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sexta-feira, abril 13, 2012

O PERIGO DO "LUGAR COMUM"

Enquanto jornalista,
Intrigava-me, sempre que fosse a províncias, encontrar e reportar factos noticiáveis que aos olhos dos confrades locais não passavam de algo comum ou sem interesse jornalístico.

Pois, a repetição e o hábito fazem dos factos, mesmo anormais, lugares comuns ou factos normais. É isso que faz com que se desvie deles a nossa atenção que se dirige ao periférico, ou para o nada, fazendo com que na aparente ausência de factos dignos de atenção e registo, o nosso olhar se fixe na propaganda e no simplesmente lúdico.


A exemplo, temos o que mais incomoda em Luanda e em algumas outras cidades de Angola: falta de transportes públicos, grandes congestionamentos do trânsito, deficiente recolha de lixo e drenagem, elevados níveis de poeira, gritante falta de H2O e energia eléctrica, poluição sonora, vadiagem, promiscuidade, prostituição, bebedice, delinquência juvenil, desleixo e espírito "deixa andar" das autoridades policiais, transporte de pessoas em caixas de carrinhas e camiões, gente pendurada em entradas de comboios, venda em passeios e passagens superiores (pontes para peões), etc., assuntos que deveriam encher, de forma critica e pedagógica, as páginas dos nossos jornais e noticiários audiovisuais deixaram de neles fazer presença constante.
Do Kambwá

Por que será?
Tornaram-se lugares comuns. Os jornalistas coabitam todos os dias com eles. Os nossos corpos e mentes ganharam anti-corpos. Deixamos de sentir dor.
E, enquanto não despertamos, nos vamos contentando com assuntos periféricos como maratonas e danças que roçam a pornografia.

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