Assisti em tempos, no programa business África, retransmitido
pela RTP-África, uma reportagem sobre o rentável negócio dos cemitérios
privados em Brazza, aqui bem ao lado de Cabinda.
Dizia-se no referido programa que, “apesar do esforço da
câmara municipal de Brazaville, os serviços nunca chegam a atender a demanda num país que tem uma das taxas de mortalidade
mais altas do mundo" e onde o consumismo se estende até à última morada aos
finados.
"Morre-se por falta de uma aspirina mas depois os familiares organizam funerais faustuosos", dizia a reportagem.
No meu canto, notei que há muito em comum entre Luanda e
Brazza ou mesmo antre Angola o Congo- Brazza, no que toca ao comportamento das instituições e dos cidadãos.
Vejamos:
- Morre-se a largas dezenas em Luanda;
- Os cemitérios públicos estão todos afunilados e não há espaço para a construção de mais jazigos ou
panteões familiares;
- Os serviços de apoio e de segurança nos cemitérios existentes são incipientes;
- São frequentes as enchentes e até filas nos cemitérios;
- Há cemitérios só para Governantes/políticos/ricos e outros para os
pobres/povo em geral. Embora se negue, as evidências estão à mão de semear. Basta ir ao
Cemitério do Alto das Cruzes e comparar com os de Viana ou Camama.
- Os cemitérios de Sant´Ana e Kamama (Kilamba –Kyaxi),
Catorze (Kikolo), Alto das Cruzes (Cruzeiro) e Benfica Viana ficam cada vez
mais distanciados de alguns populares que se vêem forçados, muitas vezes, a enfrentar
congestionamentos do trânsito automóvel.
- Há moradores que, vivendo em becos muito apertados (Katambor), não
conseguem sequer transportar condignamente os restos dos seus parentes finados,
tendo a URNA de passar por cima de tectos, realizando os velórios em casas
alheias, por falta de dinheiro para ir aos bombeiros ou inexistência de alternativa.
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Embora o negócio “com os mortos” seja
ainda entre nós um tabu, não custa nada legislar para o futuro.
E digo mais: interessados no negócio não faltam e há mesmo quem tenha já carpideiras em treinamento!
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