Translate (tradução)

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Os nossos Malogrados

Os Nossos Malogrados

Aprendi que morrer é morrer. Partir para não mais voltar. Por isso mesmo, sempre doloroso, independentemente de quem se vai.

Aprendi também, vendo e ouvindo, ao longo dos trinta ciclos que carrego, que há mortes que deixam todos estarrecidos, pesarosos, porque o finado parte forçado. Filhos por fazer, casamento por consolidar, curso superior por terminar, frutos por colher, enfim. Diz-se que foi puxado pelo Diabo e é por isso um malogrado. O malogrado Pedro de Menezes, por exemplo.

Para além desses há os que até dão trabalho à família. Retirá-los do quarto de dormir para o quintal para apanharem o sol, lavá-los, enfim. Depois de longa vida vivida tornam-se novamente bebés. Já se formaram no que pretendiam, trabalharam o que deveriam, procriaram quanto queriam e inclusive já “viuvaram” os próprios filhos, etc., etc. Numa só palavra, “já deram o litro”. É o caso do nosso “malogrado Mesquita”.

Quis a media pública, por ignorância do termo ou por excesso de pesar, dizer, e disse mesmo, nas suas edições que o finado locutor e professor de locução Mesquita Lemos, foi um malogrado, morrendo aos 93 anos. Que malogro!

Intrigado e preocupado com o ensino das novas gerações que aprendem tudo pelo que ouvem ou lhes é dado a ver pela Televisão, fui ao dicionário para tirar dúvida e esclarecer.
Malograr, diz o dicionário enciclopédico alfa, editado em 1992, é: perder-se cedo de mais, prematuramente.

Talvez num país como o nosso onde se morre aos quarenta anos os noventa e três de Mesquita tenham sido poucos. Se assim for, a minha mão à palmatória.


Por: Soberano Canhanga/ 20 Fev.06

2 comentários:

Anónimo disse...

É verdade. O espanto, maio r do que a falta de informação sobre Flávio Fernandes na imprensa, é mesmo o facto de todos eles se terem ido embora em datas especiais, mesmo como que a mostrarem que "JAMAIS SERÃO ESQUECIDOS".
Tia Lourdes no dia 4 de Janeiro puxou um deputado para ir vom ela, Beto Gourgel no dia 25 de Janeiro, levou uma deputada. Serra Vandunem no dia 4 de Fevereiro (parece que foi sozinho, até porque ele erea general e não tinha medo de seguir sozinho). Depois veio (ou foi) a vez de Flávio Fernandes que de tão mau que era, ninguém falou dele e ainda por cima levou o "malogrado" Mesquita. Vamos seguir em frente e esperar pelas surpresas dos feriados. Como será que vamos receber a notícia de quem morrer no dia 1 de Abril?

Anónimo disse...

Apenas por acaso passei aqui e dou com "Os Nossos Malogrados"... Pois esse Senhor Mesquita Lemos é meu tio avô! Por isso fiquei muito sensibilizada! Obrigada!
Manuela