REPORTAGEM
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terça-feira, abril 29, 2008
TINTA E CIMENTO DÃO NOVA CARA AO KUITO
REPORTAGEM
sábado, abril 26, 2008
GABICONTA: DE SÍMBOLO DA DESTRUIÇÃO A SÍMBOLO DA RECONSTRUÇÃO
O edifício que está situado na Rua Joaquim Kapango, a principal do Kuito, foi até ao início da sua reconstrução o símbolo da força destruidora da guerra na capital biena e no país, depois das eleições de 1992.
À frente nota-se ainda o Igreja católica do Kuito também ela totalmente destruída e a aguardar por dias melhores.
A imagem mostra tão somente o esforço do governo em desfazer-se das marcas da guerra e legar para a História todos os acontecimentos tristes.
Exemplos como este há muitos pelo país.
Luciano Canhanga
quarta-feira, abril 23, 2008
MPLA NO BIÉ: “MUDAREMOS A HISTÓRIA DE 1992"
Trabalho é a palavra de ordem do partido dos camaradas no Bié que, depois da amarga surpresa imposta pela UNITA em 1992, pretende redimir-se da derrota de 5-0 sofrida naquela província central do país.
Joaquim Uanga não esconde que a luta pelo voto será renhida entre as principais forças em jogo. O primeiro-secretário do MPLA não menospreza, por isso, nenhum dos adversários e diz que só com muito trabalho a safra cairá certinha para o seu “cesto”.
Pergunta (P): Estamos a cinco meses das eleições, qual é o estado de preparação do vosso partido para a corrida?
Joaquim Uanga (J.U.): O nosso partido está a gozar de uma boa saúde e preparado para todos os desafios que surgirem. Por isso correspondemos ao programa nacional de contacto entre os dirigentes e a base, no dia 05/04, isto para incrementar do trabalho que temos vindo a fazer, há muito tempo. Nesta base informamo-nos sobre quem são e onde estão os nossos militantes e simpatizantes, tomamos nota das preocupações das populações, informamo-las sobre os esforços do governo e as perspectivas do país com um novo governo do MPLA.
P: Está a dizer que o contacto porta-a-porta já começou?
J.U.: Esse trabalho já, há muito, tem sido feito. Aqui no Bié evitamos trabalhar com estimativas e desde o fim da guerra que temos vindo a desenvolver campanhas porta-a-porta com o fito de obtermos dados reais sobre com quem contarmos em Setembro.
P: E com que números conta o MPLA no Bié nesta altura?
J.U.: Os dados são positivos e satisfazem a direcção do partido. De momento não os vamos revelar, mas podemos dizer que os resultados de Setembro serão diferentes dos obtidos em 1992.
P: Grosso modo, quem melhor recebe a vossa mensagem?
J.U.: Nós estamos com 60% de mulheres e a juventude. As primeiras sofreram na pele e os jovens assistem as mudanças positivas que o governo do MPLA efectua na província e que podem ser ampliadas continuando no poder.
P: Olhando para os números de 1992, qual é a principal meta do MPLA?
J.U.: Para responder à sua pergunta devo dizer que nós estamos a fazer o nosso serviço sob a palavra de ordem “MPLA trabalhar para vencer”. É este o objectivo do partido.
P: A vitória incluirá inverter os 5-0?
J.U: Não gostaria de criar falsas expectativas. Tudo fazemos para que o voto seja livre e respeitamos todos os que participarão da corrida. A única coisa que lhe posso dizer é que nós pretendemos cumprir com os nossos objectivos e, para tal, vamos continuar a convencer o eleitorado sobre as vantagens do nosso programa de governo, esforços que nos levarão à vitória no Bié e em todo o pais. De momento preferimos falar sobre o trabalho que nos levará a colher bons números em Setembro.
P: Há ainda hoje no Bié espaços cativos do MPLA e da UNITA?
J.U.: Vou falar apenas de nós que estamos em todos os nove municípios, nas trinta comunas e em todas as aldeias e embalas onde a única coisa que muda são os números, devido à densidade populacional de cada aglomerado. Em termos de força e presença estamos em todo o território bieno.
P: Enquanto primeiro-secretário do MPLA na província, qual é o adversário que mais o preocupa?
