Translate (tradução)

sábado, dezembro 13, 2008

AGRICULTURAR(?)



Depois da queda acentuada da cotação internacional do preço do petróleo e do d(e)i(à)amante e todo o arrasto e arraso que isso provoca, muitos vociferam agora para "um olhar mais atento à agricultura".

Com certeza que podem baixar de valor o ouro negro e as pedras preciosas(?), mas os seres viventes sempre precisarão de comer.

Assisto também muitos idosos, reformados, rumarem para os campos de onde partiram há décadas, para em vez de usufruírem da pensão de reforma, aplicarem os míseros em compra de terrenos, lavoura e criação de instalações habitacionais.

Eu, desde 1984 em Luanda, procedente da aldeia de Pedra Escrita, Libolo (Kuanza-Sul), nunca me desliguei, na verdade, do campo. Lá está a mãe, os amigos de infância, das caçadas, das pescarias nos rios, das surras dadas pelos irmãos mais velhos e das incompreensões dos pais, quando mais atrevidos ou "olhudos" nos tornássemos. Que saudades do Faria esse meu grand'amigo!

Assim, de tempo em tempo e de prosa em prosa, tenho aos poucos investido no campo. Uma terra virgem com um pequeno ribeiro a cortá-la, umas mandioqueiras para começar e umas frutícolas para o médio prazo, é o que faço de momento.

Pena é que faltam tractores para alugar e dinheiro para os comprar... E se a Mecanagro tivesse olhos para negócios dar-nos-ia muito jeito, já que os muitos moradores que se dedicam exclusivamente à agricultura de subsistência, muito precisam de abrir novas picadas e novos campos que podem inundar de produtos agropecuários as cidades e vilas improdutivas.

Preciso apenas de fazer o inverso do que assisto. Preparar agora o meu ninho. Fazendo já a casa e a sombra que me há de acolher se lá chegar. À velhice, claro! Porém, uma pergunta me persegue: Sendo jornalista de formação e profissão, sem curso agrícola, mas com bastante conhecimento de senso comum e vivências agrícolas, devo continuar a "agriculturar"(?).

Na foto: A obreira Maria Canhanga (esq.) e sua sobrinha Rosiana da Cruz.

Luciano Canhanga

4 comentários:

Anónimo disse...

Claro Meu filho! O trabalho e a sabedoria dignificam o Homem!
sempre que possas, volta à terra, ela ensinar-te - á o caminho para a produção. A profissão que escolheste, é linda e faz muita falta ao POVO! Divide o teu tempo entre os dois AMORES. Vai dar certinho. Acredita em ti.
Um beijo Grande!
Fliz Natal
São

KImdaMagna disse...

Caríssimo ,não tenha a mínima dúvida acerca da terra. Ela é mãe uma progenitora por excelência.
A inteligência do ser humano é comestível no seu quase todo. Para além disso some-se a verdade irrefutável: um corpo mal alimentado é fraco sustentáculo para o espírito.
A Globalização é o novo ditador que se aproxima para nos escravizar ao jugo das alternâncias financeiras.
A Agricultura´É UMA ARTE' e como função é de indole de autosubsistência e daí a sua enorme força. Para sobreviver preciso mesmo é de comer.
Só você está sentindo o apelo da Terra Mãe, não hesite em segui-lo.

Xaxuaxo

Angola Debates e Ideias- G. Patissa disse...

Nasci no monte Belo e toda a vez que caí p'ro chão, aqui na cidade, sinto o cheiro da terra... arável. Sou filho de camponesa e de um político de base(e sei que ambos não se devem negligenciar). Acabou a guerra, desminem-se os campos e as mentes, re-invistamos na agricultura.

Por outra

Encontrei-me com jornalista Maiato nas minhas andanças pelo mundo de ONGs e mobilização comunitária por esta Angola. Lembro-me de um dissertação dele (ainda guardo cópia do texto/comunicação), na Administração Municipal de Benguela, sobre "O papel da comunicação social no combate à corrupção", lá para 2004/05, na altura promovido pela (falecida, sem contudo descansar em paz) "Coligação Ensino Gatuito, Já!". Neste ncontro despertou-me curiosidade um certo "excesso de zelo" do Maiato, ao tirar do bolso o "Caça Palvras" a fim de gravar a sua conversa, ou não fosse, presumo, um colega distorcer o sentido do seu discurso.
Não sei se vem em boa hora tal pronuciamento (se não seria melhor calar para sempre), mas que revela algum sentido de carácter, vergonha na cara, e um certo correr atrás do prejuízo no contexto do descrédito a que a imprensa (sentimo-nos mais à vontade em observar a pública, suportada pelos nossos impostos) fez questão de conquistar. Custe o que me tiver de custar, nunca escondi q assistimos a excelentes exemplos de péssimos exemplos, nós a quem as poupanças da nossa mãe não permitiu ir às universidades no estrangeiro e aprendemos jornalismo exercendo, na base do autodidactismo, e espreitando a banca de kotas com anos de estrada.
De facto, e concordo consigo amigo Canhanga, "Valeu a coragem do Mário Maiato e correligionários. Xpero [também]que não sejam sancionados por trazer a lume uma vedade de si já velha".

Ana Casanova disse...

Concerteza que deves querido amigo!
Prepara esse teu cantinho pra velhice e desempenha o teu papel de jornalista fazendo sempre lembrar o que é necessário que não se deixe esquecer!
Gosto muito de te ler!Espero em breve voltar à nossa querida terra.
Penso que no principio do próximo ano.
Beijos e um FELIZ NATAL!!!