(Crónica de viagem)
Diz a teoria da comunicação que a Propaganda e o Marketing diferem uma da outra porque a primeira impõe conduta/comportamento e pretende objectivos a curto prazo.
Porém, ao longo do interior do país, sobretudo na região central de Angola, as duas formas de comunicação parecem estar casadas. Ou seja, a propaganda é também Marketing, na medida em que ela é feita não apenas para o hoje, mas também para colher amanhã.
As bandeiras partidárias, colocadas em quase todas as aldeias, têm como fim dizer a quem nasça e quem passe o que e quem elas representam, no caso o partido X ou Y, "marcando uma presença mental".
É assim que Mpla e Unita tentam perpetuar os seus nomes, suas marcas e seus ideais entre as populações da área mais habitada do país, o planalto, disputando (mesmo mudos) espaços territoriais e aglomerados populacionais. Nalguns casos esta disputa muda é notável em cada muro, faixada, rua, aldeia, lavra e até mesmo em descampados. Tudo serve para içar uma bandeira. Estacas, montanhas, cubatas, currais, etc. Quem viaja pelo interior contempla a beleza e assiste igualmente a esta luta fria de gigantes. Apenas os dois.
Mpla e Unita, poder e oposição, unicamente sós, num pais de duzentos partidos. Doutras cores, apenas tímidas aparições em cidades e vilarejos, sempre de forma envergonhada num mundo bi-polar.
Luciano Canhanga
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Crónica publicada no Semanário angolano Cruzeiro do Sul, edição de 08 a 15 de Março de 2008.
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