Hoje, sexta-feira inicia a cimeira de Chefes de Estado da CPLP, nomeadamente: Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Portugal, Moçambique e Timor Loro Sae. Participando igualmente a Guiné Equatorial, enquanto membro observador da organização e que verá o seu pedido de adesão formalmente aceite ou chumbado.
Para INFLUENCIAR a tomada de decisão concorrem dois argumentos: os do sim que acham ser mais valia para a organização, estando à testa chefes de Estado como o de Angola, Eduardo dos Santos, do Brasil, Lula da Silva e ainda as Repúblicas de Cabo-Verde e São Tomé e Príncipe.
Do lado do não que, entre várias aspas, colocam como mote principal a ausência de democracia na República de Teodor Obia Nguemá, alinhando na primeira coluna personalidades como o socialista português Manuel Alegre e a ONGD, também lusa, que abriu um fórum on line.
Numa mensagem electrónica que me copiou, o historiador angolano Simão Sindoula argumenta na sua tese pelo sim os motivos que resumo: “esta questão deve ser, absolutamente, visto do ponto de vista histórico e cultural… a Guine Equatorial tem, hoje, como património de grande importância, um dos crioulos de base portuguesa do Golfe de Guine, o famoso fa d'ambu… isso, permitira dar mais atenção à necessidade de salvaguardar este falar que está em via de extinção. Há outras razoes geo-estratégicas e sociais que tornam esta adesão desejável:.. a situação geográfica muito particular da ilha de Annobon, uma região que pode apresentar jazigos de petróleo e uma fonte potencial de grave conflito, a comunidade lusófona pode, neste caso, servir de plataforma de dialogo e consenso… a re-portugalização de Annobon e a expansão da língua de Camões para a ilha de Bioko e parte continental da GE ajudaria, indirectamente, a vital integração regional”.
Eu, Luciano Canhanga, comungo dos argumentos acima expostos, pois entendo que os grandes homens tomam as grandes decisões que fazem História. É assim que a humanidade caminhas e se desenvolve.
A G.E. é o único Estado (livre) de expressão espanhola no continente africano, tendo esta língua o português como o parente mais próximo, sendo também a G.E. um Estado com proximidade histórica quer com Portugal, como com os Estados africanos de expressão lusófona.
No meu entender, um referendo na GE ajudaria melhor a definir a sua adesão e seria desejável para o conforto dos políticos daquele país a que se seguiriam tramites meramente administrativos por parte da CPLP. E quais seriam os efeitos?
_ Como bem o diz o Dr. Sindoula, a (re)lusoficação dos povos daquele Estado (ilhas), a integração regional, entre outros ganhos.
A CPLP pretende que o português seja uma língua de serviço das Nações Unidas. Embora os equato-guineenses sejam apenas um milhão e tal, seria, entretanto, um bom agregado populacional que se juntaria à comunidade. Daí que julgo não ser um exercício vão ter a G.E. entre os tradicionais lusófonos.
Se olharmos para Timor Loro Sae, o que se assiste naquele país é uma re-introdução da língua portuguesa, que se fala tão pouco naquele território, sobretudo entre os jovens e crianças. Na G.E. pode acontecer a mesma coisa. Com o tempo teríamos os povos destes dois países a se comunicarem fluentemente na língua de Camões e noutras que também são definidas/adoptadas como veículos oficializados de intercâmbio de ideias e sentimentos.
Se olharmos para Timor Loro Sae, o que se assiste naquele país é uma re-introdução da língua portuguesa, que se fala tão pouco naquele território, sobretudo entre os jovens e crianças. Na G.E. pode acontecer a mesma coisa. Com o tempo teríamos os povos destes dois países a se comunicarem fluentemente na língua de Camões e noutras que também são definidas/adoptadas como veículos oficializados de intercâmbio de ideias e sentimentos.
2 comentários:
Caro Luciano Canhanga,
Permita-me que discorde. Se a Guiné Equatorial é um país lusófono, então a China ainda é mais! Só há muito poucos dias é que o português foi declarado língua oficial da Guiné Equatorial (a terceira, depois do espanhol e do francês), enquanto que em Macau o português é uma das duas línguas oficiais, a par do chinês, desde o próprio dia da entrega do território por Portugal à China, em 1999. Há em Macau jornais, rádios e televisões em português. Na Guiné Equatorial não existe nenhum. Acha que a China também deve ser considerada um país lusófono?
Existem vários outros países espalhados pelo mundo onde existem populações que falam crioulos de base portuguesa: o Senegal, a Índia, o Sri Lanka, a Malásia e a Indonésia, pelo menos, além da já citada China, pois em Macau também há pessoas que falam um dialeto luso-chinês. Todos estes países também são países de língua portuguesa?
Nas Antilhas Holandesas também se fala um crioulo de base portuguesa, chamado papiamento, que apresenta muitas semelhanças com o caboverdeano, por exemplo. Como as Antilhas Holandesas são uma colónia da Holanda, acha que poderemos considerar a Holanda como um país lusófono?
O Suriname é um país que também foi colónia da Holanda e que é vizinho do Brasil. Naquele país fala-se um idioma, chamado saramacano, em que a maior parte das palavras é de origem portuguesa. Acha, por isso, que poderemos classificar o Suriname como um país de língua portuguesa?
Meu caro Luciano, a candidatura da Guiné Equatorial à CPLP não tem nada a ver com a língua portuguesa. O governo equato-guineense não pretende estreitar os laços com os nossos países. O que ele pretende é quebrar o isolamento político em que se encontra no concerto das nações, por causa do seu caráter ditatorial e corrupto. A aceitação de um tal estado no seio da CPLP será apenas por razões de $$$$$.
Um grande abraço
Respostas às perguntas do F. Ribeiro,
1-Acha que a China também deve ser considerada um país lusófono?
R: Não.
2-poderemos considerar a Holanda como um país lusófono?
R: Não.
3- poderemos classificar o Suriname como um país de língua portuguesa?
R:Não
OBS: A diferença não reside nos argumentos. Reside nos factos. A G.E. solicita adesão por motivos óbvios. É preciso ver até onde vão os estatutos e se haverá possibilidade de inovação.
Não doscordo, em todo, com o argumento da corrupção e ditadura que tb existe noutros lusófonos e que devem ser corrigidas.
Pois se pretender que lhe responda pela mesma bitola da questão linguística ser compatível ou incompatível à adesáo, dar-lhe-ei o exemplo do lusófino Moçambique que é da Comonwelth...
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