Nos anos 90 do séc. findo um programa emitido
pela rádiodifusão pública com o título “Radar, as ondas que não deixam passar”
fez um excelente trabalho de casa, colocando em sentido muitos dos nossos
músicos (ndengwes e kotas) que andaram a se servir de trabalho e esforço alheio
para amealharem fama e até algum dinheiro. Muitos foram apanhados pelo radar
com a “boca na botija”, ou seja, executando cópias autênticas de músicas
alheias.

Esta reflexão vem a propósito do mais recente disco do meu respeitado conterra Yuri da Cunha que se vê envolvido em polémica sobre alegado plágio de músicas de Arur Nunes.
Segundo o que acabo de ler no Angonotícias.com
(01.07.2012, 15h), “Domingos João Faustino «Mingo Nunes, irmão do malogrado Artur
Nunes, exige que Yuri da Cunha indemnize a família do Espiritual», por o jovem cantor ter gravado
músicas do segundo sem autorização da família”. «Estou ferido e revoltado,
porque Yuri da Cunha gravou abusivamente as músicas do meu irmão e abusou do
património familiar», uma posição que não foi recebida de bom grado pela sua irmã mais
velha, Maria Artur Manuel Nunes, que com Yuri da Cunha, convocou a imprensa
para esclarecer o que se está a passar. Maria Nunes, também conhecida por “Santinha” explicou que este incidente não reflecte a opinião da família mas de um irmão que não
tem legitimidade alguma para o fazer, reiterando que o cantor foi
"autorizado" por ela a gravar, editar e publicaras músicas de Artur Nunes,
num “Termo de Autorização” datado de 06 de Dezembro de 2010, rubricado por
ambos.
Atendendo ao discurso jurídico em que a capacidade de herdeiro é reconhecida em primeira instancia aos filhos (inexistententes no caso9 e depois aos progenitores, vê-mos que nem o irmão reclamante, nem a irmã que concedeu a suposta autorização estão na primeira linhA de sucessão e, po isso, com direitos para reclamar da herança ou autorizar o seu usufruto por terceiros.
E, se Yuri tentou buscar a legalidade, fê-la com quem não está revestido de poder para ceder direitos autorais, já que a mãe de Artur Nunes ainda é sobreviva.
Por tudo quanto se disse e há ainda por se dizer, buscando os mais diverso argumentos de razão, quer á luz do direito consuetudinário quer do direito positivo, tenho a dizer que estaríamos perante um facto evitável se deixassem que o “Radar” se mantivesse no ar e continuasse com o seu papel pedagógico, pois desde que alguém entendeu que o radar estava a ferir alguns intocáveis que tocavam no esforço dos outros, os “bichos voltaram à selva” e o alheio deixou de ser respeitado.
Atendendo ao discurso jurídico em que a capacidade de herdeiro é reconhecida em primeira instancia aos filhos (inexistententes no caso9 e depois aos progenitores, vê-mos que nem o irmão reclamante, nem a irmã que concedeu a suposta autorização estão na primeira linhA de sucessão e, po isso, com direitos para reclamar da herança ou autorizar o seu usufruto por terceiros.
E, se Yuri tentou buscar a legalidade, fê-la com quem não está revestido de poder para ceder direitos autorais, já que a mãe de Artur Nunes ainda é sobreviva.
Por tudo quanto se disse e há ainda por se dizer, buscando os mais diverso argumentos de razão, quer á luz do direito consuetudinário quer do direito positivo, tenho a dizer que estaríamos perante um facto evitável se deixassem que o “Radar” se mantivesse no ar e continuasse com o seu papel pedagógico, pois desde que alguém entendeu que o radar estava a ferir alguns intocáveis que tocavam no esforço dos outros, os “bichos voltaram à selva” e o alheio deixou de ser respeitado.
Espero que o homem do “Makumba” não veja
inveja nessa crónica que emana simplesmente dos ecos que o caso teve e ainda promete ter.
É que só quem anda no mundo das artes (Cénicas,
literatura, música, moda, arquitectura, etc.) sabe o quão trabalhoso é inspirar-se
e transpirar para trazer ao público uma obra. Daí que o respeito pela coisa
alheia é uma obrigação e consultar o dono (entenda-se o legitimo depositário dos direitos e não terceiros) não é nada que nos doa na consciência.
Sem comentários:
Enviar um comentário