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segunda-feira, junho 13, 2011

ANGOLANOS "ESCRAVIZADOS" POR CHINESES

São fáceis de localizar. Jovens e adolescentes angolanos levados do interior do país, sem contrato de trabalho e pagos “a preço de banana”.

Estão nas empreitadas de construção, nos estaleiros, nas fábricas de blocos de cimento, em tudo onde há chineses. E os novos esclavagistas não poupam à língua quando se referem às suas “peças”. “ Angolano de Luanda não gosta trabalhar. Toda a hora dinheiro, dinheiro, doente, bêbado, candongueiro… A obra pára muito”, palavras de Tony (deduz-se que seja To Him mas assim se identifica para facilitar a comunicação) que se assume como mestre numa fábrica de blocos à estrada de Kamama, próximo do Projecto Morar, em Viana.

Os rapazes dizem que são forçados a trabalhar durante todo o dia sem descanso, nem mesmo quando adoentados. “O mano aqui o trabalho é hora a hora. Pessoa pode ficar doente os chineses não aceitam” contou Sandombe oriundo do “Kuando Kuvango”.

Na sua maioria os jovens desconhecem a cidade de Luanda e nem têm familiares que os possam albergar em caso de desistência. Desconhecem também o caminho para a terra de origem e sentem-se forçados a viver nos acampamentos chineses, sujeitando-se à infra-vida.

O mano já sabe: Chinês vive junto e dorme na mesma cama, um de dia outro à noite. Nós já num se fala mais você pode ter ferida nos dedos o Ginguba manda descarregar blocos (referia-se a um outro chinês).

Quando questionado sobre a comida Sandombe não gaguejou: “Comida que nos dão é só mesmo arroz com óleo e lataria (conservas), para comer outra coisa a pessoa tem que tirar no dinheiro”.

E a frase do jovem de aproximadamente 16 anos levantou outra curiosidade: E Quanto é que vos pagam por mês?

- Vinte mil. - Respondeu.

- Chega para comer, vestir e mandar para a família no Kuando Kubango?

- Oh mano, é só mesmo se “arrascar” (desenrascar). Quero só completar dinheiro duma mota e da passagem para voltar na embala (aldeia).

Fica aqui o reconhecimento do autor destas linhas de que faltou ouvir o Ministério do Trabalho (MAPESS) a quem se apela para uma fiscalização do que se passa nas obras e estaleiros chineses. Há crianças e adultos a ser explorados e submetidos à infra-vida. Há muitos abaixo de cão.

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