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domingo, setembro 28, 2014

EU E AS MISS(ES)

Possuir idade entre os 18 a 24 anos; ter habilitações literárias mínimas a 9ª classe; ser natural da província ou residir nela há mais de cinco anos; possuir altura igual ou superior a 1,72m; não possuir tatuagens, piercings ou cicatrizes e partes visíveis do corpo; não ser arqueada, entre outras, são algumas das prescrições para se candidatar ao concurso Miss Provincial.
Uma das questões que tenho ouvido burilar, nestes meus anos de convívio organizacional, tem sido a questão das habilitações, quando na presença de candidatas com maior grau académico (que não redunda sempre no maior nível de conhecimentos), se elege uma candidata que ateste menor grau escolar. Cheguei a perguntar para mim mesmo se o concurso Miss era desfile de certificados de habilitações literárias, uns do “Triângulo do Pau-Grande”, ao Cazenga, ou disputa entre as que melhor sabem desfilar, exalar beleza, saber estar em convívio social, e um maior a vontade quando abordada pela media e outros actores sociais.
Quando se encontra um ponto de equilíbrio  entre a beleza e a formação académica, concorrentes, organizadores, patrocinadores e a assistência saem felizes. Mas não é tudo. Há outros ecos que surgem sempre da montanha, reportando-se ou à cor, mais clareada ou menos do que isso, ou ainda à naturalidade das candidatas.
- Senhor professor, perguntou-me um internauta e atento ao que se passa à volta dos concursos de beleza, uma biena pode concorrer no Bengo?
 - Pode. Respondi. A condição é residir no Bengo há mais de 5 anos ou ser filha de naturais do Bengo.
Felizmente, o jovem não voltou a colocar nenhuma outra questão e terá ido “espalhar a boa nova”. É bom quando se tem a ombriedade de se perguntar, antes de maldizer quem com muito esforço faz algo acontecer. É bom que se respeite o trabalho alheio que nem sempre é fácil como nos parece num julgamento barato. Olhando para dentro, o comité e o júri trabalham semanas com as candidatas e tomam notas de quem pode representar de forma mais condigna a província, qualquer que seja.
O público, apesar de peça fundamental para que a gala aconteça, tem um julgamento sumário. Vê apenas um lado da peça. Apaixona-se pela voz ou pelo corpo. Às vezes nem repara na altura. Chega a eleger a que apenas está a fazer número por expressa vontade ou por questões estratégicas.
Apesar de me parecer estar a entrar em desuso, os concurso provinciais de miss são investimentos avultados e que têm de dar algum retorno, em termos de projecção da imagem  da circunscrição que a elegeu. Espera-se que a detentora  da coroa seja presente e actuante, contribuindo, com o seu charme, na adopção de boas práticas sociais. Uma miss que não mova durante o seu mandato sequer uma palha não é digna de ser coroada. E, infelizmente, exemplos dessa natureza são os que mais temos de sobra.
Espero que este ano seja diferente e tenhamos jovens dedicadas como a Elsa Mualengue da Lunda Sul e a jovem do Kwanza-Sul que passou de Zungueira a Miss e empresária do presente. Esses sim. São exemplos que orgulham as províncias e a Nação.
PAZ, TRABALHO E TOLERÂNCIA.
Pelo ano haverá mais.

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