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domingo, junho 23, 2019

CONTANDO ESTÓRIAS PARA AJUDAR A CRESCER (I)

O menino (na foto) estuda a segunda classe e não tem o que ler. Quando não vai à escola, frequenta a lavra ou brinca com os amigos usando o seu "hola-hola" (trotinete rudimentar) que também o ajuda a carregar mantimentos da lavra à aldeia de Pedra Escrita (Libolo). Como ele, estão dezenas de outros rapazes e raparigas que nem jornal encontram para adestrar as práticas de leitura que os professores vão tentando transmitir nas aulas de ...Língua Portuguesa. A falta de material de leitura faz com que os mais velhos, há muito alfabetizados, se tornem também analfabetos funcionais, por falta de exercitação da leitura e da escrita.
- Hoje, com os telefones, nem bilhetes se escreve e quem sabe ler e escrever está empatado com aquele que não sabe. Todos se limitam a ligar e falar. - O desabafo é de Gonçalves Carlos, antigo professor que, impossibilitado de retornar à educação, depois de anos de calvário, preferiu cuidar do campo.
Se a educação vai como vai, a saúde "está no chão". A construção do que viria a ser o Posto de saúde foi abandonada em 2011.
- Era para ser Posto. Estávamos já todos contentes, mas só terminaram a escola. - Narra um aldeão que acrescentou: por favor, sei que você, para além de nosso irmão, é jornalista e escritor. Não põe meu nome no jornal nem no livro. Aqui no mato as coisas mudam muito.
O Posto Médico ficou pela décima fiada (viga geral) e, passados 8 anos, "nunca mais o empreiteiro apareceu", nem a edilidade municipal, responsável pelos programas de investimento público, vulgo PIP.
Sem quem cuida dos doentes, as doenças todas possíveis, sarna, "lombrigas" (oxiúros), anemia, paludismo, incluindo tênue desconfiança de cegueira dos rios, fazem morada, sem que a aldeia, com mais de mil almas suplicantes, possa ser socorrida em tempo e de forma permanente.
Essas estórias reais (nuas e cruas) visam tão somente despertar quem, para essas gentes do Libolo (comuna da Munenga, EN240), possa "mover uma palha".
Quase tudo é necessário e urgente.
O autor dessa prosa já iniciou a concentração de material para a construção de uma Biblioteca Comunitária.
São chamadas as ONG para acudirem a questão da saúde e dormitórios para os professores (contratados de localidades distantes) que ocuparam os 2 wc, fazendo com que as meninas e os meninos se desfaçam do "incômodo estomacal" na mata.

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