidas pelo Estado também iam ao 1° de Maio. Se porquê e para quê nunca me disseram, mas iam e festejávamos todos o dia dos trabalhadores que ficavam semanas a preparar o desfile que terminava ao meio-dia.

Havia uns pioneiros bem-comportados e que estudavam bem que, talvez por isso e não sei mais porquê, tinham sido ensinados a ouvir a tal Rádio Proibida pelo Estado e que deviam dizer baixinho, sem gritar, aos camaradas da Segurança quem eram os tios que ouviam a RSA (que tinha música de passarinhos) e uma outra (que tinha capoeira com galo a cantar) que davam notícias e faziam propaganda dos fantoches.

Os fantoches eram conhecidos de todos, pelo menos pelo nome e ao que acontecia aos carros que queimavam ou minavam e às vilas quando as atacassem. Sempre que chegasse um estranho com cara de fantoche ou kahúhu (como lhes chamavam os camaradas da Swapo) era logo interpelado pelo camarada Secretário do Comité do Bairro e pelos camaradas das BPV (Brigadas Populares de Vigilância que abusávamos chamando-os em surdina por bêbados à procura de vinho que era raro). Os tios da Ô-Dê-Pê também diziam estar de olhos neles para não roubarem nossas mandiocas e nossos cabritos que desamarravam das cordas e levavam até aonde os olhos se perdiam.

Mas, todos, no dia do 1° de Maio, nos juntávamos. Até não sei se os camaradas da Segurança conseguiam filtrar nas multidões saídas das fazendas de todas as comunas os infiltrados colaboradores dos fantoches, os reacionários, os lyambeiros e outras espúrias.

A nós, Pioneiros de Agostinho Neto na Construção do Socialismo, a festa era pelo povo e até nos esquecíamos, no Dia Internacional do Trabalhador, das tarefas de casa recomendadas pelo professor, das lenhas para o matabicho do dia seguinte, da missão patriótica de espiar os tios com cara de colaboradores e que ouviam, à noite, as Rádios Proibidas. Tudo girava em torno do Dia do Proletariado.

No desfile, a foto do Camarada Neto ficava ao lado das imagens desenhadas de camaradas barbudos que eram conhecidos como camaradas Marx e Engels. A do camarada Presidente Eduardo dos Santos é a que ficava mais alta, transportada pelo pelotão de frente de cada grupo em desfile.

Quado os camaradas internacionalistas cubanos fossem convidados, sobretudo os camaradas professores e enfermeiros que eram chamados "nostro ermanos", estes exibiam também as fotos do camarada presidente deles que era um barbudo com o nome de Fidel Castro. O outro cartaz era do José Marti. Num destes desfiles, cheguei a ver Fidel Castro abraçado com Camarada Presidente Doutor Agostinho Neto, mas era só na foto.

Como dizia, nem mesmo o Carnaval da Vitória nos conseguia juntar a todos como o 1° de Maio no Largo do Jardim da Vila de Kalulu que ficava apinhado de gente de todos os bairros e fazendas distantes. Ninguém passava sem assistir à festa. Como era feriado, ninguém tinha pressa de ir trabalhar ou de ir matar porco para explorar na kandonga. A rua do Campo da Revolução, que permite contornar a Largo pelo Lado traseiro do Palácio, a caminho da Mbanze e Lwati-Kisongo, também ficava fechada pelos camaradas da Segurança e da LCB (Batalhão das FAPLA conhecido por Luta Contra Bandidos).

_ Todos ao 1° de Maio! _ Dir-se-ia na propaganda dos miúdos de hoje.

Naquele tempo, a frase mais curta e robusta era mesmo "Proletários de todo o mundo uni-vos!" Ficava decorada nas mentes de todos e era recitada até que chagasse o outro1° de Maio. Apenas os que eram viciados no Carnaval, que metia todas as escolas da vila a desfilar, é que vez ou outra se atrapalhavam na frase dos proletários.

A propósito, andei muito tempo a perguntar a meus colegas e outros um pouco makota que estavam nas classes de avanço se proletários eram colegas do Man-Prole, mas também intrujavam nas respostas. Não sabiam. A minha sorte foi estudar Sociologia na Universidade e encontrei o significado da palavra proletários que tem a sua origem nos plebeus que a única contribuição que tinham para os Estados era fazer filhos (prole) para as guerras da Europa medieval. Naquele dia, soltei uma sonora interrogação em plena aula que fui estigado por gente mais atrasada que eu. Mas eles eram espertos de Luanda e tinham a técnica de fingir o que não sabiam.
_ Afinal proletários é isso? _ Quem me acudiu foi o Professor Luís de Barros, guineense que nos ensinava História Medieval.

Pronto! Não tendo ido ao desfile deste ano de 2024, em que as centrais sindicais apelaram também para que os trabalhadores greveassem contra o 1° de Maio, fiquei em casa a contar as estrelas e colher as mesmas frutas com que os agricultores e camponeses do Lubolu desfilavam no Largo do Jardim da Vila de Kalulu.

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Publicado no Jornal de Angola de 05.05.24