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sábado, julho 02, 2016

ESPREITANDO O KATAMBOR


Entre uma cidade (Alvalade) e outra urbanização (Prenda) encontramos um emaranhado de casotas (algumas evoluíram para kaprédios) sobrepostas no morro e com becos em degraus. A água, limpa ou negra, corre cima a baixo. Algumas crianças ainda brincam e correm entre estreitos desfiladeiros. Outras vivem confinadas nos quintais inexistentes.

- As casas iniciais terão sido mesmo feitas a base de chapas de tambores e daí o nome. - Contou-me um ancião que há muito desistiu ...da casota que erguera entre barrocas, num beco de "50cm".
 
Aprecio a alegria estampada nos rostos e nos largos falares (há lá muitos kwanza-sulinos) dos moradores do Katambor, mesmo encurralados (muitos), sem acesso para veículos. Mas, que tal deixar Quem de Direito requalificar a zona quando sairmos do aperto financeiro? Vejam só quão linda está a ficar a Boa Vista, a Kinanga, o Quintalão dos emissores do Cazenga, o Ex-Roque, etc.
- Pessoa morre, corpo já não passa em casa por causa do acesso? - Desabafou o ancião que trocou o Katambor pelo Rocha pinto.
 
Quando erguemos uma casa, mesmo precária ou em local precário, estabelecemos laços afectivos fortes com o imóvel, instituições e pessoas ao redor de quem não gostamos de nos afastar. É verdade. Mas onde ficam a comodidade, bem-estar, acessibilidade, mobilidade e tudo mais?
Desabafei comigo mesmo porque "tenho casas" nos Katambores.

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