Translate (tradução)

terça-feira, julho 14, 2009

OUTRA MAKA MAIS NO HGL

Sentimo-nos todos estarrecidos, indignados e chamamos vários nomes ao cidadão que supostamente terá violado uma paciente em plena enfermaria do Hospital Geral de Luanda. O Caso fez furor na media. Comoveu a sociedade e os políticos. Numa só cajadada o director daquela unidade hospitalar suspendeu a segurança que "desassegurou" as instalações na noite do dia 11.07.09 e de seguida as enfermeiras em serviço conheceram a mesma sorte. Acto contínuo a governadora de Luanda, Francisca do Espírito Santo, exonerou o director do hospital e nomeou, para 45 dias, uma comissão de gestão, organização e apuramento dos factos.

Hoje, 14.07.2009, surge publicado no portal da ANGOP (agência angolana de informação) o rosto do suposto violador e os seus argumentos de razão que se seguem nas linhas abaixo:

"Em declarações à imprensa, o suposto criminoso, identificado pela PN por Samuel Maiala, de 27 anos, negou a prática do acto, frisando que esteve na referida unidade hospitalar cerca das 18h30 para visitar a paciente, com quem alegadamente disse manter uma relação passional de aproximadamente um ano e dois meses. É tudo mentira. Eu estava apenas a acariciar no peito dela no momento da despedida, depois da visita. Não fiz nada(…). Então, uma das enfermeiras viu e foi chamar a polícia em serviço no local, explicou Samuel Maiala. Acrescentou que dirigiu-se ao quarto onde estava a doente por indicação de uma prima, sem dar por conta que a mesma estava despida. Samuel Maiala afirmou que em acto contínuo foi despido pela guarda da unidade hospitalar, quando foi alertada sobre o sucedido. Entretanto, o porta-voz do comando provincial da corporação, primeiro superintendente-chefe Jorge Bengui, disse que os exames legistas ditarão a veracidade dos factos".

Analisadas as coisas, a frio, e tendo em conta a versão do acusado, coloca-se de nossa parte, jornalistas/difusores de informação, a questão da ética e da presunção da inocência* que não foi salvaguardada, sobretudo com a veiculação da fotografia do acusado e outros elementos identitários como o nome verdadeiro e a idade.

Que será deste Sr. caso as investigações forenses e testemunhais determinem a sua inocência?

Obs: No instante em que terminava esta prosa li no http://www.apostolado-angola.org/ que a alegada abusada acabara de morrer. Outra maka mais...

*O princípio de inocência ou presunção da inocência é um princípio jurídico aplicado ao direito penal que estabelece a inocência como regra. Vem estampada no ordenamento jurídico angolano, no número 5 do Art. 36 da Lei Constitucional, e diz: "Os arguidos gozam da presunção de inocência até decisão judicial transitada em julgado".

Luciano Canhanga

4 comentários:

Edson Macedo disse...

Meu caro. Infelizmente o nosso jornalismo deixou de ser sério sem se preocupar em averiguar. Vou t dar dois exemplos que vivi porque estava nem ao lado mas AO PÉ. Issa Hayatou a sair da visita ao campo perguntou ao homem da relva: Não seria prejudicial para a relva, jogar-se em novembro? O homem da relva, especialista nisso respondeu q não e ainda q houvesse algum problema existem os viveiros. Manchete no jornal dos desporots. CAF PROÍBE INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO EM NOVEMBRO. O q achas?
Acho apenas q é mais um caso com mais culpados do que motivos. é apenas daqueles casos de se averiguar e aproveitar para uma boa e velha vassourada em várias franjas e áreas do país... Enfim...

O Sousa da Ponte - João Melo de Sousa disse...

A comunicação social livre tem sempre estes problemas. Crimes especialmente repugnantes são passados para as primeiras páginas e esmiuçados ao pormenor. Se um de nós tiver o azar de ser confundido ou estiver no local errado na hora errada pode ter a vida feita num oito pela comunicação social. Muitas das vezes sabendo o jornalista que está a publicar uma mentira e que vai prejudicar objectivamente os visados.

O crime em causa, a ter existido, é particularmente repugnante. O alegado agressor, se existiu agressão, tem obviamente problemas graves mentais.

A única defesa contra a imprensa sensacionalista está nos tribunais. A indemnização pelos danos causados diminui a vontade de publicar noticias sensacionais.

Depois o nosso papel particular. Há jornais e revistas que eu não compro por serem sensacionalistas.

Se muita gente não comprar jornais que publiquem más noticias é óbvio que eles vão mudar de politica editorial ou falir.

aqui em Portugal, em casos de crimes assim os termos utilizados são sempre "o alegado autor do crime" e nunca publicam nomes e fotografias. Para evitar futuros processos em tribunal.

Soberano Kanyanga disse...

Mais uma maka...
Até agora só o http://www.apostolado-angola.org/ noticiou a morte da Sra, suposta violada, matéria que foi reaproveitada pela ANGOP.
E ficamos sem saber se é que ela morreu mesmo ou não. Como tb ficamos sem saber se o suposto violador é namorado ou não da Sra.
E pior é que o http://www.apostolado-angola.org/ já tirou do "ar" a matéria sobre a motte da Sra.
Em que ficamos?

Anónimo disse...

http://www.portalangop.co.ao
19-07-2009 9:26
Paciente acamada supostamente violada em Luanda morreu sábado

A mulher, de 35 anos de idade, que se supõe ter sido abusada sexualmente no dia 11 deste mês, às 22H20, no Hospital Geral de Luanda, faleceu na madrugada de sábado.


O porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, sub-inspector Nestor Goubel, disse à Angop que a paciente acabou por morrer na madrugada de sábado, no Hospital Américo Boavida, onde foi transferida na quinta-feira.


A doente com problemas pulmonares apresentava um quadro clínico que carecia de cuidados intensivos, desde que deu entrada no Hospital Geral, saída do hospital Ana Paula, em Viana. Há um ano atrás esteve internada no Sanatório de Luanda com o mesmo problema.


O suposto criminoso, identificado por Samuel Maiala, de 27 anos, já a contas com a justiça, negou a prática do acto, frisando que esteve na referida unidade hospitalar às 18h30 daquele dia para visitar a paciente, com quem alegadamente disse manter "uma relação passional de aproximadamente um ano e dois meses.