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terça-feira, setembro 02, 2008

(RE)VIVER O COMUNISMO

Revivi o Comunismo. Não na vertente científico-filosófica como o definiram Marx e Engels, mas na vertente vivencial. No sentido de partilha do tudo por todos em comunidade.

Passar dias numa comunidade Rural de Angola é reviver momentos inolvidáveis de uma educação comunitária, onde os filhos são de todos (entenda-se: da comunidade), sendo a sua formação profissional e intelectual uma obrigação também de todos.

Aprendi e nestas vivências a respeitar todo o adulto masculino como meu pai ou irmão ou avô e toda adulta feminina como mãe, irmã ou avó. Princípios que há muito desapareceram nas comunidades urbanas como Luanda, onde me radiquei há 24 anos.

Revivi o gosto da partilha de bens pela comunidade, sobretudo pelos membros consanguíneos. E para me recordar desta necessidade, minha mãe recitou um velho adágio: ki’ovalo kia kuokia, ka ki teleka! (O de família não se cozinha. Assa-se!) E assim, a “minha velha” foi repartindo os peixinhos que levei, dois a dois ou um a um, em função do agregado das suas parentes. O certo é que ninguém ficou a ver navios. Excelente lição para os nossos novos hábitos egoístas!

Reaprendi também que quando um visitante se destina a uma casa este não é apenas hóspede de uma pessoa em concreto, mas de todos os parentes. Assim os meus dois dias foram passados de convite em convite para almoços e jantares, tendo mais uma vez a minha mãe ficado sem servir, sequer, uma refeição. E muitos ainda se sentiram menosprezados por não haver estômago que respondesse aos inúmeros convites. Outra lição aprendida na Localidade de Pedra escrita, município do Libolo, Kuanza-Sul.

Luciano Canhanga

3 comentários:

Anónimo disse...

Esses os ensinamentos que aprendi, que amo e conservo, com muito carinho!
A Localidade da Pedra Escrita?
Eu aprendi na localidade da Pedra Grande!
Um Abraço
São

Anónimo disse...

ki’ovalo kia kuokia, ka ki teleka!
A familia não é só de sangue!
A Familia somos todos....
porque todos somos a nossa Sanzala!
Um Beijo grande. Obrigado por seres da minha Sanzala!
São Sabugueiro

Anónimo disse...

UM ELOGIO À SÃO SABUGUEIRO
Há os que escrevem e os que fazer escrever. A São é das que me fazem escrever. Pois está sempre a acompanhar os meus escritos, por mais gatafunhos que sejam. Ela está sempre aí, pronta para encorajar.
Se um dia destas "brincadeiras" brotar um livro, com certeza: Saibas que também a ti se deverá.
Um beijo bem grande