J.U.: (Risos) Penso que não devo eleger nem o adversário mais forte nem o mais fraco. Todos são adversários e porque as eleições, às vezes, trazem alguma surpresas o respeito é para todos.
P: Os políticos da oposição queixam-se frequentemente da intolerância política por parte dos militantes do MPLA. Verdade ou mentira?
J.U.: Ouvimos com frequência, mas temos vindo a refutar esses vocábulos, porquanto nunca foi nosso apanágio incitar ninguém para essas acções. O que se passa, na verdade, tem sido a rejeição, na base, de determinadas mensagens e políticos que deixaram de cativar as populações. Nós ganhámos o nosso espaço, fruto das nossas obras e os que se queixam são aqueles que perderam espaços ou que não conseguem tirar sequer “migalhas do nosso bolo”.
P: Está a dizer que o MPLA domina agora as antigas praças-fortes da UNITA?
J.U.: Não é por aí. Nós não falamos em praças-fortes nem a sul nem a norte. O que posso avançar é que o MPLA no Bié está agora em toda a parte e instalado com muita aceitação. A tal dita intolerância não é mais do que a rejeição das populações que já tiveram sob o seu controlo no passado. Digo mesmo que não seria justo que o MPLA que abriu o país ao multipartidarismo estivesse agora a impedir a acção política da oposição.
P: Mas numa corrida eleitoral as regras são pouco claras…
J.U.: Sempre fazemos o jogo limpo.
P: Estamos em contagem regressiva e a educação cívica é importante...
J.U.: Essa questão sempre constou do nosso programa. O conhecimento dos nossos símbolos, por parte dos eleitores, e a sua mobilização para o voto é pão de cada dia.
P: Queixa-se também a oposição que o MPLA bloqueia as actividades de outras forças políticas realizando actos paralelos…
J.U.: Que eu domine essa informação não. Todos os partidos são livres de realizar as suas actividades, desde que não estejam fora da lei. O que não se deve reclamar é a concorrência que depende apenas da capacidade de mobilização. Nós nunca reclamamos sempre que outros se anteciparam às nossas actividades. É preciso que esclareçam o quê que os amedronta.
P: Discursos com vivas e abaixos são ou não perigosos à coabitação pacífica?
J.U.: Enquanto dirigentes actualizados, sempre jogamos com os contextos. Usávamos estas expressões para combater a guerra. Conseguida a paz não vemos mais razões para tal. Só as pessoas desactualizadas é que continuam a dizer abaixo ao nosso presidente, entre outras asneiras. Estas pessoas que ainda agem como se estivessem na década de 80 devem é ser perdoadas para se evitarem mais confusões.
P: Olhando para a cidade do Kuito e para a província no geral, há reconstrução, mas também há atrasos nas estradas, o comboio não apita e os aviões não pousam no Kuito. Isso preocupa ou não o partido que governa?
J.U.: Temos consciência de que não é possível a reconstrução, em seis anos, daquilo que foi destruído em mais de trinta anos de conflito e ainda fazer quilo que se devia ter feito e não se fez.
O nosso governo está com duas empreitadas: fazer e refazer. Nós estamos a acompanhar e a tranquilizar os bienos que as estradas terão novos tapetes, que a energia chegará à casa de todos, que as escolas e a saúde atingirão todas as aldeias e de igual forma a água. Quanto ao aeroporto, temos a garantia de que será reaberto em Junho, estando nesta altura concluídos mais de 50% da empreitada. Estou também certo de que as pessoas vão compreender que valeu apenas esperar pelo tempo que duram as obras, já que é um trabalho de profundidade. O Comboio também voltará a apitar.
Luciano Canhanga
domingo, abril 20, 2008
VER, OUVIR E DIZER COM RAZÃO
Razão é o exercício da racionalidade, usando aquilo a que Aristóteles definiu como verdade. Dizer que é o que é, e que não é aquilo que não é.
Debico essas ideias a propósito do que vejo ao longo das minhas idas ao interior do país (sempre que me refiro ao interior é partido de Luanda) e sobre o que leio e oiço na comunicação social. O tema é: Reconstrução e Construção Nacional.
Surgem constantemente críticas segundo as quais o actual “governo é inoperante”. Outros dizem que quando forem eleitos farão o que o actual governo não faz. Nessa ordem de ideias colocam-se como desafios a construção e reconstrução de estradas e pontes, infraestruturas sociais básicas (escolas, hospitais, água e luz), habitação social entre outras tarefas de que o povo carece.
