Se arrependimento matasse nem estaria a teclar estas memórias.
Arrependi-me de andar de taxi (os vulgos azuis e brancos de Luanda). Os motivos prendem-se com a falta de respeito dos cobradores em relação aos clientes/utentes, engarrafamentos, condução perigosa, cobranças arbitrárias, enchentes, mau-cheiro, etc.
E hoje, não devia ser diferente. Se diferiu, foi para o piorio.
Sai de casa as 07h00, a caminho do Alvalade, em serviço. Como não tenho carro e a entidade a quem presto serviço também não tem como me recolher em casa e me devolver a família, não tenho tido outra solução que não passe pelo uso de trajes soft e meter-me à estrada com mochila às costas e aturar os taxistas e suas travessuras.
Comecei por apanhar um candongueiro de Viana à Estalagem, ao preço de cem kwanzas. Seguiu-se outro troço da Estalagem ao Grafanil/Bar, por duzentos kwanzas. O cobrador do mesmo carro avisou que chegaria à FTU, por mais duzentos kwanzas, e postos na tabaqueira acabaria por fazer outra chamada, desta para os congoleses (mercado), por mais duzentos kwanzas. Mas não era tudo: daqui (congoleses) tive de apanhar um outro carro que me levou ao Alvalade/Maianga, por mais trezentos kwanzas... Uff! Já se viu quanto o pobre e honesto trabalhador paga em candongueiros para se chegar ao serviçoo?
E, de regresso, já com menos azáfama do que a registada no periodo da manhâ, tive de desembolsar outros quinhentos kwanzas, do Largo da independencia a Viana...
Se fizermos contas de quanto ganha um técnico e quanto gasta em candongueiros, veremos que mais de 50% do ordenado se dilui nas passagens... Algo está mal. Muito mal. É preciso melhorar a oferta de transportes públicos e fazê-los chegar até lá aonde apenas os azuis e brancos e kupapatas tomam conta da situação.
É preciso educar também os taxistas e pessoas que para eles trabalham. Foi vergonhoso ver e ouvir um jovem cobrador a faltar ao respeito a uma senhora de modos finos. E, pior ainda, foi ver o mesmo cobrador a lutar com um outro jovem passageiro por algo que nem teve pernas para ser considerado um desentendimento. Só mesmo a falta de educação e falta da noção de que está a fazer um negócio e, portanto, a trabalhar para o público que se faz transportar no seu Hiace, o levaram a protagonizar tão ediondas cenas.
Por outro lado, já que os taxis são colectivos, também não seria nenhum disparate se houvesse taxi para quem vai trabalhar limpo e outros para quem vai à pesca ou lavar carros na baixa, pois viajar misturados tem sido um sacrilégio.
- Estará aí a associação dos taxistas de Luanda para ver questões de higiene dos seus associados e comportamento cívico perante os clientes que permitem ter os fogões acesos?
- Estará aí a polícia económica para salvaguardar a questão dos preços praticados por estes aproveitadores?
- Estara ai o INADEC para ver os direitos dos clientes/consumidores desses serviços que são violados volta e meia?
- Quem defende o povo desses monstros sorvedores do dinheiro alheio?
Com esse andar levaremos séculos a sermos País!
1 comentário:
Meu caro. Tudo isso que dizessãosó verdades. Mas também acho q a associação dos taxistas não existem ou nem lhe dão cavaco. Depois como melhorar se eles são assim e quando entregam os documentos ao polícia é sempre com uma nota pelo meio? Como mudar se muitos dos carros pertencem a pessoas que acabam por falar ao telefone copm o polícia? INADEC? Para mim essa istituição é como ONU. Servem apenas para embelezar textos por terem q ser escritas em caixa alta e nada mais. Porque tal como somos maltratados nos taxis, somos envergonhados nos supermercados quando somos travados por um segurança para revistar as compras. Isso também é mau e não está escrito em lado nenhum. Enfim... num país onde até a bandeira da república nos avioes da TAAG está ao contrário nada mais pode surpreender. Mas uma coisa t garanto. Estou mesmo triste e farto destas pessoas que (só) aparecem nessas instituições. Higiéne nos taxis? Nunca... Se sem a higiéne da Av.dos Combatentes se consegue eliminar...
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