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domingo, março 25, 2018

ENE AKWETU, KALUNGI

Mangodinho, há semana e meia que estava dividido entre desenvolver novas ideias e materializar o que havia planificado fazer depois que regressou de curta estada em terra dos dâmaras.
- Pensar e não fazer é o mesmo que não pensar. As pessoas querem mudanças, querem movimento, querem pragmatismo, acção prática e nada de simples retórica. Estão fartas de simples elementos em potência. - Argumentou em surdina.
Porém, uma nova deslocação para a rainbow nation fê-lo, de novo, voltar às analogias e novos pensamentos. Em cada espanto, positivo ou negativo, regressa à banda e faz comparação. Foi assim quando viu um bangoso turista que calçava límpidos "londindi". Assim também foi ao avistar uns guetos de JoBo, que vistos a mais de quinhentos metros de altitude se pareciam ao nosso Ngwanyá ou Fubú.
- Epá, aqui também há resquícios da segregação. - Disse, a olhar para Soma Kevela com quem divida acentos no pássaro de metal.
- Sim, companheiro. Ainda têm uns guetos é sempre tiveram. Mais ontem do que hoje. Mas eles têm água e luz e até números nas portas. - Explicou Kevela, o resiliente.
Postos no hub de JoBo, Mangodinho, pensamento só no NAIL que se quer semelhante ao Oliver Tambo Air Port, aonde convergem várias rotas africanas, asiáticas, europeias e americanas.
- E fizeram-no aqui fora da capital Pretória? Ai se fôssemos nós! E se o NAIL fosse no Huambo, Katumbela ou Lubango?
As perguntas continuaram. Umas oralizadas outras apenas "no coração". Conteve-se. Até porque Kevela estava a ler a revista Sawubona que ele, Mangodinho, traduziu automaticamente para "Kalungi", o mesmo que "Olá-como-está" dos tugas bem dispostos. Ficou a exercitar os seus vastos conhecimentos linguísticos bantu e fez uma lista de saudações-tipo a que pretende sugerir a comunicadores institucionais da Ngimbi para suas revistas.
- São ideias. Apenas ideias que valem o que não valem. Mas, Menekenu do Ucokwe e Kalungi do Umbundu são já meus títulos de revistas e faço o registo imediato logo que chegue. - Verbalizou de forma audível, mesmo não tendo companhia no monólogo. Ainda há mais horas por voar até ao destino. Entre trepidações da máquina "arrastada" pelas correntes densas do Índico-Atlântico, Mangodinho pergunta-responde, como se saúda e se retribui.
-Kalungi?
- Kuku!

Publicado no jornal Nova Gazeta a 08 de Fevereiro e 10.05 de 2018

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