(Fé, história e geopolítica)
A distinção entre Israel bíblico e o Estado moderno de Israel é fundamental para compreender as complexas relações entre religião, identidade e política no Oriente Médio. Israel bíblico refere-se a um povo e a um território descritos nas Escrituras hebraicas, cuja origem remonta aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, e que se consolidou como reino unificado sob Saul, Davi e Salomão por volta do século X a.C. Após a divisão do reino e sucessivas invasões, o povo judeu foi disperso em diásporas, mantendo, contudo, uma identidade religiosa e cultural centrada na Torá e na esperança messiânica.
Já o Estado de Israel foi fundado em 14 de maio de 1948, como resultado do movimento sionista, que buscava estabelecer um lar nacional judeu na Palestina histórica. Essa fundação foi impulsionada por fatores como o antissemitismo europeu, o Holocausto e o apoio político de potências como o Reino Unido e os Estados Unidos. A criação do Estado gerou conflitos com a população árabe-palestina local e com países vizinhos, inaugurando uma série de guerras e tensões que perduram até hoje.
No campo religioso, o judaísmo e o cristianismo compartilham raízes comuns, mas divergem em pontos centrais. Ambos são monoteístas e reverenciam o Antigo Testamento (ou Tanakh, no judaísmo), mas o cristianismo acrescenta o Novo Testamento, centrado na figura de Jesus Cristo, considerado o Messias e Filho de Deus. Para os judeus, Jesus não é o Messias prometido, e a espera por esse redentor ainda permanece. Essa diferença teológica é o principal divisor entre as duas tradições.
Os livros sagrados refletem essa cisão: o judaísmo baseia-se na Torá (os cinco primeiros livros de Moisés), nos Profetas e nos Escritos — conjunto conhecido como Tanakh — enquanto o cristianismo adota a Bíblia, composta pelo Antigo e pelo Novo Testamento. A Bíblia cristã reorganiza e interpreta os textos hebraicos à luz da vida e ensinamentos de Jesus.
Quanto aos profetas, Moisés é a figura máxima do judaísmo, considerado o legislador e mediador da aliança com Deus. No cristianismo, Jesus é o profeta supremo, mas também o Messias e Salvador. Ambos reconhecem profetas como Isaías, Jeremias e Elias, que são figuras comuns às duas tradições, embora interpretadas de formas distintas.
As convergências entre judaísmo e cristianismo incluem a crença em um Deus único, a valorização da ética, da justiça e da oração, além da origem comum no Oriente Médio. As divergências, por sua vez, envolvem a cristologia, a doutrina da Trindade, os sacramentos e a escatologia. O cristianismo se expandiu como religião universalista, enquanto o judaísmo manteve-se como uma fé étnico-religiosa.
O Estado de Israel, desde sua fundação, tem recebido apoio político, militar e científico de diversas nações, especialmente dos Estados Unidos, que se tornaram seu principal aliado estratégico durante a Guerra Fria. A aliança inclui cooperação em defesa, tecnologia, inteligência e diplomacia. Israel também desenvolveu uma indústria militar e científica robusta, com destaque para a cibersegurança, a agricultura de precisão e a medicina. A fundação do Estado foi aprovada pela ONU em 1947, com a proposta de partilha da Palestina em dois Estados — um judeu e um árabe —, mas a rejeição árabe à partilha levou à guerra de independência de 1948.
A doutrina do Estado de Israel é moldada por uma combinação de princípios democráticos, identidade judaica e segurança nacional. Embora se defina como um Estado judeu e democrático, essa dualidade gera tensões internas, especialmente em relação aos direitos da minoria árabe-palestina e à ocupação dos territórios palestinos. O sionismo, em suas diversas vertentes, continua a influenciar a política israelense, ora como nacionalismo secular, ora como messianismo religioso.
Assim, a compreensão das diferenças entre o Israel bíblico e o moderno, entre judaísmo e cristianismo, e entre fé e política, revela não apenas as raízes de conflitos contemporâneos, mas também os desafios de coexistência e diálogo entre tradições que compartilham uma origem comum, mas trilharam caminhos distintos.
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