Por: Tazuary Nkeita
(*)
Começo por desejar as
boas vindas a todos os presentes, agradecendo o vosso gesto, tão estimulante, de
acompanhar o autor, Luciano Canhanga, no lançamento e na repercussão da sua
segunda obra literária que tem um título
que se aplica a ele próprio.
Digo isso
porque Manongo-Nongo não é apenas a festa dos recém-nascidos é
também a festa de um recém-admitido no mundo da literatura e de todos aqueles
que hoje, aqui, o acompanham. (em vosso nome, peço uma salva de palmas para o
nosso Soberano
Canhanga)
Apesar do Luciano ser
um jovem jornalista com uma experiência profissional de vinte anos, conheci-o há
apenas quatro anos por intermédio de amigos comuns, também ligados ao jornalismo
e à literatura. Facto curioso, entre ele e eu, é que ambos iniciamos o
jornalismo com a mesma idade: 19 anos!; eu em 1975 quando Angola estava a nascer
e ele em 1996 quando a independência já era adulta. O mais curioso ainda é que
desde que o conheci, ele não deixa de me
surpreender.
Surpreendeu-me a
primeira vez quando me pediu para fazer a revisão e escrever o prefácio do seu
primeiro livro, «O Sonho de Kauia», em
2010;
Surpreendeu-me
novamente quando tomei conhecimento da publicação deste «Manongo-Nongo» - a Festa dos Recém-nascido - meses depois de ele ter pedido a minha
opinião sobre um outro livro, «O Relógio
do Velho Trinta», a obra que já anunciou antes deste lançamento.
E, como se não
bastasse, voltou a surpreender-me pela última vez há menos de três dias, quando
me convidou para fazer esta apresentação, em cima do joelho e quase na «Vigésima Quinta
Hora».
Aceitei este desafio
única e simplesmente por causa do espírito de combatividade que
lhe é característico, que nos contagia, a todos, e que tenho elogiado desde que
o conheci. E sinto um imenso orgulho por ser chamado de «padrinho» de um jovem
assim, quando eu próprio, também, me sinto à deriva, procurando padrinhos, como se fosse um recém-nascido mergulhado
neste complexo universo que caracteriza a literatura
angolana.
Talvez não seja o
melhor dos exemplos, entre os possíveis, mas o sentimento que me anima, estando ao lado do Luciano Canhanga, neste
momento, é precisamente o da obrigação de um profissional, da saúde, chamado a
socorrer com urgência o nascimento de uma criança; a sensação de alguém que vai
sentir nos braços a respiração de um novo ser; o bater súbito de um coração na
ponta dos dedos, mas, descobre, diante dos olhos, uma nova espécie de criação
humana – quero dizer, o nascimento de uma obra literária com uma riqueza, um
conteúdo e uma vitalidade
impressionantes!
Manongo-Nongo merece,
por mérito próprio, ser também, por isso mesmo, a cerimónia festiva da consagração do autor no
universo da literatura angolana.
É o mínimo que posso dizer sobre o efeito que a leitura
de «Manongo-Nongo – a Festa dos
recém-nascidos» causou em mim, nas últimas 72 horas que antecederam
a esta cerimónia.
O Luciano Canhanga
tem agora a oportunidade de alimentar o seu recém-nascido, espalhando
repetidamente os ecos e a boa nova desta cerimónia, com a mesma
combatividade com que tem enfrentado os obstáculos do seu dia a
dia.
O livro que nos
chega, hoje, às mãos merece uma repercussão nacional. Seria uma Cegueira
imperdoável pensar que o principal
interesse por Angola hão-de ser eternamente as minas de diamantes, os
poços de petróleo ou o jogo político. A prova está, aqui, na apresentação destas
histórias fantásticas com um retrato magnífico da vida, da cultura e do
património de povos de Angola e na mensagem que o autor nos transmite: - A nossa
cultura é vasta e o trabalho que nos espera é maior
ainda!
É um livro que se
aconselha a todos os estudantes e amantes da literatura angolana; um livro que
nos oferece histórias, de mais velhos que moldam o carácter dos mais novos,
transmitindo conhecimentos e uma hierarquia de valores morais e sociais cujo
resgate há muito se anda à procura.
É um livro onde os
animais irracionais dão lições de civismo aos seres humanos e cuja repercussão
nos faz exclamar «Esta é Angola, esta é a nossa terra; esta é a nossa
gente!».
Outra característica
é a recolha de mitos populares sobre a vida, a doença, a morte e o feitiço. O autor reproduz histórias do dia a dia das
aldeias que percorreu e termina com a lição moral que elas encerram,
transmitindo valores fundamentais e fraquezas do génio humano, tais como a
solidariedade, a ingenuidade, a inveja, a ignorância, a ingratidão, o
ciúme, a confiança mútua e triunfo da
verdade e da justiça!
Se quisermos ser
rigorosos na análise, Manongo-Nongo não é
propriamente uma obra infanto-juvenil, mas um livro que os adultos devem ler e
interpretar para as crianças.
É, finalmente, um
livro que chega na hora certa e no contexto mais certo. Espero por
conseguinte que ajude a aumentar os
níveis de confiança de todos aqueles que ainda estão indecisos quanto a
qualidade e ao futuro da literatura
angolana.
Muito
obrigado
Tazuary
Nkeita
(*)Texto da apresentação da
obra «Manongo-Nongo» de Soberano
Canhanga
Sede da União dos
Escritores Angolanos em Luanda aos 5 de Junho de
2012
6 comentários:
Parabéns meu caro.
Obrigado Ed(filho de) Macedo
Um abraço
Bem-vinda mais esta obra. Por outro lado, como quem te ajudou a montar o contador de visitantes, alerto-te, como fui alertado, que os tipos do Widgeo activaram janelas pop-up publicitárias. Explico: cada vez que se clicar em algo do teu Blog, abre involuntariamente uma janela de publicidade, que segundo os tipos, é para sustentar o serviço, algo que, quase que te juro, só se regista este ano. Tive então de desactivar o contador, com muita pena. Abraços de Benguela
Caro confrade patissa,
Mais uma vez o meu mui obrigado, pela felicitação quanto ao livro e por esta dica do pop up.
Abraço daqui
Se os livros são como filhos, para o seu autor, então além das netas que minha filha me deu, tenho mais dois netos que o Soberano Canhanga me deu!
E se o primeiro, O SONHO DE KAÚIA, foi par mim uma alegria muito especial... por ser o primeiro e pela "paternidade que gerou", este segundo é, na verdade, outro PRIMEIRO: Pelas crianças a que é dedicado e por toda ternura que contém!
Parabéns Luciano! Muito sentidos e comovidos deste Kota que o tempo vai fazendo nova criança, que ri e chora à presença da emoção!!!
Parabéns Tazuary Nkeita, pelas palavras tão sentidas e tão certeiras:
"Manongo-Nongo não é propriamente uma obra infanto-juvenil, mas um livro que os adultos devem ler e interpretar para as crianças."
Naturalmente, eu não diria melhor e, por isso, me devia calar!
Mas não resisto ao apelo: Que as riquíssimas tradições angolanas toquem fundo na alma do povo angolano!
Obrigado, meu pai, pelas palavras de carinho.
"Te amo bwé" (muito).
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