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terça-feira, janeiro 03, 2012

MOTO-TAXI: NECESSIDADE E PERIGO

Entre a necessidade do emprego e a preservação da Vida
No bairro Bagdad, Maria Nfwila chora a morte do seu filho querido. Magalhães era moto-taxista e teve um acidente frontal com outra motorizada. Não usava o capacete e por isso não resistiu aos ferimentos cranianos resultantes do acidente.

Na esquadra da polícia, o agente Bernardo Mukwateno tem a farda rasgada e a perna ferida: foi atropelado, em serviço, por um motoqueiro imprudente e sem habilitação que o arrastou por mais de 3 metros.

Na passagem para peões do Kandembe, Mpande a Umba viu o stop e o pára-choques da sua viatura danificados por um motoqueiro que não respeitou aquele sinal de trânsito, como ainda dizia que estava distraído antes de embater na parte traseira da carrinha.

Nos hospitais Municipal e Provincial, os bancos de urgência e as enfermarias são inundados todos os dias de vítimas de acidentes de e com motas que não poupam os passageiros, os transeuntes e os próprios motards. Mensalmente, o número de acidentados, feridos, e até mortes são consideráveis e avultados os prejuízos materiais que afectam as pessoas particulares, as famílias e o Estado que deve prover saúde e assistência à população.

Nas esquadras da polícia, sobretudo nas unidades de trânsito, começa a faltar espaço para acondicionar as motorizadas apreendidas na rua, fruto de condução perigosa, acidentes, falta de documentação dos meios e falta de habilitação para as conduzir. Todos os factos acima enumerados são e devem ser preocupação de todos, atendendo que falámos de dinheiro, segurança e integridade física que num abrir e fechar de olhos podem ser afectados por um qualquer imprudente.

Estou cônscio das dificuldades que o país vive em empregar gente que não teve acesso à escola, sendo grande parte deles jovens, a força activa. De igual forma estou consciente dos distúrbios sociais que os jovens desocupados podem provocar a esta e futuras gerações, caso medidas urgentes e concretas não sejam tomadas. Acho, de igual sorte, pertinente a opção de algumas instituições pela oferta de motorizadas aos jovens para a prática de moto-táxi. Só não entendemos por que razão as iniciativas louváveis de oferta de motas não são precedidas de aulas de habilitação dos jovens para conduzir e indução sobre o uso de equipamentos de protecção (capacetes para o moto-taxista e o passageiro), elementos fundamentais para que tenhamos estradas cada vez mais seguras.

Se todos reflectirmos e começarmos a resolver o problema pela base e não pelo topo, ainda vamos a tempo de emendar o tiro. Só prisão aos prevaricadores e apreensão de motorizadas não resolvem a questão. É preciso estancar a ferida já existente e prevenir outras.

Os motoqueiros, tão úteis à nossa vida comunitária quanto todos os demais profissionais liberais, devem ser formados (habilitados a conduzir); os mecanismos de legalização das motorizadas devem ser claros e simplificados; os próximos utentes de motas (sejam para táxi ou para uso singular) devem ser antes habilitados e documentados; e, já agora, por que não falar em seguro contra terceiros que venham a sofrer de acidentes causados por estes profissionais?

Vamos todos desenvolver a província e o país, mas de forma ordeira e responsável. Cada um fazendo o melhor de si, ultrapassaremos a barreira do subdesenvolvimento.

1 comentário:

Soberano Kanyanga disse...

Tb publicado pela Revista AZULULA de Dez. 2011