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domingo, julho 11, 2010

UMA VIAGEM ATENTA NO "NOSSO METRO"

Se olharmos para o plano de desenvolvimento ferroviário de Angola encontraremos uma linha projectada em direcção ao norte (Minas de Bembe) que viabilizará a extracção de minério naquelas paragens e que passará pela planície de Cacuaco até se embrenhar pelo interior para atingir o território do Uige.

Em anos não muito distantes, a área do Kikolo estava servida de um comboio de passageiros e mercadorias que partia da estação dos Musseques. O alargamento e crescimento exponencial de Luanda (urbana e suburbana) há muito reclama a entrada em cena de outros actores no domínio dos transportes colectivos, para complementarem os habituais autocarros, candongueiros e ultimamente os kupapatas.

A entrada recente, mas ainda insignificante, de novos operadores de táxis é uma mais valia, porém exígua para a grande demanda. Daí que o anúncio do Senhor Presidente da República para a construção do Metro de Superfície vem em boa hora e espera-se que da palavra dita ao facto vivido não haja um grande hiato de tempo que possa vir a transformar o discurso presidencial em letra morta.

Haverá, com certeza, questões ligadas à operacionalidade técnica quanto à implantação do projecto ora anunciado. O Metro de Superfície é o que mais se adapta às características geo-morfológicas e sociais da nossa capital. Para a sua materialização, é preciso, porém, ter-se bastante coragem e nos despirmos todos de todas as formas de resistências às mudanças.

É preciso também ter em conta que Luanda está ainda sem um plano urbanístico definitivo. A reparação de vias estruturantes tem levado à destruição de muitas casas e a construção das linhas para o Metro de Superfície exigirá, com certeza, outros grandes sacrifícios quer para o Estado quer para os cidadãos que serão afectados por esta benfeitoria. Porém, temos de pensar na Luanda de 2020 ou mesmo de 2100 que terá de ombrear em igualdade de circunstâncias com as congéneres capitais africanas e mundiais.

Antes de se iniciarem as obras do "nosso metro" que se pense também na integração das infra-estruturas básicas para os sistemas de água, energia, gás e telecomunicações para que não se repita, no futuro, a ocorrência de empresas construtoras a danificarem, por falta de informações, aquilo que com muito sacrifício e dinheiro se está a erguer.

Publicado no Semanário Económico (Angola) edições de 08 e 15 de Julho 2010.

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