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terça-feira, julho 27, 2010

O QUE LEVA A FAZER DO MELHOR AMIGO UM "ANFITRIÃO"

Na mitologia grega, Anfitrião é um militar que estando ausente, na guerra, encontra a sua mulher concebida de Zeus, um deus, e do qual nasce Hércules, um  semi-deus. Esclarecidas as coisas tudo ficou "numa boa" entre Anfitrão e Zeus. Por isso, anfitrião é na linguagem terra-a-terra "um corno assumido".

Se na historieta introdutória o caso é entre desconhecidos, o que se assiste no presente tem sido, vezes sem conta, facadas entre amigos de peito.
_Por que é que o(a)s amigo(a)s de confiaça, às  vezes, nos espectam o punhal.

sexta-feira, julho 23, 2010

EQUATO-GUINEENSES: DENTRO OU FORA DA CPLP?

Hoje, sexta-feira inicia a cimeira de Chefes de Estado da CPLP, nomeadamente: Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Portugal, Moçambique e Timor Loro Sae. Participando igualmente a Guiné Equatorial, enquanto membro observador da organização e que verá o seu pedido de adesão formalmente aceite ou chumbado.

Para INFLUENCIAR a tomada de decisão concorrem dois argumentos: os do sim que acham ser mais valia para a organização, estando à testa chefes de Estado como o de Angola, Eduardo dos Santos, do Brasil, Lula da Silva e ainda as Repúblicas de Cabo-Verde e São Tomé e Príncipe.

Do lado do não que, entre várias aspas, colocam como mote principal a ausência de democracia na República de Teodor Obia Nguemá, alinhando na primeira coluna personalidades como o socialista português Manuel Alegre e a ONGD, também lusa, que abriu um fórum on line.

Numa mensagem electrónica que me copiou, o historiador angolano Simão Sindoula argumenta na sua tese pelo sim os motivos que resumo: “esta questão deve ser, absolutamente, visto do ponto de vista histórico e cultural… a Guine Equatorial tem, hoje, como património de grande importância, um dos crioulos de base portuguesa do Golfe de Guine, o famoso fa d'ambu… isso, permitira dar mais atenção à necessidade de salvaguardar este falar que está em via de extinção. Há outras razoes geo-estratégicas e sociais que tornam esta adesão desejável:.. a situação geográfica muito particular da ilha de Annobon, uma região que pode apresentar jazigos de petróleo e uma fonte potencial de grave conflito, a comunidade lusófona pode, neste caso, servir de plataforma de dialogo e consenso… a re-portugalização de Annobon e a expansão da língua de Camões para a ilha de Bioko e parte continental da GE ajudaria, indirectamente, a vital integração regional”.

Eu, Luciano Canhanga, comungo dos argumentos acima expostos, pois entendo que os grandes homens tomam as grandes decisões que fazem História. É assim que a humanidade caminhas e se desenvolve.

A G.E. é o único Estado (livre) de expressão espanhola no continente africano, tendo esta língua o português como o parente mais próximo, sendo também a G.E. um Estado com proximidade histórica quer com Portugal, como com os Estados africanos de expressão lusófona.

No meu entender, um referendo na GE ajudaria melhor a definir a sua adesão e seria desejável para o conforto dos políticos daquele país a que se seguiriam tramites meramente administrativos por parte da CPLP. E quais seriam os efeitos?

_ Como bem o diz o Dr. Sindoula, a (re)lusoficação dos povos daquele Estado (ilhas), a integração regional, entre outros ganhos.

A CPLP pretende que o português seja uma língua de serviço das Nações Unidas. Embora os equato-guineenses sejam apenas um milhão e tal, seria, entretanto, um bom agregado populacional que se juntaria à comunidade. Daí que julgo não ser um exercício vão ter a G.E. entre os tradicionais lusófonos.

Se olharmos para Timor Loro Sae, o que se assiste naquele país é uma re-introdução da língua portuguesa, que se fala tão pouco naquele território, sobretudo entre os jovens e crianças. Na G.E. pode acontecer a mesma coisa. Com o tempo teríamos os povos destes dois países a se comunicarem fluentemente na língua de Camões e noutras que também são definidas/adoptadas como veículos oficializados de intercâmbio de ideias e sentimentos.

 

segunda-feira, julho 19, 2010

OBRAS PÚBLICAS: TUGAS RIEM ATÉ RASGAR A MANDÍBULA

Dizem dois adágios populares que: "quem ri depois ri melhor" e que "o barato sai caro".