Uns apregoam a “inoperactividade” do actual governo por meros caprichos eleitoralistas. É o papel da oposição criticar. Mas se o fizer com razão será muito melhor. Outros porque desconhecem o que se faz. E porque até nunca conheceram o marasmo em que a guerra mergulhou o país.
Que não se tem ainda o país ideal, isso julgo ser verdade. Que o actual governo está a fazer muita coisa, isto julgo também ser verdade. Que o povo ainda não está satisfeito, isso também é verdade. E por que razão julgo serem estas verdades, segundo a definição aristotélica?
_ Houve um tempo em que o governo controlava apenas 30% do território nacional. A grande arma usada pela guerrilha para impossibilitar a acção e extensão do governo era a destruição de pontes, minagem de estradas e ataques até onde não havia presença de forças militares. Enquanto vivi na Munenga e em Calulo assisti a várias acções dessa natureza. Hoje, a acção governativa é um facto em todo o país e, com ou sem estradas desejáveis, os angolanos já se fazem transportar em carros de lés a lés, ou seja: de Cabinda ao Cunene e do Lobito ao Luau.
Outra verdade é que as coisas estão a ser mal feitas. A estrada que mais conheço é a EN120 que liga Luanda ao Huambo, atravessando as províncias do Bengo, Kuanza-Norte e Kuanza-Sul. Muitos trechos reabilitados ainda não foram inaugurados e já apresentam novos buracos. O asfalto e os lancís são colocados de forma tão superficial que à primeira chuva eles se descolam. Isso para não falar de outros aspectos técnicos. Disse-o, e muito bem, num artigo assinado no Novo Jornal, o deputado Jaques Arlindo dos Santos que “o asfalto colocado na EN120 muito se parece a uma lona que se descola à chegada da chuva". Vamos apontar esses erros. Chamar e apelar aos órgãos fiscalizadores para tomarem medidas pertinentes. Chamar os empreiteiros à razão, pois não basta fazer, mas sim fazer bem. Não podemos pagar duas vezes por uma mesma obra.
Luciano Canhanga
quinta-feira, abril 17, 2008
KIAMA FULO: UMA PRAIA COM DIAS CONTADOS
É a fronteira entre as províncias do Kuanza Norte (município de Kambambe) e Kuanza Sul (município do Libolo).
Ao fundo, para além do curso normal do rio Kuanza, mostrando também o início da albufeira da barragem de Kambambe, pode-se ver a praia fluvial de Kiamafulo, agradável local de recreio para os moradores de Kambambe, Dondo, Kambingo e doutras paragens.
Dizem que a nova reconfiguração da hidroeléctrica de Kambambe vai aumentar a albufeira e a praia de kiamafulo vai desaparecer, devido ao aumento do nível de água.
Antes da travessia da ponte a polícia nacional tem aqui um controlo. No passado, nenhum homem em idade militar o podia transpor sem que tivesse a situação militar regularizada. Hoje, o controlo permanece. A única coisa que mudou é que nenhum automobilista que faça o serviço de transporte de pessoas e ou mercadorias o transpõe sem pagar a “gasosa”. A excepção é feita apenas aos autocarros de empresas licenciadas para o transporte inter-provincial.
E se a dita "gasosa" fosse na verdade um refrigerante, uma caixa seria pouca para tirar a "sede dos polícias gasoseiros" que ficam normalmente em Kalomboloca, Zenza do Itombe, Desvio da Munenga, Kizouo, Ponte do Nhia e Alto Wama. Citei apenas os pontos "críticos" da estrada nacional EN120 de Luanda ao Huambo.
Perante o facto, uma questão se coloca: O alto comando da nossa Polícia Nacional tem ou não conhecimento da existência destas barricadas?
A foto foi tirada no dia 9 de Abril de 2008 de viagem ao Kuito/Bié.
terça-feira, abril 15, 2008
LUANDENSES TROCAM CARROS PELA MARCHA
Voltou a chover em Luanda. No interior dos bairros periféricos quase não se circula e até mesmo viaturas todo-terreno encontram enormes dificuldades em transpor charcos e lamaçal. Dos quintais às ruas, há áreas em que escasseia terra firme para se pôr o pé. Quando isso acontece, pedras para transpor os “obstáculos” são colocadas por jovens desempregados que cobram entre Kz 10 a Kz 50, para que se possa circular sobre elas.
