Trabalha longe da família há mais de dois anos e meio. O seu posto de trabalho fica a 1000km de Luanda e são duas horas de avião. De tantas idas e retornos, umas em gozo de licença e outras em serviço, viu a mala de viagens cansada. Gasta pelo tempo e pelas cargas e descargas ao avião.
Decidiu trocá-la por outra. Não que fosse de grande valor monetário, mas que aliviasse o sofrimento da antiga companheira que fica agora para o arquivo de livros ainda sem lugar certo.
Decidiu trocá-la por outra. Não que fosse de grande valor monetário, mas que aliviasse o sofrimento da antiga companheira que fica agora para o arquivo de livros ainda sem lugar certo.
O transito de Luanda e o trabalho vespertino/nocturno numa gráfica de Luanda fé-lo chegar tarde à casa. Pediu à mulher que todos os seus pertences imediatos fossem colocados na nova mala e atirou-se para o sono. Chegou a madrugada. Estava na caixa negra com 4 rodas e um cadeado ainda por ensaiar, tudo quanto tinha. Documentos pessoais, dinheiro (trocos), documentos de e do serviço, material de trabalho pessoal e material do serviço, roupas e inclusive a sua alegria de viajar com a nova mala empunhada na mão direita (como ele gosta de fazer referência).
Do Mártir ao Terminal da SAL fez-no num candongueiro (deixou o carro para não criar outros problemas). No terminal, onde colegas das R.P. aguardam os passageiros da companhia saudou e fez-se anunciar. É conhecido (nosso puto, isso dizem os cotas das R.P.) e nem precisou abrir a mala para nele retirar o crachá. Com o talão de embarque na mão, (ou no bolso da camisa amarela?) entregou a mala à pesagem e dirigiu-se seguidamente à sala de embarque (o rapaz do peso garantiu que se encarregaria de pôr a mala no embraier).
Ainda não refeito do sono e do cansaço da jornada anterior experimentou um curto sono sem sucesso (mosquitos famintos tentavam "bifá-lo") até que às 7h30 toca o "sino": Passageiros para... é chegada a hora.
Nas duas horas, aproximadamente, de viagem nem sequer pensou na bagagem. Apenas no trabalho que o aguardava... Tricotavam ideias e prováveis soluções. Sorveu um sumo de maçã e depois pediu um café ao que lhe foi acrescentado um pão com queijo e fiambre.
Terminou a viagem. Está sol aberto, embora com algumas nuvens lá em cima ameaçando chuva em algum lugar qualquer, não muito distante. Descem os passageiros e abre-se o porão. Conta as malas e outras bagagens e o porão se esvazia sem que dela saia a sua "queridinha".
_ "Algo algum" , exclama. A minha mala não veio.
Fazem-se diligências, telefona-se para este e para aquele, sugerem-se pausas.
_"Liga p'ra mim dentro de dez minutos", recomenda-se.
Passam os dez e pedem-se outros trinta minutos. Passam os trinta e vem o "lamento não a vimos. Faz carta para a direcção da transportadora com cópia ao nosso chefe".
Pânico. Mas a calma regressa. Faz-se o rabisco para a direcção da transportadora aérea, com escritório ainda incógnito. Comunicam-se as chefias... Pede-se ao banco a movimentação de valores para contas de dependentes directos (é que até os códigos secretos do banconet, recebidos ontem, ainda nem foram abertos e estão na mala).
"Quando não se conhece o autor pensar em gatuno não é pecado", conselho da tia Maria quibalista, ali no Rangel, nos tempos de undengue.
Diligências feitas, a carta vai dar entrada amanhã, talvez na tal direcção da transportadora e aguardar que encontrem a "querida pretinha de rodas ainda virgens" eventualmente numa paragem qualquer.
Daqui em diante, localizar cópias do B.I. Passaporte e etc. e requerer segundas vias. E não é pouca a papelada extraviada, para não falar dos trapos de última geração.
O personagem sou eu.
Luciano Canhanga
Do Mártir ao Terminal da SAL fez-no num candongueiro (deixou o carro para não criar outros problemas). No terminal, onde colegas das R.P. aguardam os passageiros da companhia saudou e fez-se anunciar. É conhecido (nosso puto, isso dizem os cotas das R.P.) e nem precisou abrir a mala para nele retirar o crachá. Com o talão de embarque na mão, (ou no bolso da camisa amarela?) entregou a mala à pesagem e dirigiu-se seguidamente à sala de embarque (o rapaz do peso garantiu que se encarregaria de pôr a mala no embraier).
Ainda não refeito do sono e do cansaço da jornada anterior experimentou um curto sono sem sucesso (mosquitos famintos tentavam "bifá-lo") até que às 7h30 toca o "sino": Passageiros para... é chegada a hora.
Nas duas horas, aproximadamente, de viagem nem sequer pensou na bagagem. Apenas no trabalho que o aguardava... Tricotavam ideias e prováveis soluções. Sorveu um sumo de maçã e depois pediu um café ao que lhe foi acrescentado um pão com queijo e fiambre.
