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Man Xaxo, visionário e audaz em pôr ordem na vizinhança, só de longe saboreava aqueles quitutes que bem lhe sabiam na imaginação. O seu prato vezeiro era o de arroz com peixe frito e pão seco que vinha da empresa de segurança. Junto à cancela estava um pitbull carnívoro, animal de estimação de Kambondondo, cujas regalias se equiparavam aos que oferecia aos filhos, ultrapassando mesmo as miseráveis vivências dos directores nacionais. O Xindandala tinha médico, dentista, adestrador e muito mais. As suas consultas eram seguidas ao pormenor e usava dos mais caros perfumes. Xindandala era, aos olhos de Man Xaxo, um cão com direitos humanos.
Farto da vida humana do cão e a vida de cão que lhe era brindada naquele rancho ministerial, Man Xaxo começou por dividir os bifes entre ele e o pitbull sem que os seus segurados o soubessem. Com o andar do tempo foi diminuindo a parte da carne destina ao cão mandando-a goela adentro, até que um dia pensou no que seria o seu golpe de artista: inverter os pratos. O peixe frito para o cão e o bife para si.
Mal pensou, pior fez. O engarrafamento daquele dia tinha atrasado a chegada da carrinha de distribuição do manjar aos vigilantes todos. O pitt Xindandala já tinha tomado leite, antes da refeição do dia. Man Xaxo engolia vento ainda. À hora do almoço, o bife tanto fazia verter fluídos da boca e das narinas do cã0, como também criava água na boca ao seu companheiro humano. Man xaxo não pensou nem pestanejou. Ao chegar o refogado tragou-o e aguardou pelo arroz com peixe frito que o cão sequer o tocou, abrindo-se em uivos que despertaram os proprietários da casa.
Qual o espanto?
_Repousava no canil intacta a marmita com arroz e peixe frito. Do bife nem cheiro!
Qual o espanto?
_Repousava no canil intacta a marmita com arroz e peixe frito. Do bife nem cheiro!
Luciano Canhanga
3 comentários:
Pois, meu filho, Eu tambem trocaria o peixe frito pelo BIFE! Podes ter a certeza.
Um abraço
São
Amigo Luciano.
Até para se ser é preciso saber...
Quanto a trocar não sei não,mas se o peixe é do Longa aí sim troco.
Um abraço.
Angelino
Que saudades do peixe cuja escama é o melhor que tem... Em tempos fui ao Bango de Cuteca, uma aldeia ribeirinha que fica do Lado do Libolo e os parentes ofereceram-me uns peixes para matar a saudade. Levei-os à casa e ninguém os sabia preparar. desescamaram-nos... Qie pena, a minha!
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