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quarta-feira, agosto 12, 2009

QUEM ME DERA SER "PORCO"

Narra Manuel Rui, no seu livro “Quem me dera ser onda”, estórias ficcionadas de um porco “Carnaval da Vitória” que no fundo é o retrato dos primeiros anos da revolução angolana, que um determinado suino criado no sétimo andar de um prédio da baixa luandense “comia de um hotel de primeira; nos restos vinham panados, saladas mistas, camarões, maioneses, lagosta, bolo inglês, outras coisas sempre a variar” (RUI, 2000, p. 17), diferente do seu passado nas praias da Corimba onde a ração se resumia em espinhas de peixe...

Rui diz mesmo que o porco tinha adquerido um comportamento pequeno-burguês: “Estás-te a aburguesar-se. Quem te viu e quem te vê. É a luta de classes!” (RUI, 2000, p. 17). O suíno estava quase culto, quase protocolar. Maneirava vênias de obséquio com o focinho e aprendera a acenar com a pata direita, além de se pôr de papo para o ar à mínima cócega que um dos miúdos lhe oferecesse à barriga. Rematando, por outras palavras, que o porco alimenta-se melhor e com mais variedade que muitos cidadãos daquela época que não passavam do que Rui designou por “peixefritismo”.

Numa aula de Arte e Literatura Angola, no IMEL, Luanda, 11ª classe, curso médio de Jornalismo, um dia a professora Gaby Antunes, depois de analisado o texto e o contexto, perguntou, irónicamente, a um dos alunos se com todas as mordomias dadas ao animal não achava que o bicho vivia melhor do que ele.
E o colega:
- Sim Dra.!A professora:
- Ai é? Então por que não dizes “quem me dera ser porco”?E a turma:
Kia,kia,kia,kia,kia!Apenas risos e mais risos.

Luciano Canhanga
com http://ricardoriso.blogspot.com/2007/10/quem-me-dera-ser-onda-manuel-rui.html

1 comentário:

Angola Debates e Ideias- G. Patissa disse...

Saudações! O teu post ressuscita a minha frustração uma vez que, por mais que mergulhe nas prateleiras de livrarias e tabacarias, não consigo encontrar este interessante livro do Manuel Rui Monteiro.

Queria pedir-te um desesperado favor: se por algum milagre "tropeçares" numa prateleira, compra-me o livro "Quem me dera ser onda.

Abraços!