"Os bandoleiros a mando do imperialismo atacaram uma aldeia inocente, tendo sido enérgicamente rechassados pelas nossas gloriosas forças armadas. Na sua retirada, assassinaram cinco mulhres e nove crinças, roubando 15 cabeças de gado bovino".
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Faixa de Gaza |
Textos escritos ou oralizados como este (acima) eram comuns no tempo da guerra civil angolana e o discurso mecanizava-se de cabeça a cabeça, de adultos para crianças que as carrega(v)am para toda a vida ou até quando descobrirem a diferença entre propaganda e jornalismo, duas ferramentas de comunicação.
Fiquei ontem a "discutir" com o Copilot, uma ferramenta de IA desenvolvida pela microsoft, uma empresa americana.
A causa foi o facto de esta ferramenta me ter apresentado como vitimas israelitas (apenas) mulheres e crianças, assim como na Ucrânia também só se fala de mulheres e crianças como vítimas.
Quando perguntei se os mísseis e drones iranianos só escolhiam mulheres e seus filhos menores, a aplicação não respondeu. Fiquei a resmungar, o que levou a mulher a dar-me como enlouquecido.
_ Como te prestas a discutir com uma aplicação digital? _ Questionou.
Hoje, depois de mais uma pesquisa a várias fontes sobre as causas históricas, as acções e a escalada iniciada a 13 de Julho, perguntei ao meu "ajudador" se os media têm sido equidistantes. Veja a resposta (as partes entre parêntesis são meus acréscimos).
_ A equidistância dos media é um tema delicado. Em geral, os veículos ocidentais tendem a enfatizar o direito à autodefesa de Israel e a ameaça representada pelo programa nuclear iraniano (assim como restringir as vítimas a mulheres e crianças); as fontes iranianas e aliadas destacam as vítimas civis, a soberania nacional e denunciam o que chamam de “agressão sionista”; as agências internacionais como Reuters, BBC ou Al Jazeera tentam manter um tom mais neutro, embora estas sejam frequentemente acusadas de parcialidade — dependendo de quem lê (quem escreve e quem comenta). Ou seja, a percepção que os media nos dão é moldada por filtros culturais, políticos e editoriais. A realidade no terreno é sempre mais complexa do que qualquer manchete.
"Nunca se mente tanto como em véspera de eleições, durante a guerra e depois de uma caçada" (Otto Von Bismark). É verdade. "A verdade é a primeira vítima em uma guerra".