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terça-feira, junho 03, 2008

ESTRADAS BIENAS: ENQUANTO SE ESPERA APENAS POEIRA E DESALENTO


Já dizia o poeta maior que "eu já não espero, sou aquele de quem se espera". Fazendo fé nas proféticas palavras de Neto, a juventude do Kuito parece algo inconformada pela "lentidão" na reposição de alguns serviços essenciais. Faltam o ensino Superior, as estradas asfaltadas, o comboio e a reabertura do aeroporto, só para citar algumas carências mais à mão.

Na cidade do Kuito notam-se algumas pequenas melhorias, no que tange à reabilitação das faixadas mais atingidas pela guerra, mas a empreitada ainda nem está ao meio. Os interiores ,também seriamente danificados, aguardam a sua vez.

Reasfalta-se a Rua Joaquim Kapango, mas lá pelo Kunje são os buracos que tomam conta da situação. Nas proximidades da Cadeia, isto é, entre o mercado do Chossindo e a cidade, uma ravina cortou a estrada e a reparação tarda em chegar.

A energia eléctrica já ilumina as ruas, mas em muitas casas ainda reina a escuridão. A água tarda em chegar às torneiras, apesar de estarem por aí muitos rios. Os aviões devem colar e descolar este mês, a fazer fé nos pronunciamentos do director das obras públicas, aqui nesta página publicadas, mas o que se ouve é que a data da abertura foi dilatada.

O comboio, ai o comboio! Ainda nada! Nada mesmo.

Fui ao Kunje ver o que resta das antigas carruagens de carga. Apenas saudade de um tempo que a juventude de hoje nem tem memória. Quem dele reclamam são os velhos que nele viajaram e que sabem quanta falta lhes faz. Os jovens querem mesmo é que se acelere a reparação da estrada Kuito/Huambo, transformada hoje num caldeirão de poeira.

Quem vai ao Huambo (150km) resolver um assunto administrativo tem de ir um dia antes, pois terá de arranjar um sitio para tomar um banho e mudar de roupa. "De branco nem vale a pena viajar", desabafou Nuno Mango, 31 anos, natural do Kuito.

São essas coisas que desanimam quem se julga ter perdido a paciência. "No Huambo a vida já é outra e também sofreram como nós", outro desabafo de um companheiro de viagem num Toyota Corrolla sem ar condicionado e quem não podia manter os vidros baixos. Entre o calor a a poeira há sempre que escolher um mal menor.

E agora que o município do Kuito consta dentre os que têm já as finanças descentralizadas, a juventude olha para o Camarada Moisés, administrador municipal, também ele um jovem, como a tábua de salvação.

Luciano Canhanga

1 comentário:

Anónimo disse...

Texto publicado pelo semanário angolano Cruzeiro do Sul na sua edição referente a 21-28 de Junho de 2008.