Historicamente, os EUA têm sido o principal financiador militar e diplomático de Israel, fornecendo bilhões de dólares em ajuda anual (em grande parte militar) e defendendo Israel em fóruns internacionais como o Conselho de Segurança da ONU.
Muitos governos israelitas seguem uma linha que não contradiz frontalmente os interesses estratégicos americanos, especialmente no que diz respeito ao combate a adversários comuns como o Irão.
Na prática política, o lobby pró-Israel nos EUA (especialmente o AIPAC – American Israel Public Affairs Committee) é poderoso, influente tanto em ambos os partidos (Democratas e Republicanos) como nas decisões do Congresso e da Casa Branca.
Muitos analistas dizem que os EUA muitas vezes ajustam as suas políticas no Médio Oriente para se alinharem com os interesses israelitas, mesmo que isso aumente tensões com outros países árabes ou com o Irão.
Governos israelitas, como o de Benjamin Netanyahu, demonstraram agir com bastante autonomia e até desafiar presidentes americanos (como Obama), com relativo sucesso.
Quem manda em quem, então?
Em vez de uma relação de mando vertical, o que existe é uma simbiose estratégica com desequilíbrios:
Israel depende dos EUA para sobrevivência militar e diplomática.
Os EUA dependem de Israel como parceiro estratégico no Médio Oriente, como "ponte militar e tecnológica" e como peça-chave no xadrez contra o Irão.
Todavia, em alguns momentos, o lobby israelita consegue exercer mais pressão sobre a política externa americana do que qualquer outro grupo estrangeiro — e isso dá a impressão, não infundada, de que Israel consegue influenciar os EUA mais do que o contrário em certos temas-chave (como ataques ao Irão, ocupação de territórios palestinianos, expansão de colonatos, etc.).
Conclusão:
Não é que um "mande" no outro de forma absoluta, mas a influência israelita nos EUA é muito mais forte do que a de qualquer outro país aliado. O resultado é uma relação em que os EUA continuam dominantes globalmente, mas Israel exerce influência desproporcional dentro da política interna e externa americana — especialmente quando se trata de segurança, Irão e questões palestinianas.
A bibliografia demonstra claramente que:
O lobby israelita está profundamente enraizado nas estruturas políticas americanas (legislativo, executivo, eleitoral).
A influência exerce-se em momentos cruciais — desde ajuda de segurança até decisões sobre Irão — muitas vezes moldando a agenda independente da execução formal dos EUA.
Embora os EUA mantenham a autoridade global, a capacidade de pressão do lobby israelita faz com que Israel actue de forma desproporcional no seio da política externa americana — reforçando a ideia de que, em várias ocasiões, Israel “manda” nos EUA.
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Bibliografia para compreender o acima escrito
1. John Mearsheimer & Stephen Walt – The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy (2007).
Na obra rgumenta-se que o lobby pró-Israel é uma “coligação solta” que orienta fortemente a política externa americana em direcção a Israel, muitas vezes em prejuízo dos interesses nacionais dos EUA.
2. Paul Findley – They Dare to Speak Out (1985)
Escrita por um ex–congressista dos EUA, documenta como o lobby influenciou decisivamente eleições e vectou políticos considerados críticos a Israel.
3. Grant F. Smith – Foreign Agents: AIPAC From the 1963 Fulbright Hearings to the 2005 Espionage Scandal.
O livro reúne documentos e testemunhos que mostram AIPAC como um agente não-oficial do governo israelita — e seu impacto nos EUA.
4. Yosua Saut Marulitua Gultom & Hafidz Zaula Miftah – “The Role of the Jewish Lobby Toward US Foreign Policy Making on the 2023 Israel-Palestine War (Case of AIPAC)” (2024).
É um estudo académico que confirma a influência profunda de AIPAC nas políticas americanas recentes, via apoio directo a campanhas e presença em altos escalões.
5. Rizki Maulana Firdaus – “The strategy and effectiveness of The American Israel Public Affairs Committee in lobbying The United States Congress” (2023).
A pesquisa qualitativa documenta a influência de AIPAC no Congresso, nomeadamente ao sustentar o envio anual de cerca de US$ 3,8 mil milhões em auxílio militar a Israel.
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