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quarta-feira, janeiro 20, 2010

"FALIDA": UM MAL A EVITAR

Quem frequenta os taxis de Luanda está habituado a ouvir a palavra "falida" e os mais atentos conseguem medir a perigosidade em andar num "azul e branco" em falida.

"Falida" é um termo recém-inventado pelo sempre inovador calão luandense e que significa emprestar o carro-taxi a um condutor terceiro sem o consentimento do dono da viatura.

Normalmente, os condutores/taxistas não são proprietários das viaturas com que trabalham. Laboram para os patrões a quem têm de prestar contas diárias. O valor vai de 10 a 15 Mil Kuanzas, dependente do estado técnico da viatura, da (in)documentação e do número de acentos. Ao motorista é reservado um dia por semana, sendo o outro o do descanso e manutenção. Ao patrão cabem cinco dias por semana.

Acontece, porém, que nem sempre aqueles a quem se confiam as viaturas estão dispostos a conduzir ou pronts a zelarem pelo meio que lhes foi confiado. Aqui aparecem os "falideiros" que são outros condutores no desemprego (credenciados ou não) que por via das amizades conseguem viaturas confiadas a outros para o exercício temporário da actividade de taxi. É que estes empréstimos ou cedências de viaturas nunca são feitos com o conhecimento do dono do meio.

O "falideiro" é normalmente um irresponsável. Não tem compromisso com o dono do carro e não poupa esforços para, em pouco tempo, juntar o dinheiro que cabe ao patrão (do amigo) e fazer a sua parte. Daí o uso de caminhos ínvios, transposição de buracos que danificam o meio, manobras muitíssimo perigosas, entre outros desmandos nas estradas.

Um carro nas mãos dum "falideiro" é sempre evitável pelos males acima enumerados. Muitos têm sido os danos e acidentes causados por "falideiros" sem que o dono da viatura se aperceba. Tantas têm sido também as vezes em que o "falideiro" que se compromete a fazer o serviço de transporte numa determinada rota acaba por acidentar noutra, na busca desenfreada pelo lucro rápido. Estórias há também de motoristas que viram desaparecer o carro do patrão emprestado a um amigo "falideiro". Há mesmo quem tenha ido fazer longo curso quando o propósito da "falida" era apenas a cidade de Luanda e numa rota pre-estabelecida.

Então, sai uma "falida"?
_ A minha resposta é NÃO!

1 comentário:

Michell Niero disse...

Olá Luciano, como vão as coisas?

Gostei muito desta história. Não posso dizer que não há comportamentos parecidos aqui no Brasil. Enfim, temos raízes históricas e nossas culturas muitas vezes se assemelham.

Vou publicar este artigo no Patifúndio. Não deixa de colaborar com a gente, você é muito importante.

Um grande abraço