Em tempos contou-se uma anedota que rezava o seguinte: "um organismo público lançou um concurso público e dele responderam três empresas distintas, sendo uma chinesa, uma portuguesa e outra angolana. Convocados a apresnetar técnicamente e defender os custos propostos o representante português começou por explicar que a obra proposta teria uma vida útil de 50 anos, material e acabamentos de primeira classe e um custo de 6 milhões de dolares. O contratante achou o valor bastante elevado e mandou embora o tuga.

Chamado o chinês, explicou, por sua vez, que faria uma obra de qualidade média (omissas as qualidades dos materiais e vida útil) com um custo de 3 milhões de dolares. O contratante olha desconfiado pelo preço do avançado pelo asiático e manda-o embora, prometendo contactá-lo no fim das avaliações.

O terceiro homem era angolano e este propões um trabalho de alto padrão com acabamentos nunca vistos e duração infinita... blá, blá, blá (como sempre), ao custo de 9 milhões de dolares americanos. O contratante estupefacto pergunta por que razão o português pedira 6 milhões, o chinês, 3 milhões e ele o triplo, ao que respondeu:

_ Dr., serão três milhões para si, três milhões de lucro para mim e três milhões para o chinês que será subcontratado para fazer a obra!".

Sem mais quês nem porquês, o angolano firmou o contrato e aí estão os resultados: Fissuras trás de fissuras nas obras recentes, feitas por chineses e angolanos-chineses (coligados), enquanto as obras portuguesas do tempo de kaprandada estão aí de pedra e cal.

Para além do caso bem conhecido do "nado morto" Hospital Geral de Luanda, que ruiu em menos de 4 anos, visitei um hospital público do nordeste angolano, onde o anexo que tem menos de 4 anos já apresenta fissuras enquanto a parte antiga, deixada pelos tugas anda aí sólida e a espera apenas de pintura e pequenas adequações.

Se no princípio os tugas se achavam algo discriminados nas contratações de empreitadas por verem as preferências transferidas aos nossos amigos do oriente, agora riem-se que se fartam das nossas desgraças causadas pelo nosso imediatismo, ambição desmedida pela "comiss(ch)ão", e outras manias.

E agora?

quinta-feira, julho 15, 2010

ATENÇÃO! HÁ FOME NO MAIOR CONGLOMERADO DE MEDIA DE ANGOLA

Há dois anos surgiu no mercado mediático um conglomerado de média. Tão elevada tem sido a qualidade dos seus produtos impressos, radiofónicos, televisivos e afins que em pouco tempo se tornou em referência no mercado mediático angolano. Uns dizem mesmo que a tal media “não deixa nada que seja do interesse público passar despercebido”. Porém, há mais de dois meses que os trabalhadores deste grande conglomerado não vêm a cor do dinheiro dos seus ordenados e nada sai para fora, de forma oficial. Os jornalístas do grupo calam-se aos microfones e nos jornais, embora desabafem cá fora, a media congénere segue-lhes as peugadas e tudo fica em semi-segredo.

O SJA -Sindicato dos Jornalistas Angolanos-, cujo porta-voz trabalha é editor dos jornais do  conglomerado, também ainda nada disse à propósito.

Até mesmo o Folha8 nada avançou sobre o assunto que corre de boca em boca nas reportagens e nos convívios em que participam jornalistas e outros trabalhadores do grupo. 

_ Será que se trata apenas de um boato ou há mesmo panelas a entrar em arrefecimento permanente?

domingo, julho 11, 2010

UMA VIAGEM ATENTA NO "NOSSO METRO"

Se olharmos para o plano de desenvolvimento ferroviário de Angola encontraremos uma linha projectada em direcção ao norte (Minas de Bembe) que viabilizará a extracção de minério naquelas paragens e que passará pela planície de Cacuaco até se embrenhar pelo interior para atingir o território do Uige.

Em anos não muito distantes, a área do Kikolo estava servida de um comboio de passageiros e mercadorias que partia da estação dos Musseques. O alargamento e crescimento exponencial de Luanda (urbana e suburbana) há muito reclama a entrada em cena de outros actores no domínio dos transportes colectivos, para complementarem os habituais autocarros, candongueiros e ultimamente os kupapatas.

A entrada recente, mas ainda insignificante, de novos operadores de táxis é uma mais valia, porém exígua para a grande demanda. Daí que o anúncio do Senhor Presidente da República para a construção do Metro de Superfície vem em boa hora e espera-se que da palavra dita ao facto vivido não haja um grande hiato de tempo que possa vir a transformar o discurso presidencial em letra morta.

Haverá, com certeza, questões ligadas à operacionalidade técnica quanto à implantação do projecto ora anunciado. O Metro de Superfície é o que mais se adapta às características geo-morfológicas e sociais da nossa capital. Para a sua materialização, é preciso, porém, ter-se bastante coragem e nos despirmos todos de todas as formas de resistências às mudanças.

