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sábado, fevereiro 22, 2020

LALAMA: TÃO PRÓXIMO E TÃO DISTANTE

Zona ribeirinha ao rio Zenza, em Icolo e Bengo. Tão próximo, mas também tão distante.
Zona agrícola, próxima de Luanda, onde imperam casotas feitas de chapas. 
- Será pela facilidade de sua montagem ou uma cultura "arquitetónica" que se instala entre os meus "conterrâneos" catetenses? 
Ao que pude ver, naquele rio e naqueles angolanos não correm apenas água e sangue. Corre também o desejo e o empenho  de todos os dias de irrigar a terra fértil e alimentar as comunidades, as vilas e a grande cidade.


Zona "tão distante" de nosso curto imaginário que durante décadas fomos inculcados a cultura de impossibilidade da agricultura em Angola, nem mesmo à volta de cidades (por causa das minhas: uma per capita), tudo para alimentar o bolso com os desvios da importação. 

Tão distante para gente que pensa que a agricultura familiar precisa ser feita com muitos recursos subvencionados pelo Estado magro que já mama na teta do arruinado cidadão. 

Tão longe, Lalama, nas mentes de gente que nas suas cercanias ergueu luxuosos risorts e quintas de fazer turismo para que os exauridos, extorquidos e distraídos com festas de "sempre a subir e tchilar" não descobrissem onde repousam os dinheiros da sua fome e miséria imposta pela falta de patriotismo dos que se colocaram no leme do navio.
Em Lalama, antes terras agrícolas de mamãs "tembuás" sem trabalho em casas de sô ´tor ou funcionários da administração (Catete de Cima, Catete de Baixo, Domingos João, Kinzau, Mazozo, e etecetras), observei um cruzamento de procedências:
- Eme ngangw'Epala-kya-Samba, Kotofe katundu (sou da Kibala vim de Katofe).
- Ame nda kitiwila ko Vye (nasci no Bié)
- A ngivalela ku Kaxikane, ngeza mu sota wengi (nasci em Kaxikane e vim procurar negócio)
- Yami nguli kacokwe. Cihunda ca Nuryeji (Sou procedente de Muryeji, sou kacokwe)

É. Lalama mostra em miniatura o que Angola precisa: mulheres e homens que trabalhem e que digam não à ociosidade e ao furto da banana e mandioca alheia!


Observei atento, o que um (hoje) desconhecido investidor (meu filho disse que só podia ser branco pelo tamanho das edificações) erguera em Lalama. Casa de dois pisos e um miradouro, campos irrigados, no vale do Zenza, pocilgas e casas para "assalariados" ou contratados (escravos camuflados doutra era) que ali trocavam suor por peixe, fuba e cobertor. Bem podiam ser aproveitadas as instalações e revitalizados os campos de produção intensiva e permanente. Mas o fogo da revolução, o "partitudismo" que a "independência trará coisas novas e melhores", tudo derrubou, obrigando as pessoas a começarem do nada.
Também conheci, finalmente, a rodovia que liga Viana-Catete-Kifangondo-Cacuaco-Viana.
Tão próximo, mas também tão distante (para quem não anda)!

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