Terminou a viagem. Está sol aberto, embora com algumas nuvens lá em cima ameaçando chuva em algum lugar qualquer, não muito distante. Descem os passageiros e abre-se o porão. Conta as malas e outras bagagens e o porão se esvazia sem que dela saia a sua "queridinha".
_ "Algo algum" , exclama. A minha mala não veio.
Fazem-se diligências, telefona-se para este e para aquele, sugerem-se pausas.
_"Liga p'ra mim dentro de dez minutos", recomenda-se.
Passam os dez e pedem-se outros trinta minutos. Passam os trinta e vem o "lamento não a vimos. Faz carta para a direcção da transportadora com cópia ao nosso chefe".
Pânico. Mas a calma regressa. Faz-se o rabisco para a direcção da transportadora aérea, com escritório ainda incógnito. Comunicam-se as chefias... Pede-se ao banco a movimentação de valores para contas de dependentes directos (é que até os códigos secretos do banconet, recebidos ontem, ainda nem foram abertos e estão na mala).
"Quando não se conhece o autor pensar em gatuno não é pecado", conselho da tia Maria quibalista, ali no Rangel, nos tempos de undengue.
Diligências feitas, a carta vai dar entrada amanhã, talvez na tal direcção da transportadora e aguardar que encontrem a "querida pretinha de rodas ainda virgens" eventualmente numa paragem qualquer.
Daqui em diante, localizar cópias do B.I. Passaporte e etc. e requerer segundas vias. E não é pouca a papelada extraviada, para não falar dos trapos de última geração.
O personagem sou eu.
Luciano Canhanga
6 comentários:
OH! amiguito, isso não é desgraça,apenas um acidentezito de percurso, acredita. Daqui a uns anitos, tu contarás esse episódio a teus Netinhos com alguma graça. Olha em 1975, cheguei aqui com a minha malita de roupa, uma bonequita e um B.I. ( onde estava escrito, Branca de 2ª). Apanhei o comboio para a terra de meu Pai, ao chegar ao destino apenas tinha a boneca e o BI esquesito. Cada vez que eu apresentava o dito documento, as pessoas olhavam para mim com ar desconfiado, imagina, eu branquerrima, quase transparente, loira e olho azul, branca de 2ª. Na época sofri e chorei muito. Mas Deus ajudou-me muito e sempre. Não tive a minha mala de volta mas tive muito mais do que lá estava. E o B.I. ahahaahah
Esse hoje é uma perfeita anedota!
Até me divirto com a história!
Um abraço e coragem no que tens de enfrentar para obteres a nova documentação. Olha na volta a mala velhinha ficou triste......
Um Beijito
São
Olá, companheiro. Trabalho tb em aviação e essas coisas por vezes acontecem, pelo que para já o chamares de desgraça é um pouco de desespero "muito cedo". A questão é: tem consigo o canhoto que comprova ter despachado a mala? (Não q duvide do quanto o tenha feito, mas nestas horas isso legitima reclação, basta fotocopiar e juntá-lo ao "dossié"). Outra questão: Na hora de perfilar a bagagem na placa, amigo identificou, para cumprir aquele chato procedimento de confirmar para que seja enfiada no porão? E para as próximas vezes, não seria mais aconselhável, amigo,ter consigo os documentos à mão, nem seja no bolso da calça ou casaquete qualquer?
Sei que não é hora de lhe encher com perguntas, mas como amigo, não resisti a levantar o outro ângulo da coisa, enquanto ao mesmo tempo lhe desejo coragem... Eu próprio levei quase um ano para conseguir a carta de condução, 6 meses para o BI, 2 meses para o passaporte...
"Não importa quão longa seja a noite, pois a manhã acabará sempre por chegar".
OBRIGADO CAROS PATISSA E SÃO PELO ENCORAJAMENTO.
rESPONDEREI ÀS PERGUNTAS DO PATISSA USANDO OUTRO CANAL. POIS NÃO PRETENDO DENUNCIAR PÚBLICAMENTE A TRANSPORTADORA, MUITO MENOS A FORMA COMO SE PROCESSA O DESPACHO DE BAGAGENS.
UM ABRAÇO A TODOS.
ola Luciano
tenha calma, muita calma homen, a subtil transferencia de recursos dos "sortudos" para os menos sortudos leva a estas coisas. nao se preocupe com isso, acho que sua pre-ocupacao (jornalismo)pode muito bem pagar pelo desconforto.
quanto ao jogo que ganhe o melhor, obviamente que o melhor seje o meu sagrada, mas se o libolo ganhar justamente tarei aqui para parabenisa-lo coisas do desporto
ha da proxima vez que bazar para o "soyo" esqueca os protocolos da SAL use mesmo o domestico e voa pela taag que e mas confortavel e sua bagagem nunca desapareceria simplesmente seria somente posta de dieata.
Abraco fraterno e solidario
Kashuna Andre
errata
simpleste seria posta ...
le
K.A
Mas que grande chatice! Amigo Canhanga, tem a minha solidariedade. Felizmente nunca me aconteceu tal coisa, mas pode vir-me a acontecer (o diabo seja surdo...). O ideal seria que a sua mala acabasse por aparecer, mas os milagres nem sempre acontecem, infelizmente. Um abraço.
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