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quinta-feira, maio 08, 2025

CONHECENDO VIZINHOS

Há mais de 15 anos que vou ensaiando travessias fronteiriças (por terra), tendo conhecido os postos de Dilolo Gare (Lwaw), Kasanda (Lunda wa kusangu), Luvu (Zadi), Masabi (Kabinda) e Santa Clara (Namakunde). 

O comércio, "motor de maior potência" é que, normalmente, dá vida aos movimentos fronteiriços pendendo estes mais para o lado forte. [Os laços familiares também têm influência, mas não são os que chamam as alfândegas, zungueiros, carteiristas, malabaristas e outros agentes do bem e do mal]. Quem tem mais a dar vende mais e recebe mais dinheiro que robustece a economia do seu país e povo.

Atravessei a fronteira, via Kasamba, saído de Dundo, por duas ou três vezes, tendo comprado bubus, vestidos e camisas congolesas chamado pelo pregão "basin de qualité". As bijuterias, maioritariamente, "banhadas" e passadas como verdadeiras, são deles. A comida, os combustíveis os electro-domésticos e os Kwanza são nossos, mas é deles a praça maior. Ou seja, há maior número de vendedores quando a praça é deles (do lado deles). 
Em Dilolo, a "visita" calhou-me em um dia de mercado aberto. Os angolanos vendiam kakeya, mandioca e outros produtos alimentares que não eram tantos. Os "zaikôs" tinham quinquilharia diversa e vestuário "made at home", apresentando-se ávidos de atravessar e ficar, enquanto os deste lado (mais ao mar), quando passassem os quilómetros permitidos (ou dentro do raio) era para buscar saúde ou visitar parentes. 


Tal encontrei no Luvu [2014], quando a formalização de laços familiares entre o meu irmão e uma moça de Mbanza-a-Kongo me levou ao mercado fronteiriços à compra de "Or", malavu, sapato-sola-seca e outras coisas infalíveis em um pedido de casamento tradicional [bantu]. O gasóleo, petróleo, feijão, arroz, peixe fresco e seco eram nossos. Eles também vendem coisas, mas as habituais e acima descritas. 

Em todos os pontos fronteiriços visitados, há desequilíbrio entre quem vende o quê, mas nunca como vi na fronteira a Sul, onde os que mais vão e voltam somos nós [angolanos]. E dizem que a taxação alfandegária "desregrada?" afugentou os comerciantes empresariais, deixando o posto fiscal à mercê dos revendedores de rebuçados e maçãs. Não tive tempo para confrontar e não pode essa passagem ser tomada como verdade acabada, embora se notem cada vez menos compras empresariais. Isso é verificado e os moradores contam-no de boca desabrida. O que não diminui, porém, são as idas e vindas de angolanos para comprar coisinhas que devíamos já ter para consumo imediato ou encontrar algo que se venda no nosso lado para o consumo deles. Esse é um desejo ardente, mas o que é que eles, namibianos, não têm e que precisam de comprar em Namakunde/Santa Clara?

A planície com escassa vegetação é a mesma [nos dois lados]. A seca no tempo de estiagem e as zonas alagadas quando chove são as mesmas. A estrada sem buracos, as casas [grandes, médias ou pequnas] contruídas de forma ordeira, os campos de masangu e masambala à beira da estrada e das aldeias, as manadas sempre acompanhadas de pastores e fora da rodovia são deles. 







 


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