Nas estradas asfaltadas, também invadidas pela água, lamas e lixo, o cenário é assombroso. Os engarrafamentos tomam conta delas das 6h da manhã às 23 horas. Sabe disso quem vive ou se desloca para os bairros Popular, Golfe-Correios, Cassequel, Viana, Cuca/Hoji-ya-Henda/Kunzas, Mabor/ Kikolo/Cacuaco, Tala Hadi/Cazenga/5ª Avenida, entre outros. Os taxistas, únicos que desafiam tudo e todos, encurtaram os troços e encareceram o custo da passagem de Kz 50 para Kz100, motivo que leva às estradas milhares de pedestres.
Alberto Massaca, 47 anos, vive no bairro do Grafanil-Bar e trabalha na baixa da cidade. Conta que prefere caminhar de casa ao largo da Independência (1º de maio) devido aos engarrafamentos e à carestia da passagem no táxi. “É que para além de se chegar sempre tarde sou obrigado a desembolsar perto de Kz. 500, só a ida”, explica. A solução, segundo ele, tem sido madrugar e ir conversando com os companheiros de percurso.
Madalena Joaquim e Abel Samukolo que são colegas numa casa comercial na rua Machado Saldanha, ao Bairro Popular, também caminham do Golfe ao serviço.
“Levo normalmente botas de chuva e sapatos normais que só uso no serviço”, contou Madalena.
Os entrevistados relatam ainda que há anos que a situação vem piorando, existindo bairros como o Tala Hadi onde os moradores são forçados a abandonar as suas casas devido à intransitabilidade no seu interior, chegando a água da chuva inundar várias residências por falta de drenagem.
Quando interrogados sobre quem deve reparar a situação que se vive em Luanda em tempo de chuva, os entrevistados não hesitam em dizer que o Governo e/ou “quem de direito” tem de resolver o problema com urgência.
Joaquim Artur, 68 anos, é conhecido na rua 12 de Junho, no Sambizanga, pelos seus desabafos sarcásticos. Para ele, Luanda tem de ser evacuada e entrar imediatamente em obra geral. O sexagenário que diz ter vivido sempre no Sambizanga diz ainda que nunca se assistiu a degradação tão acentuada das ruas no seu município e um pouco por toda a capital.
Contactado o governo da província de Luanda, obtivemos a informação de que para além do alargamento de estradas como a que nos leva à Viana, a construção da via circular, Benfica/Viana/Cacuaco, entre outras, há outros esforços em curso ao nível das administrações municipais que começaram a receber meios técnicos para que a curto prazo se invertam as coisas. A fonte que preferiu não ser citada disse ainda que casos pontuais estão já a ser atacados pelas administrações municipais.
VIANA/LUANDA: COMBOIOS NÃO RESOLVEM POR COMPLETO
Matadidi Bernardo vive em na vila de Viana. Na terça-feira, 15 de Abril, saiu de Viana às 7h e só chegou ao largo Sagrada Família, onde trabalha, às 14 horas. Conta que a luta começa nas paragens onde se apanham o táxi ou o autocarro. “Conseguir pôr o pé dentro deles é já uma vitória”, conta, acrescentando que nesta "empreitada" muitos perdem as carteiras ou acabam com as roupas completamente sujas.
O nosso interlocutor conta ainda que de autocarro a viagem é muito mais demorada chegando a fazer entre 4 a 6 horas, isto é de Viana ao Hospital Militar. “Nessas circunstancias motivadas pelos engarrafamentos, muitos preferem abandonar os taxis e autocarros e terminam a viagem à pé”, explica.
Mais lestos e económicos são os comboios. Vinte minutos de percurso Viana/Estação dos Musseques ao preço de Kz.30 (comboio normal) e kz.150 (expresso). Este facto faz com que as enchentes sejam enormes junto ao término, nunca havendo lugar na segunda paragem. Nos comboios também se apontam males como o sujar da roupa, o suor, e o roubo de carteiras. Outro handicap tem sido o facto de os comboios não circularem todo o dia, fazendo apenas 4 viagens no período da manhã e igual número à tarde.