É preciso também ter em conta que Luanda está ainda sem um plano urbanístico definitivo. A reparação de vias estruturantes tem levado à destruição de muitas casas e a construção das linhas para o Metro de Superfície exigirá, com certeza, outros grandes sacrifícios quer para o Estado quer para os cidadãos que serão afectados por esta benfeitoria. Porém, temos de pensar na Luanda de 2020 ou mesmo de 2100 que terá de ombrear em igualdade de circunstâncias com as congéneres capitais africanas e mundiais.

Antes de se iniciarem as obras do "nosso metro" que se pense também na integração das infra-estruturas básicas para os sistemas de água, energia, gás e telecomunicações para que não se repita, no futuro, a ocorrência de empresas construtoras a danificarem, por falta de informações, aquilo que com muito sacrifício e dinheiro se está a erguer.

Publicado no Semanário Económico (Angola) edições de 08 e 15 de Julho 2010.

quarta-feira, julho 07, 2010

PARA QUANDO O FIM DA BI-CEFALIA NA FNLA?

A minha última reflexão sobre a política nacional aconteceu em 2008, depois das eleições legislativas onde eu sugeria à media para pôr termo às denominações bicéfalas nos partidos políticos, uma vez que a realização das eleições tinha nivelado a questão das lideranças ao aceitar determinadas candidaturas e chumbar outras. E parecia que as coisas estavam bem encaminhadas até que ressurgiu o caso FNLA, onde as eleições, por si só, não encerraram em definitivo o assunto, tendo o Tribunal Constitucional, em função das várias reclamações a ele dirigidas pelas partes envolvidas, comunicado um acórdão em que repunha a situação ao último congresso convocado pelo finado Holden Roberto.

Em 1998 Lucas Ngonda entrou em colisão com Holdenm Roberto por este nunca lhe passar pela cabeça a realização de um congresso. Ngonda criou uma quinta coluna e realizou um congresso que o elegeu presidente. Do outro lado permaneceu Holden e a sua entourage, com Ngola Kabango como actor principal da “orquestra”. O partido passou a ter duas sedes, uma na rua Samuel Bernardo e outra na Hoji-ya-Henda.

Uma mediação, composta por William Tonet, igreja e companhia, convenceu as partes para partirem para um congresso da unificação, realizado em 2004, onde a direcção ficou repartida entre as duas alas, ou seja: Presidência para Holden Roberto; 1ª Vice-Presidência para Lucas Ngonda; 2ª Vice-Presidência para Ngola Kabango e a Secretaria-Geral para Francisco Mendes (um correligionário de Ngonda). Este elenco teria de coabitar até à realização de um congresso ordinário nos dez meses seguintes, o que não aconteceu, pois o velho Holden assim não entendeu, resultando numa nova “rebelião” de Ngonda e parceiros que dois anos depois, realizou outro congresso à parte.

Com o líder fundador morto, Ngola Kabango, sentindo-se substituto natural, parte, finalmente, para um congresso em que não participam os da ala de Ngola e proclama-se presidente (herdeiro do programa de Holden). O congresso teve a participação e candidaturas de Carlinhos Zassala, Miguel Damião e um outro candidato. Todos eles reclamaram da organização e fraude, remetendo ao Tribunal Supremo a impugnação do conclave.

Em 2009, o Tribunal Constitucional, herdando os processos do Tribunal Supremo, através de um acórdão, remeteu a situação da liderança da FNLA ao congresso da reunificação, o último convocado por Holden Roberto, facto que fez transitar a presidência legal das mãos de Kabango para NGonda que acaba de convocar, nas vestes de presidente interino o congresso extraordinário, hoje (07.07.2010) terminado.

O que me inquieta é que mesmo os jornalistas e os órgãos de comunicação social conhecendo a realidade e a conturbada história desta formação política, em vez de procurarem por esclarecimentos legais e esclarecerem o povo, voltaram a embarcar na bi-cefalia do partido, ouvindo Ngonda e Kabango, ambos como presidentes.

E o povo que espera por um esclarecimento da media como fica? E pior é que Ngola Kabango grita aos quatro ventos ser o presidente legal prometendo um outro congresso para Novembro do ano que vem…

_ Continuará a FNLA ad eternum na condição de um partido onde as pessoas nunca se entendem?

_ E como fica a questão da obediência partidária dos deputados eleitos, dentre eles Ngola Kabango?

_ O partido continuará a ter uma sede na rua Samuel Bernardo e

Outra na Avenida Hoji-ya-Henda?

Eu, modestamente, até já sou pela extinção desta “batata podre” que pode contaminar outras “batatas” partidárias.