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sexta-feira, setembro 11, 2009

MARKETING AMBULANTE

“com licença família, bom dia!
A empresa vai fazer umaa pequena revisão”
Os estranhos pensam num fiscal da transportadora ou da autoridade de transportes de Luanda. Mas o intruso prossegue o discurso:

"Está aqui o menthol para combater a gripe, ciúme, irritação na garganta, cansaço e até engarrafamento (estress)”.
Só assim os passageiros do autocarro privado que faz a rota 1º de Maio/Rocha Pinto se apercebem tratar-se de um ambulante, bem-falante e marketizando o seu pequeno negócio que na brincadeira ganha cada vez mais adesão.

O pregão do ambulante que aproveita o congestionamento do transito automóvel nas imediações do hipermercado Jumbo, na Avenida Deolinda Rodrigues, ganha consistência e aos poucos “despacha” o negócio.

Este grande “marketeiro” que nem sequer a 4ª classe possui terá, na calada duma noite qualquer ou se calhar numa tarde de panelas vazias, estudado a melhor forma de angariar prosélitos para os seus reboçados . E é nos autocarros e taxis carregados de mulheres, no engarrafamento matinal ou vespertino, que encontra o seu nicho de vendas.

“Vendedor como ele poucos haverá” desabafam satisfeitas as clientes à saída do “comerciante” levando consigo os últimos trocos: dez, cinquenta, cem ou duzentos kuanzas. O clima está mais ameno e com um novo motivo para comentários. Lá se foi o estress, pelo menos por alguns intantes.

Luciano Canhanga

8 comentários:

Adriano Berger disse...

Muito bom esse texto, meu amigo! O vendedor provou para quem reclama da vida que com criatividade, alegria e vontade de viver é possível fazer dinheiro!!

Diploma é bom, mas é a disposição que se supera a dificuldade.

Forte abraço, e um bom fim de semana para você e os amigos do além mar!

O Sousa da Ponte - João Melo de Sousa disse...

Vivemos numa cidade com super-mercado drive in.
E fazem imenso jeito.
Antes de se ir para casa, sem sair do carro, fazem-se compras de última hora.

Anónimo disse...

Para quando as auto-estradas e túneis na Luanda do crescimento económico? Para quando as casas de banho públicas em Luanda pelo menos. Lá no interior poder mijar na varanda.
Ja estou a imaginar a gente no CAN nos estádios sem balneários... há q levar um saquito de plástico pra mijar lá.

Carlota Vasconcelos disse...

Como vai, Luciano? Parabéns pelo texto! Aqui na região metropolitana de Pernambuco também é comum encontrar vendedores nos ônibus. Oferecem de tudo, balas, fivelas de cabelo, canetas, bombons, produtos naturais, pipocas; alguns tocam instrumentos ou cantam em troca de algum dinheiro. É uma festa que deixa muita gente de bom humor, mas que não agrada a todos. Abraços, tenha um bom fim de semana!

Pedro Cardoso disse...

A necessidade aguça o engenho, todos sabemos. O "xaxo" dos nossos vendedores de rua devia ser alvo de uma tese de doutoramento em marketing! Por vezes é impossível resistir-lhe, nem que saibamos à partida que estamos a ser levados na cantiga, e com muito gosto!

http://abebedorespgondufo.blogs.sapo.pt/ disse...

Gostei tu blog.

Michell Niero disse...

Eis uma história simples,mas que ganha encantamento quando é bem contada. Gosto muito quando leio algum texto motivado pessoas que ainda se debruçam para olhar o cotidiano com um pouco de poesia que ainda resta.

Parabéns pelo texto, vou publicá-lo no Patifúndio, ok?

Um abraço

Anónimo disse...

Texto republicado na revista cultural da lusofinia http://opatifundio.com
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