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domingo, agosto 08, 2021

O LIFUNE QUE RASGA O BENGO

Encaixado, quase à força, entre paredes rochosas e montanhosas, no seu curso montante, corre sem pressa, pelas matas virgens interiores até afogar-se no Atlântico, qual casal cansado e saciado de coito prolongado.

O seu leito rochoso é facilidade para as travessias e o surgimento de algas que alimentam cardumes. Vimo-los deleitando-se com dendém e enchidos levados de Luanda para tentativa de pesca lúdica, espraiando-se ao sol de meio-dia.

O Lifune é vida!

Nos curtos rápidos e escarpados, suas águas sussurram gemidos melodiosos, ejaculando sêmenes-sementes em paradisíacos ilhéus férteis e sombrios do médio rio. É o Lifune, cujas margens verdejantes, estão repletas de húmus que alimenta a selva fechada com árvores grossas, frondosas e desejosas de beijar o sol. É nessa densa floresta, outrora acolhedora de destemidos guerrilheiros contra a presença colonial, que se desenvolve a agricultura. É desse mato fechado que sai a banana, a mandioca, a jinguba, o milho, o dendém, o maluvu[1] e a cana com que se fabrica lungwila[2].

Na Lunda, perto de Saurimo, há outro rio, o Lufune, quase homógrafo, que é menor no caudal e na ousadia. Mas tem ngandu também e dá nome à aldeia de Ngandu Lufune kexi kunyonga[3]

 



[1] Vinho de palma.

[2] Aturem-me.

[3] Jacaré assassino e irracional


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