“Enquanto não for concluido o alargamento da estrada de Viana só os comboios podem resolver a falta de transportes e os engarrafamentos”, reclamam os entrevistados.
Luciano Canhanga
terça-feira, abril 08, 2008
PERCORRENDO O NORDESTE
Crónica de viagem
Quem acompanha estas crónica terá dado conta que já estive no centro do pais, saído da costa atlântica. Estou agora no nordeste, na região das lundas. Tal como no litoral, no centro e no sul, onde estive sobre rodas, aqui, o cenário pouco difere em termos de crescimento.
É certo que aqui é um extremo. Aqui terminou a colonização portuguesa, terminam as estradas, os apoios, enfim. Mas, mesmo assim, quem conheceu o nordeste ontem, e cá vier hoje, encontrará muitas mudanças. As cidades e vilarejos ganham novos rostos, as estradas vão sendo asfaltadas e alargadas com base no novo padrão. Os empresários vão acreditando e as novas edificações crescem de tempo em tempo. A vida vai melhorando e o custo dela vai baixando, fruto da transitabilidade por estradas. O governo através de programas específicos vai fazendo a sua parte e as populações também a sua.
Os aglomerados populacionais ganham escolas, centros médicos e outros serviços. Há aqui, no nordeste, um elemento importante: Os jangos comunitários, onde as populações se reúnem para tratar dos assuntos comunitários e legar a cultura aos mais novos. São também locais de lazer, contando alguns com a instalação de kits de TV(TPA) por satélite.
Quanto à disputa política, três bandeiras “dominam os ares”: Mpla, Prs e Unita marcam presença em todos os aglomerados ao longo da estrada Malanje/Saurimo e Saurimo/Luena, assinalando-se também a presença óbvia da bandeira nacional. Os aldeões contam que cenário idêntico se verifica no interland.
Outra nota de destaque é a falta de literatura no interior. Tudo se lê: cartazes propagandísticos, velhos jornais e revistas, enfim.
“É só para divertir os olhos e não ficar toda a hora a dormir”, disse um ancião na casa dos cinquenta, abordado à propósito, na aldeia de Kamundambala, 10km de Saurimo.
Luciano Canhanga
terça-feira, abril 01, 2008
VER, OUVIR E DIZER
Inundam os jornais, espaços radiofónicos e inclusive Televisivos (TPA incluída), anúncios de uma igreja que “se arroga ao direito de ter substituido o Estado” no seu papel de socorrer as vítimas das inundações e doutras calamidades naturais.
Reporto-me à publicidade tóxica quanto e irritante passada pela IURD e que desagradaria até ao diabo.
-Quem ainda não se deparou com a falácia: “Igreja Universal doa mais de 200 toneladas de alimento”?
Há já mais de 1 mês que ocupa páginas inteiras na comunicação social, como se fosse a única que tem actos de caridade para com os necessitados, ou que estivesse a anunciar algo magistral e sem igual.
Não sendo notícia e atendendo que os veículos que o difundem não o fazem de graça, não teria sido muito mais frutuoso se se acrescentassem esses “rios de dinheiro” as 200 toneladas em vez de se estar a infestar os ventos com coisas que ningém lê?
- Onde anda a moral religiosa, meus senhores, quando a bíblia aconselha a orar baixinho e deixar que Deus, omnisciente, conte por nós e qualifique a importância das nossas oferendas?
Sem ter de falar da forma como é arrancado o dinheiro das mãos dos (in)fiéis, que já foi e é muito contestada, quero apenas dizer que não é, a meu ver, ético que andem por aí a publicitar, durante um mês, o que fizeram por gente aflita. Publicitar uma doação, é o mesmo que repontar qualquer outro acto. Melhor se não tivessem doado tais toneladas.
Tudo quanto sei é missão da igreja visitar os enfermos, dar de comer aos que têm fome e de beber aos que têm sede, algo que a patológica IURD há muito se esqueceu ,ou melhor, nunca soube.
É que chegam a ser enjoativos os anúncios desta –IURD- vendedora de banha de cobra. Fé e graça andam de mãos dadas e nem precisam de publicitação. Em qualquer denominação religiosa deve haver “mais graça em dar do que em receber”.