Ouvi, numa das televisões de Angola, um artista a dizer que tinha concebido uma obra em que pretendia demonstrar a angolanidade de Mandume Ya Ndemufayo, o rei dos Kuanyamas, tido por uns como “não angolano”.E falei horas a fio com os meus botões sobre a pertinência das atordoadas e da obra que as refuta. Questionei-me se tal acção se podia enquadrar num desmentido ao indesmentível ou simplesmente numa factomania (mania de fabricar factos).
O artista em causa lá teve as suas razões, mas para mim, desmentir que Mandume não era angolano, constitui perda de tempo e explico-me porquê.
Monólogo
1-Mandume estaria interessado em obter cidadania angolana?
Resposta: não havia cidadania angolana, mas sim portuguesa, no tempo em que viveu.
2-Mandume precisava de ir a um cartório e registar-se para ser rei dos Kuanyama?
Resposta: Não! O seu povo o conhecia e o reconhecia. Os próprios portugueses e alemães que cobiçavam as suas terras também o sabiam que ele era o rei dos Kuanyamas.
3- Dizia o artista que muitos dos detractores afirmam que Mandume era namibiano. Como assim se a Namíbia só existe desde 1990 e Mandume morreu em 1917?
Resposta: Andam noutro planeta.
4- Terá Mandume nascido no território que é hoje parte da Namíbia?
Resposta: Pouco iteressa! O espaço geográfico e sócio-cultural dos ovambo se estende do norte do que é hoje a Namibia e Sul do que é hoje Angola.
Resposta: Os reis raras vezes vêm de regiões que não seja a capital do reino. A capital do reino dos Kuanyamas esta/va no território do que é hoje Angola.
6- Valerá tanto assim discutir o local de nascimento do rei Mandume Ya Ndemufayo?
Resposta: Absolutamente NÃO! A sua africanidade e os seus feitos contra a presença colonial/europeia são tão puros e tão nobres que tolo se torna quem os discute.
Luciano Canhanga
Resposta: Absolutamente NÃO! A sua africanidade e os seus feitos contra a presença colonial/europeia são tão puros e tão nobres que tolo se torna quem os discute.
Luciano Canhanga



Encerrou no dia 14 de Agosto de 2009 o primeiro ano lesgislativo do parlamento angolano saído das eleições de Setembro do ano passado.
Narra Manuel Rui, no seu livro “Quem me dera ser onda”, estórias ficcionadas de um porco “Carnaval da Vitória” que no fundo é o retrato dos primeiros anos da revolução angolana, que um determinado suino criado no sétimo andar de um prédio da baixa luandense “comia de um hotel de primeira; nos restos vinham panados, saladas mistas, camarões, maioneses, lagosta, bolo inglês, outras coisas sempre a variar” (RUI, 2000, p. 17), diferente do seu passado nas praias da Corimba onde a ração se resumia em espinhas de peixe...

