No sábado, 09.11.24, convivi com as crianças do Lar Al Nur que acolhe rapazes em Viana. Sita na rua que nos leva da Vila ao Bairro Sanzala.
A instituição "regista uma média mensal de 60 crianças e adolescentes" estratificados entre órfãos levados pelas famílias (há sempre a tramitação com a administração municipal), desaparecidos aí levados pela administração e crianças desfavorecidas, igualmente aí "depositadas" pelos parentes ou pessoal da administração de Viana.
Quem visita o lar, nota que há vontade e preocupação de os tutores cuidarem dos menores, empenhando-se no máximo de suas capacidades e possibilidades.
_ Eles estudam aqui até à nona classe e depois fazemos contactos com instituições públicas de ensino médio para as inserir no sistema. _ Explicou o coordenador adjunto do Centro.
Quanto à frequência do ensino superior, para aqueles que atingem esse nível sem conseguir um "padrinho" que o retire da instituição, o responsável adiantou que têm feito, igualmente, contactos com as universidades e institutos públicos para os inserir.
_ Quando aparece uma instituição patrocinadora, alguns chegam a frequentar universidades privadas. _ Aditou.
Os jovens apenas abandonam a instituição depois de reinseridos na sociedade. Quando estejam a trabalhar e possam auto-sustentar-se.
_ Alguns dos professores foram nossos internados. Uns encontraram famílias acolhedoras ou reencontraram os seus parentes e outros conseguiram autonomizar-se. _ Contou o responsável.
O visitante cedo se apercebe das dificuldades vividas quer pelos mentores do projecto quer pelas crianças e adolescentes ali acolhidos: água, detergentes, roupas individuais e de cama, alimentação, brinquedos, livros, utensílios diversos, afecto de parentes e visitantes, etc. É longo o rosário de inexistências que só um trabalho abnegado e realizado com amor consegue contornar.
Todavia, no que diz respeito a preocupações, quanto a mim, não é tudo. A Organização Não Governamental promotora do projecto "Al Nur" é de cariz muçulmana e os miúdos são, à partida, inseridas e ideologizadas de acordo com a doutrina da religião islâmica de que são membros os seus tutores. Para uma criança ou adolescente que vive de caridade alheia, faz pouca diferença o facto de não ter opção religiosa. Até agora, parece normal. Pode haver, todavia, questionamentos a fazer.
A Constituição de Angola estabelece que "o país é um Estado laico", o que significa que "há uma separação entre o Estado e as religiões". A Constituição garante ainda que todas as religiões sejam respeitadas e que "o Estado forneça protecção às igrejas, lugares e objectos de culto, desde que estejam em conformidade com as leis e a Constituição". Todavia, olhando para algumas tendências ou seitas islamistas fundamentalistas e radicais e o que nos poderá ocorrer a longo prazo, dada a propagação, à grande velocidade, do Islão e o que os praticantes nacionais desta religião poderão reclamar adiante. A penetração dos radicais, normalmente é silenciosa. No princípio, impera a beneficência, o comércio, os casamentos multi-étnicos e religiosos. Depois surgem as imposições ligeiras de as esposas e os filhos não puderem frequentar outras religiões. Depois, quando estas comunidades crescem e aumentam o número de cidadãos nacionais convertidos e doutrinados, exigem-se outras cedências que passam a ser direitos de cidadãos nacionais como participação plena em vida política, controlo de determinados segmentos da economia, enfim. Estamos preparados ou anos preparar para o que poderá surgir amanhã? Há países em que as minorias radicais iniciaram por pedir direitos iguais, fizeram-se crescer com artimanhas bem elaboradas e já exigem que os outrora maioria se comportem como eles... eis a questão!
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