Todos os dias milhares de cidadãos percorrem as estradas rumo ao serviço
Voltou a chover em Luanda. No interior dos bairros periféricos quase não se circula e até mesmo viaturas todo-terreno encontram enormes dificuldades em transpor charcos e lamaçal. Dos quintais às ruas, há áreas em que escasseia terra firme para se pôr o pé. Quando isso acontece, pedras para transpor os “obstáculos” são colocadas por jovens desempregados que cobram entre Kz 10 a Kz 50, para que se possa circular sobre elas.
Nas estradas asfaltadas, também invadidas pela água, lamas e lixo, o cenário é assombroso. Os engarrafamentos tomam conta delas das 6h da manhã às 23 horas. Sabe disso quem vive ou se desloca para os bairros Popular, Golfe-Correios, Cassequel, Viana, Cuca/Hoji-ya-Henda/Kunzas, Mabor/ Kikolo/Cacuaco, Tala Hadi/Cazenga/5ª Avenida, entre outros. Os taxistas, únicos que desafiam tudo e todos, encurtaram os troços e encareceram o custo da passagem de Kz 50 para Kz100, motivo que leva às estradas milhares de pedestres.
Alberto Massaca, 47 anos, vive no bairro do Grafanil-Bar e trabalha na baixa da cidade. Conta que prefere caminhar de casa ao largo da Independência (1º de maio) devido aos engarrafamentos e à carestia da passagem no táxi. “É que para além de se chegar sempre tarde sou obrigado a desembolsar perto de Kz. 500, só a ida”, explica. A solução, segundo ele, tem sido madrugar e ir conversando com os companheiros de percurso.
Madalena Joaquim e Abel Samukolo que são colegas numa casa comercial na rua Machado Saldanha, ao Bairro Popular, também caminham do Golfe ao serviço.
“Levo normalmente botas de chuva e sapatos normais que só uso no serviço”, contou Madalena.
Voltou a chover em Luanda. No interior dos bairros periféricos quase não se circula e até mesmo viaturas todo-terreno encontram enormes dificuldades em transpor charcos e lamaçal. Dos quintais às ruas, há áreas em que escasseia terra firme para se pôr o pé. Quando isso acontece, pedras para transpor os “obstáculos” são colocadas por jovens desempregados que cobram entre Kz 10 a Kz 50, para que se possa circular sobre elas.
Nas estradas asfaltadas, também invadidas pela água, lamas e lixo, o cenário é assombroso. Os engarrafamentos tomam conta delas das 6h da manhã às 23 horas. Sabe disso quem vive ou se desloca para os bairros Popular, Golfe-Correios, Cassequel, Viana, Cuca/Hoji-ya-Henda/Kunzas, Mabor/ Kikolo/Cacuaco, Tala Hadi/Cazenga/5ª Avenida, entre outros. Os taxistas, únicos que desafiam tudo e todos, encurtaram os troços e encareceram o custo da passagem de Kz 50 para Kz100, motivo que leva às estradas milhares de pedestres.
Alberto Massaca, 47 anos, vive no bairro do Grafanil-Bar e trabalha na baixa da cidade. Conta que prefere caminhar de casa ao largo da Independência (1º de maio) devido aos engarrafamentos e à carestia da passagem no táxi. “É que para além de se chegar sempre tarde sou obrigado a desembolsar perto de Kz. 500, só a ida”, explica. A solução, segundo ele, tem sido madrugar e ir conversando com os companheiros de percurso.
Madalena Joaquim e Abel Samukolo que são colegas numa casa comercial na rua Machado Saldanha, ao Bairro Popular, também caminham do Golfe ao serviço.
“Levo normalmente botas de chuva e sapatos normais que só uso no serviço”, contou Madalena.
O que a nossa reportagem pôde constatar é que muita gente, às vezes, nem chega ao serviço, pois a passagem de um condutor imprudente ou um passo em falso podem ser motivos para ter a roupa suja e ter de regressar à casa sem se ter chegado ao posto de trabalho. Abel Samukolo conta que já lhe aconteceu várias vezes não ter chegado ao serviço por esse motivo.
Os entrevistados relatam ainda que há anos que a situação vem piorando, existindo bairros como o Tala Hadi onde os moradores são forçados a abandonar as suas casas devido à intransitabilidade no seu interior, chegando a água da chuva inundar várias residências por falta de drenagem.
Quando interrogados sobre quem deve reparar a situação que se vive em Luanda em tempo de chuva, os entrevistados não hesitam em dizer que o Governo e/ou “quem de direito” tem de resolver o problema com urgência.
Joaquim Artur, 68 anos, é conhecido na rua 12 de Junho, no Sambizanga, pelos seus desabafos sarcásticos. Para ele, Luanda tem de ser evacuada e entrar imediatamente em obra geral. O sexagenário que diz ter vivido sempre no Sambizanga diz ainda que nunca se assistiu a degradação tão acentuada das ruas no seu município e um pouco por toda a capital.
Contactado o governo da província de Luanda, obtivemos a informação de que para além do alargamento de estradas como a que nos leva à Viana, a construção da via circular, Benfica/Viana/Cacuaco, entre outras, há outros esforços em curso ao nível das administrações municipais que começaram a receber meios técnicos para que a curto prazo se invertam as coisas. A fonte que preferiu não ser citada disse ainda que casos pontuais estão já a ser atacados pelas administrações municipais.
VIANA/LUANDA: COMBOIOS NÃO RESOLVEM POR COMPLETO
Matadidi Bernardo vive em na vila de Viana. Na terça-feira, 15 de Abril, saiu de Viana às 7h e só chegou ao largo Sagrada Família, onde trabalha, às 14 horas. Conta que a luta começa nas paragens onde se apanham o táxi ou o autocarro. “Conseguir pôr o pé dentro deles é já uma vitória”, conta, acrescentando que nesta "empreitada" muitos perdem as carteiras ou acabam com as roupas completamente sujas.
O nosso interlocutor conta ainda que de autocarro a viagem é muito mais demorada chegando a fazer entre 4 a 6 horas, isto é de Viana ao Hospital Militar. “Nessas circunstancias motivadas pelos engarrafamentos, muitos preferem abandonar os taxis e autocarros e terminam a viagem à pé”, explica.
Mais lestos e económicos são os comboios. Vinte minutos de percurso Viana/Estação dos Musseques ao preço de Kz.30 (comboio normal) e kz.150 (expresso). Este facto faz com que as enchentes sejam enormes junto ao término, nunca havendo lugar na segunda paragem. Nos comboios também se apontam males como o sujar da roupa, o suor, e o roubo de carteiras. Outro handicap tem sido o facto de os comboios não circularem todo o dia, fazendo apenas 4 viagens no período da manhã e igual número à tarde.
“Enquanto não for concluido o alargamento da estrada de Viana só os comboios podem resolver a falta de transportes e os engarrafamentos”, reclamam os entrevistados.
Joaquim Neto, oficial das Forças Armadas, é de opinião de que medidas educativas e repressivas devem ser tomadas contra os candongueiros (taxistas) que encurtam as vias e violam os espaços reservados, inclusive à circulação dos comboios do CFL. “Até quando se vai manter a situação”? é a pergunta que deixa para reflexão.
Luciano Canhanga
Luciano Canhanga
1 comentário:
Texto publicado no Jornal Cruzeiro do Sul, edição de Sábado 19 de Abril de 2008.
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