O corpo inerte do REI EKUKUI IV do Mbalundu, falecido no fim-de-sema, será degolado esta noite na capital do seu reino (Bailundo) para fazer cumprir a tradição. Provavelmente o rei não vá sozinho. É a experiência. Os Kesongo estarão já à caça de acompanhantes do Rei cujo corpo deverá ser acompanhado por uma ou duas "pessoas".
Diz a tradição, que se a cabeça não for separada do corpo e depositada no Ekokoto várias pragas podem assolar o reino, o que deve ser evitado.
Por outro lado, é através dessa prática que se contabilizam quantos reis já passaram pelo trono, bastando contar o número de crânios expostos numa fenda ou floresta (secreta) frequentada apenas por restritos membros da corte.
Para além dessas duas práticas, há ainda outra que atesta que "o rei nunca vai a andar sozinho", mesmo que vá para a morte, salvo em situações em que a sua despedida não pode ser assistida.
Se for em situações de enfermidade irreversível, os notáveis da corte dão fim à vida do rei no último momento, quando se nota que a partida é eminente. Desta forma "leva-se o rei" em vez de ir sozinho.
São questões e práticas discutíveis por um lado, tendo em conta a ocidentalização da cultura universal, mas também de respeitar, tendo em conta as nossas origens.
Concorde ou não com a prática, mas é verdade que o corpo de Augusto Katchiopololo, rei do Mbalundu e deputado do ciclo nacional pela bancada do MPLA, vai ser hoje degolado e depositado no panteão real do Bailundo. O corpo sem a cabeça, este pode ter outras exéquias mais formais e mais ocidentalizadas, tendo em conta a sua qualidade de deputado eleito para o mandato em curso.
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Subsídio "roubado" da página de facebook do Nguvulu Makatuka
Nota: o autor deste blog é neto do rei Ngana Ñunji, do Kuteka, título que significa PILAR.
3 comentários:
Resumindo os dois escritos:
Então a morte do rei Katiopololo não devia ser mediatizada porque para a tradição ele está apenas muito doente... E como é que fica, uma vez que já foi anunciada a morte? A cabeça será separada do corpo por um processo mecânico ou natural?
É uma prática no mínimo muito curiosa. Contudo, conforme escrevi em meu blog nesse último domingo, o que é estranho para mim pode ser absolutamente normal para quem já está inserido na tradição, na história e na cultura de seu povo. Há de se respeitar a cerimônia alheia com a mesma reverência com que respeitamos as nossas próprias.
E que a nação do falecido rei prospere segundo as suas crenças e tradições.
Forte abraço, amigo Luciano!
Olá...
Gostei do teu blog, interessante as informações contidas, culturais e com uma pitada de deixar a vontade a quem ler, já que cada pessoa é um universo desconhecido.
Parabéns e obrigada por compartilhar.
Grande Abraço Fraterno,
Lecy'ns - Brazil
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