Já escrevi nesta página o meu contentamento quando vi o nascer e crescer de uma escola com seis salas de aulas, gabinetes e WC’s para professores e alunos na aldeia de Pedra Escrita, comuna da Munenga, município do Libolo, província do Kuanza-Sul.
De volta à localidade, na última semana, notei que embora coberta, a estrutura aguarda ainda por portas e janelas e acabamentos no pavimento. De carteiras ainda não se fala, tão pouco se conhecem aqueles que ensinarão o B+A=BA aos expectantes alunos.
Faria Manuel é um deles. Com trinta e cinco anos já vividos, o meu interlocutor, diz que não sentirá vergonha de voltar a sentar numa carteira caso haja professor para a 5ª e 6ª classes. De igual opinião é o aldeão Quissama “Samy” que prevê matricular-se na 5ª classe.
“Dizem-nos apenas quem é o professor da primeira classe, mas nem a pré, nem a 2ª, 3ª, 4ª e outras classes têm professores”, confessaram.
Tendo o ano lectivo já um mês galgado, pelo atraso da obra e inexistência de professores apontados para a "empreitada", tudo indica que “não será desta que crianças e adultos daquela aldeia se verão livres do obscurantismo”, lamentos que pretendem levar à administração comunal e concomitantemente ao município.
Luciano Canhanga
1 comentário:
Eis o dilema. Por um lado, a necessidade de investir nas infra-estruturas, de modo a adequá-las às exigências de qualidade no ensino-aprendizagem. Mas, por outro lado, lamentavelmente, a perca de tempo à espera, quando nos anos mais difíceis era nas salas alternativas que o professor e os seus alunos faziam o b+a=BA.
No Caimbambo, interior da província de Benguela, contaram-nos certa vez de uma escola que gira à vola do sol - sabes porquê? Porque era apenas uma árvore e a vaidade da sombra fazia com que a turma a seguisse em movimento giratório. Sâo ainda os desafios do progresso, mas há que elogiar aqueles q não se cansam de aprender, pelo menos a ler e a escrever, como um dia o fez a Sra. Emiliana Gociante (minha respeitável mãe).
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