É noite de terça-feira em Luanda. A Princesa de um casal de profissionais da media arde febril, acometida de uma doeça que ainda não sabem e precisam do sábio disgóstico dum médico e duma eficaz receita em termos de profilaxia.
O casal decide deixar Viana, onde ainda não há clínicas na rede das seguradoras, e rumar para uma certa Privada ao Alvalade, na zona urbana da cidade. Tal como esse casal que busca pela saúde da filha, uma trintena de outros (im)pacientes aí se dirigiram em emergência, saídos de outros locais próximos e distantes. Grande parte dos que esperavam ser recebidos de forma emergencial, dadas as debilidades apresentadas viram a sua paciência esgotar num tratamento pior do que aquele dispensado numa consulta de rotina em hospital público.
O ambiemte tornava-se cacada vez mais pesado. Várias crianças respiravam por um fio. Havia feridos em acidentes de estrada e outros casos de relativa prioridade.
Para atendê-los apenas uma médica, dois auxiliares enfermeiros, uma analista, um maqueiro e nada mais. Embora os (im)pacientes e familiares tivessem pago as consultas ao valor emergencial (USD 100), a pachorra era enorme e nada de célere se passava. Muitos dos que chegavam pelos proprios pés, e mais atrasados do que outros trazidos às costas, eram chamados de imediato e sem que se explicasse o porquê. Eurodescendentes e uns "bem-parecidos" eram priorizados ao passo que à maioria nem uma palavra de compaixão recebiam, na ausência duma aspirina que lhes acalmasse a febre ou dum outro analgésico que fizesse frente à febre. E foi nesse clima que a recepcionista em serviço, tal qual guardiã duma profissão autosuficiente, ainda teve tempo para desabafar à reclamação duma senhora aflita com o filho ao colo: “Dona não vale apena só se irritar com a demora. Vais voltar sempre aqui...”.
Perante a situação dois foram os caminhos: uns abandonaram a Clínica e se desconhece o desfecho, enquanto outros aguardaram das dezanove a uma da manhã, ou mais tarde, para lhes ser passada uma receita médica cujos remédios seriam adquiridos algures na cidade escura, já que a farmácia da Clínica nem sequer metade dos remédios passados pela médica possuia.
2 comentários:
Mano!
Este tema foi retomado em:
http://guineveremedicina.blogspot.com/
De kem é a culpa angolanos??? Nossa e de mais ninguém, nós legitimamos nosso sofrimento. Nem um grito de socorro colectivo, é bater palmas, mexer a bunda, deiatr umas lágrimas de crocodilo de kdo em vez...e a vida continua. E a clínica por ser no alvalade "nem tem nome"!!!! Se fosse no Zenga já saberiamos o nome...
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